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Liliane Roriz: “Sempre fui a ovelha negra da família”

Irmã de Jaqueline Roriz e filha de Joaquim Roriz, deputada distrital quer se desvincular das denúncias envolvendo seus parentes para tentar salvar carreira

Por Luciana Marques
24 mar 2011, 18h22

O pai, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), está mergulhado em denúncias de corrupção provenientes da época em que governava o Distrito Federal. A mãe, Weslian Roriz (PSC), foi um fracasso nas urnas após substituir o marido, que desistiu da candidatura. A irmã, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN), ganhou as manchetes após ter sido flagrada em vídeo recebendo um maço de dinheiro do operador do mensalão em Brasília, Durval Barbosa, que admite ser de caixa dois. A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) não quer se desvincular dos laços familiares. Mas sabe que, para tentar salvar sua carreira política, deverá seguir um rumo diferente. Festeira e independente na juventude, a outrora rebelde adolescente agora evita ao máximo que as acusações contra sua família respinguem sobre ela.

A tarefa não será nada fácil. O Ministério Público entrou com uma ação nesta semana contra as três filhas de Roriz – Liliane, Jaqueline e Wesliane -, acusadas de receber apartamentos em 2006 em troca de favorecimento de uma empreiteira. Com a possibilidade de cassação de Jaqueline Roriz no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, a caçula Liliane pode ser a única herdeira política da família. A primogênita, Wesliane, quer distância do poder.

Na tarde desta quarta-feira, a deputada distrital falou por quase meia hora ao site de VEJA em seu gabinete na Câmara Legislativa. Católica fervorosa como a mãe, segurava um terço e não tirava os olhos do relógio, preocupada. Assim que ouviu o sinal para o início da sessão no plenário, interrompeu a entrevista e saiu correndo. “Não posso chegar atrasada, pega muito mal”, justificou.

A senhora pretende romper com o histórico de corrupção da sua família? Eu me preparei muito para entrar na política e quero fazer da vida pública uma satisfação. Farei um caminho novo, pode ter certeza. Sempre fui a mais rebelde da família, sempre fui a ovelha negra, sempre fiz aquilo que quis. Mas eu sou Roriz. Tenho que pegar as lições da família e aquilo que foi errado tenho que deixar para trás. Não posso trazer para mim aquilo que não foi bom, todo o político comete erros.

Mas o Ministério Público acusa a senhora e sua filha, Bárbara Roriz, de terem recebido dois imóveis em troca de favorecimento a uma empreiteira em 2006. Já fui a todos os cartórios para comprovar que os imóveis não estão no meu nome, nem no da minha filha. Podem investigar, minha vida é um livro aberto. Não tenho nada a esconder, não tenho medo nenhum. É um contrato de gaveta que desconheço, nunca estive neste apartamento. Na situação em que a Jaqueline está é normal haver algum desdobramento na imprensa. Mas não venham trazer o foco dos problemas do meu pai e da minha irmã para mim.

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Como as recentes denúncias estão afetando sua família? É muito triste envolver os netos de Roriz nesta questão. É muito ruim tratar nossa família como o “clã Roriz”, como se a gente fosse assassino. Isso abala, é muito difícil.

Qual a sua relação com Jaqueline Roriz? Cada uma é de um jeito. Cada uma pensa de uma forma diferente. Estou feliz com o que estou fazendo. Tenho uma ótima relação com ela, sou muito carinhosa com as pessoas. Mas nunca acompanhei Jaqueline em sua campanha. A minha filha na época tinha 12 anos e eu não poderia entrar na política porque estava envolvida em sua educação.

Carregar o sobrenome Roriz pesa muito? Não vejo problema em carregar o nome do Roriz porque ele foi um homem que trabalhou muito por Brasília. Tem o ônus e o bônus, mas ele cumpriu o papel dele como político de ajudar a quem precisa. Tenho me preparado há muito tempo para entrar na vida pública, não foi algo sem pensar. Mesmo porque eu não tinha o apoio do meu pai, já que a política traz muito sofrimento. Mas eu vejo isso como uma missão.

Já pensou em trocar de sobrenome? Não vejo por esse lado. O presidente do Senado, José Sarney, não tem muitos filhos que têm envolvimento político? Não vejo problema em você ter nascido em uma família envolvida na política. Eu acompanhava meu pai quando ele era governador, conheço tudo.

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A senhora é a sombra do seu pai? Não, eu quero cumprir outro papel para uma geração diferente. Na época em que meu pai foi governador havia uma demanda por moradia. Pode ter tido algum erro de assessoria na distribuição dos lotes, porém ele quis fazer isso. Agora é preciso dar condições para as pessoas sobreviverem, que é o emprego.

Por isso não se filiou ao PSC, partido dos seus pais? Eu tenho pensamento próprio. Filiei-me ao PRTB porque é uma legenda nova e quero crescer junto com o partido. Cada um no seu caminho, eu escolhi o partido que queria.

A senhora já se encontrou com Durval Barbosa? Jamais, só o vi em festas sociais. Vídeo meu não há.

Recebeu recursos de caixa dois para campanha eleitoral? Nunca. Mas é preciso reformular esta questão das doações de campanha, fazer uma reforma política. Financiamento público é uma saída.

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Em quem a senhora se inspira na política? No senador Aécio Neves. Ele é da vanguarda e faz o que quer. Também sou fã da presidente Dilma Rousseff porque é mulher e determinada. Eu me arrependo de não ter votado nela. Não sei se chego onde Dilma chegou, o futuro vai dizer. Quando você entra na política, quer sempre dar um passo mais à frente.

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