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Juiz diz haver indícios de que Lula queria calar Cerveró

Ricardo Leite agendou para o dia 17 de fevereiro o depoimento de Lula no processo em que é acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 out 2016, 18h02

O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do DF, disse nesta quinta-feira haver indícios de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Operação Lava-Jato, tinha interesse em silenciar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e garantir que o ex-dirigente não tornasse público o esquema de pagamento de propina e fraude em licitações perpetrado na estatal. Segundo o magistrado, delações premiadas e provas colhidas ao longo do processo mostram haver evidências de que o petista tinha pleno conhecimento do petrolão e teria atuado para que as irregularidades na empresa não viessem à tona.

Leite agendou para o dia 17 de fevereiro o depoimento do ex-presidente Lula, do senador cassado Delcídio do Amaral e do banqueiro André Esteves no processo em que respondem por tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato e impedir um acordo de delação premiada de Cerveró. Em despacho desta quinta-feira, Leite determinou que a partir das 10 horas da manhã do dia 17 sejam inquiridos Lula e os demais denunciados. Também são alvo da ação o pecuarista José Carlos Bumlai, o filho dele, Maurício Bumlai, o advogado Edson Ribeiro, que atuou na defesa de Cerveró, e o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira.

As investigações contra Lula neste caso tramitam em Brasília após decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os indícios contra o petista está a delação premiada do ex-senador Delcídio, que afirmou que tentou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a pedido do ex-presidente petista. Com as informações, o procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que “se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves”.

No despacho em que agenda o depoimento de testemunhas, Ricardo Leite desconstruiu a argumentação da defesa de Lula e diz que a acusação não pode ser resumida a um simples desejo de vingança de Delcídio contra Lula. “Há sim lastro probatório suficiente a embasar sua participação na suposta compra do silêncio de Nestor Cerveró, tendo Delcídio indicado em seu depoimento como se davam as entregas de dinheiro proveniente de Bumlai, bem como que os diretores nomeados da Petrobras passariam pelo crivo pessoal do Presidente da República, que sabia da partilha monetária ilícita entre partidos, bem como da propina destinada a empresários”, relatou. Segundo ele, completam o rol de provas contra Lula registros de encontros no Instituto Lula e o depoimento do operador Fernando Baiano, que detalhou a atuação do ex-presidente em benefício da Schahin em um contrato de navios-sonda com a Petrobras.

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“Estas circunstâncias acenam, pelo menos em princípio, de que Luiz Inácio sabia de ilícitos anteriores praticados no âmbito da referida estatal, e que, portanto, tinha o interesse em calar Nestor Cerveró”, resumiu o juiz.

Gravações feitas pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, mostram Delcídio negociando o pagamento de 50.000 reais mensais à família do ex-dirigente e até a fuga do ex-diretor para fora do país. Paralelamente, investigadores atribuíram ao banqueiro André Esteves o papel de bancar a mesada à família de Cerveró e pagar outros 4 milhões de reais ao advogado Edson Ribeiro, que atuava na defesa do ex-diretor e trabalhava para impedir a delação premiada. Os depoimentos do ex-senador em colaboração com a Justiça, porém, apresentaram uma nova versão para os pagamentos. Foi a partir dessas revelações que os indícios contra o ex-presidente Lula ficaram mais robustos.

À Justiça e ao Ministério Público, Delcídio afirmou que Lula tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu pessoalmente para barrar as investigações, ordenando que o ex-diretor da Petrobras fosse silenciado com propina. Também em delação, o senador atribuiu à ex-presidente Dilma Rousseff pleno conhecimento dos problemas da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, transação permeada pelo pagamento de propinas, além de ter tentado aparelhar o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir a liberdade de grandes empreiteiros presos por ordem do juiz Sergio Moro.

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