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Lula estimulou petrolão após descoberta do pré-sal, diz Palocci

Ele declarou a Sergio Moro que, a partir da descoberta de reservas de petróleo, petista estimulou diretores da Petrobras a acumularem 'reservas partidárias'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 20h37 - Publicado em 6 set 2017, 21h30

Além de citar um “pacto de sangue” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Emílio Odebrecht por um “pacote de propinas” ao petista, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci disse ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta-feira que o petista não só tinha conhecimento da corrupção na Petrobras como, a partir da descoberta do pré-sal, passou a estimular o esquema.

Palocci relatou a Moro que em 2007, antes da descoberta das reservas de petróleo e após a reeleição de Lula, o petista havia manifestado preocupação com a corrupção na Petrobras. Incomodavam o ex-presidente, particularmente, conforme o ex-ministro, irregularidades nas diretorias de Serviços, então comandada por Renato Duque, indicado pelo PT, e de Abastecimento, feudo do PP ocupado à época por Paulo Roberto Costa.

“Ele falou que estava pensando em tomar providências, não estava gostando porque a coisa estava repercutindo de forma muito negativa. Mas logo após veio o pré-sal e o pré-sal pôs o governo em uma atitude muito frenética em relação à Petrobras. Esses assuntos de ilícitos e de diretores ficaram em terceiro plano, as coisas continuaram correndo do jeito que era”, contou Antonio Palocci.

De acordo com o ex-ministro, os investimentos atraídos pela descoberta frearam a intenção do ex-presidente em agir contra o esquema. “Ele até chegou a encomendar que os diretores a partir daí fizessem mais reservas partidárias”, afirmou Palocci.

Ao magistrado, que já condenou ele e o ex-presidente na Lava Jato, Antonio Palocci relatou a reunião na qual, pela primeira vez, Lula teria tratado abertamente da ideia de transformar projetos de exploração do pré-sal em dinheiro para campanhas do PT. O suposto encontro teria acontecido em meados de 2010, na biblioteca do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília, e contado com as presenças do então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de Lula e Palocci.

“O presidente falou: ‘eu chamei vocês aqui porque o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, é o que vai nos dar combustível para um projeto político de longo prazo. Vai pagar as contas nacionais, será o grande financiador das contas nacionais, dos grandes projetos do Brasil e eu quero que o Gabrielli faça as sondas pensando nesse grande projeto do Brasil. O Palocci está aqui, Gabrielli, para lhe acompanhar nesses projetos para que tenha total sucesso e para que ele garanta que uma parcela financie a campanha dessa companheira aqui, a Dilma Rousseff, que eu quero ver eleita presidente do Brasil’”, afirmou o ex-ministro a Sergio Moro.

Segundo Antonio Palocci, Gabrielli ficou “constrangido” com a encomenda de Lula e disse a ele que seria “muito difícil fazer o que o presidente tinha pedido”. Isso porque os contratos da Sete Brasil com empreiteiras brasileiras, sem tanta experiência na construção de sondas, não teriam margem para pagamentos de doações eleitorais.

Por essa razão, conforme o ex-ministro, apenas empresas estrangeiras, como o estaleiro Keppel Fels, cuja expertise na área era maior, desembolsaram recursos ilícitos ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

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Defesa

A assessoria de Lula afirma que as acusações de Antonio Palocci são falsas e só podem ser compreendidas como tentativa de se livrar da prisão, dizendo o que o Ministério Público Federal deseja. O ex-ministro negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.

“A história que Antonio Palocci conta é contraditória em relação a outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sergio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula”, diz nota assinada por Cristiano Zanin Martins, defensor do petista.

De acordo com a defesa, o ex-ministro repete o que ocorreu com Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que também confirmou ao MPF que o tríplex do Guarujá estava reservado a Lula e era fruto de propinas por contratos na Petrobras. “Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender, como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público para obter redução de pena e que, no processo do tríplex, foi de Léo Pinheiro”, afirma.

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