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Lula é levado pela Polícia Federal para depor na 24ª fase da Lava Jato

Nova fase da operação foca ex-presidente, além de Marisa Letícia, sua esposa, filhos e amigos do ex-presidente da República

Por Rodrigo Rangel, Laryssa Borges e Felipe Frazão, de Brasília
4 mar 2016, 07h13

Um dia depois de o governo Dilma Rousseff ter sido atingido pela delação premiada do senador Delcídio do Amaral, a Polícia Federal fechou o cerco contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é alvo de um mandado de condução coercitiva expedido pelo juiz federal Sérgio Moro na 24 ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta sexta-feira.

Lula é investigado por suspeita de ter recebido vantagens indevidas durante o mandato. Na 24ª fase da Lava Jato, batizada de Aletheia, as suspeitas são de que o sítio Santa Bárbara, utilizado pelo ex-presidente e pelos familiares em Atibaia (SP), tenha sido comprado e reformado com dinheiro de empreiteiras envolvidas no cartel da Petrobras. O petista foi levado pouco depois das 7 horas da manhã no cumprimento do mandado de condução coercitiva. Por questões de segurança, o local do depoimento de Lula não será confirmado por ora.

A nova fase da operação mostra que a Polícia Federal não se intimidou com a ameaça feita pelo governo Dilma ao trocar o comando do Ministério da Justiça. Wellington César assumiu o cargo nesta quinta-feira no lugar de José Eduardo Cardozo, que reclamava de tentativas de interferência de setores do PT para que barrasse as investigações da força-tarefa da Lava Jato, que se aproximavam perigosamente do ex-presidente.

Quando Lula deixou o governo, em 2011, seus pertences e de seus familiares foram levados para o sítio de Atibaia, como mostram documentos e um testemunho obtidos por VEJA. Arquivadas na Presidência da República, as ordens de serviço e notas fiscais de uma das transportadoras pagas pelo governo para fazer o trabalho mostram que a mudança de Lula foi levada de Brasília para ao menos três endereços em São Paulo: o apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo, um depósito na capital paulista e o sítio em Atibaia.

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Nesta 24ª fase da Operação Lava Jato, há mandado de condução coercitiva também contra o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Não há mandado de condução coercitiva contra a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Os pedidos do Ministério Público para deflagrar a fase ostensiva da 24ª fase foram feitos nos dias 20 e 22 de fevereiro.

A PF cumpre ao todo 44 ordens de Sérgio Moro: onze conduções coercitivas e 33 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao petista, como o próprio Instituto Lula e imóveis em São Bernardo do Campo, cidade onde mora o ex-presidente, Atibaia e Guarujá (SP), onde o petista e a mulher tiveram um tríplex reformado pela OAS.

A PF informou que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. Também há mandados judiciais em Salvador, Rio de Janeiro, além de Diadema, Santo André e Manduri, todas em São Paulo.

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Ao longo da semana, para tentar conter a sangria em sua imagem política, Lula recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo e obteve um habeas corpus para evitar que fosse levado contra vontade a depor no inquérito que o Ministério Público de São Paulo abriu para apurar a transferência de empreendimentos da cooperativa Bancoop para a OAS, entre eles o tríplex reformado ao gosto de Marisa Letícia. O promotor responsável pelo caso, Cássio Conserino, disse que já tem elementos para denunciá-los por ocultação de patrimônio, conforme revelou VEJA.

Em Curitiba (PR), sede da Lava Jato, o foco são suspeitas de vantagens indevidas de empreiteiras ao petista. No Judiciário, o ex-presidente tenta falsamente associar as investigações ao que considera um “achincalhamento público” de sua imagem, embora os procuradores da força-tarefa da Lava Jato tenham recolhido indícios suficientes contra ele.

No final de janeiro, a 22ª etapa da operação, batizada de Triplo X, já havia atingido o petista. Na época, o Ministério Público Federal anunciou uma varredura em todos os apartamentos do condomínio Solaris, em Guarujá, onde a enrolada empreiteira OAS, investigada por participar do petrolão, assumiu a construção dos imóveis por causa das fraudes na Bancoop, que é ligada ao PT. A cooperativa deu calote em seus associados enquanto desviava recursos para os cofres do PT, quebrou em 2006 e deixou quase 3 000 famílias sem seus imóveis, enquanto petistas graúdos, como o ex-presidente Lula, receberam seus apartamentos. Embora oficialmente a fase estivesse focada nas atividades criminosas do escritório de São Paulo da empresa Mossack Fonseca, que providenciava a abertura de offshores e tinha contas no exterior para esquemas de lavagem de dinheiro, a relação do ex-presidente Lula e de seus familiares com um tríplex reservado a eles pela construtora OAS também era investigada pela Polícia Federal e pelos procuradores da Lava Jato.

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