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Falta um ano para as eleições de 2018; o que mudou em 4 anos?

A um ano da disputa de 2014, a Lava Jato não existia, Dilma era presidente, Lula não era acusado de nada, Aécio era aclamado e Doria apresentava talk show

Por Da Redação
Atualizado em 6 out 2017, 18h48 - Publicado em 6 out 2017, 10h49

A partir deste sábado (7), o Brasil começará a contagem regressiva de um ano para a eleição presidencial de 2018, aquela que pode ser uma das mais emblemáticas da história e que irá apontar quem será o responsável por tentar devolver alguma estabilidade política a um país marcado por sobressaltos dos mais variados, que deixaram em frangalhos a classe política.

Em 2013, faltando o mesmo um ano para a eleição presidencial de 2014, o país era outro: acabava de sair da sacudida provocada pelas gigantescas manifestações que tomaram conta das ruas em junho, mas havia um cenário econômico razoável, o país vivia a expectativa de sediar dois dos maiores eventos do mundo – Copa e Olimpíada – e as principais lideranças políticas não tinham sido tragadas pelo furacão da Operação Lava Jato, que nem existia.

Foram quatro anos que abalaram politicamente o país, com as investigações sobre corrupção e financiamento eleitoral atingindo em cheio os maiores partidos – PT, PSDB e PMDB – e algumas de suas principais lideranças (o petista Luiz Inácio Lula da Silva e o tucano Aécio Neves à frente). Também levou ao traumático de Dilma Rousseff (PT) e sua substituição por Michel Temer (PMDB), que rapidamente se tornou o primeiro presidente investigado por crime comum no cargo e o detentor da mais baixa popularidade na história – 5%, segundo o último Datafolha, se animam a elogiar seu governo.

Veja o que mudou desde 2013:


LAVA JATO

Joaquim Barbosa e Sérgio Moro
Joaquim Barbosa, o juiz do Mensalão, escândalo da época em 2013, e Sergio Moro, o juiz da Lava Jato (Evaristo Sa/AFP; Heitor Feitosa/VEJA.com)

2013

Não existia. O principal escândalo de corrupção do país ainda era o Mensalão, revelado em 2005. Em novembro daquele ano, aliás, o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), então o símbolo da ofensiva anticorrupção, mandaria prender os primeiros condenados no esquema, entre eles o ex-ministro José Dirceu, o presidente do PT, José Genoíno, o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, o mentor do esquema, Marcos Valério, e o homem que trouxe toda a lama à tona, o deputado federal Roberto Jefferson, então no PTB.

2017

A Operação Lava Jato se tornou a maior investigação sobre corrupção da história do Brasil, colocou na berlinda os principais partidos políticos do país e se tornou o tema número 1 da política nacional. Só em Curitiba, onde despontou o novo herói da luta contra a corrupção, o juiz Sergio Moro, foram 213 prisões e 107 condenados pela operação, incluindo outrora poderosos, como Lula e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).


DILMA ROUSSEFF (PT)

Dilma Rousseff (PT), ainda popular, na campanha que a levaria à reeleição; hoje, cassada (Evaristo Sá/AFP)

2013

Apesar dos protestos que tomaram as ruas do país em junho de 2013, a então presidente tinha, segundo a última pesquisa Datafolha (agosto daquele ano), 36% de ótimo/bom, 42% de regular e apenas 22% de ruim/péssimo. Era a favorita entre os pré-candidatos à Presidência, tanto que seria reeleita um ano depois.

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2017

Deveria ainda estar no cargo – seu mandato só terminaria em dezembro de 2018 –, mas foi cassada em agosto de 2016, já com o país em meio a uma grave crise política e econômica. A última pesquisa Datafolha com ela no cargo mostrava o derretimento do apoio popular: apenas 13% de ótimo/bom, 24% de regular e 63% de ruim/péssimo.


AÉCIO NEVES (PSDB)

Aécio Neves é aclamado presidente do PSDB em 2013; em 2017, recolhido em casa, investigado por corrupção e com o mandato suspenso (Ailton de Freitas/Agência O Globo e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

2013

Em maio daquele ano, foi consagrado presidente nacional do PSDB com 97% dos votos dos delegados em um encontro que reuniu quase 5.000 militantes em um hotel de Brasília. Sua ascensão ao topo do partido contou com a benção de caciques tucanos como Fernando Henrique Cardoso e José Serra e de aliados como DEM e PPS e praticamente o lançou candidato a presidente da República em 2014, quando foi ao segundo turno e quase derrotou Dilma Rousseff (PT).

2017

Foi tragado pelas delações de Joesley Batista e outros executivos da JBS, flagrado em áudio pedindo dinheiro ao empresário e afastado da presidência do partido e de seu mandato no Senado – decisão que abriu a mais recente crise política entre o Congresso e o STF – e proibido de sair de casa à noite. Chegou a correr o risco de ser preso, escapou, mas viu sua irmã e braço-direito Andrea Neves ficar ao menos um tempo na cadeia. É carta fora do baralho para a eleição de 2018.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT)

Lula, antes e depois
Lula, quando usava sua popularidade para eleger Haddad em São Paulo; e em 2017, depondo a Moro (Anadolu/Getty images/Reprodução)

2013

Passou ileso pelo Mensalão, apesar de muita gente do PT estar envolvida até o pescoço, inclusive o seu chefe da Casa Civil, José Dirceu, e não tinha nenhum inquérito ou ação judicial contra ele. Mesmo fora do cargo, gozava de alta popularidade – um ano antes, como fizera com Dilma, havia tirado Fernando Haddad da cartola e o levado à Prefeitura de São Paulo. Alguns setores do partido, da sociedade e do mercado, inclusive, defendiam sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2014, no lugar da então presidente.

2017

Está enrolado com a Justiça até o pescoço. Tem três inquéritos e seis ações penais contra ele, todas com acusações de corrupção durante os seus dois mandatos, envolvendo, principalmente, relacionamentos suspeitos com empreiteiras como Odebrecht e OAS. Já foi condenado em um processo, o do tríplex do Guarujá, a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mas, caso seja novamente condenado, pode ser impedido de ser candidato em 2018, apesar de já estar em campanha nas ruas.

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MICHEL TEMER (PMDB)

Michel Temer (PMDB), quando ainda era só um vice decorativo; hoje, é presidente acusado de corrupção (Adriano Machado/Evaristo Sa/AFP)

2013

Embora tivesse alguma influência no PMDB – partido do qual era presidente licenciado – e, com isso, tenha conseguido manter a vaga de na chapa de Dilma Rousseff em 2014, era apenas um “vice decorativo”, como ele mesmo chegou a se definir em carta endereçada à presidente em dezembro de 2015,  prenúncio do rompimento que viria.

2017

Tomou o cargo de Dilma – segundo ela, tramando a queda nos bastidores com o apoio do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) –, mas vive o pior momento de seu governo, denunciado por corrupção passiva, formação de quadrilha e obstrução de Justiça. É o primeiro presidente denunciado no cargo e ostenta a maior reprovação de um governo federal desde o fim da ditadura militar, em 1985: 73% o consideram ruim/péssimo contra 5% que o avaliam como ótimo/bom.


SÉRGIO CABRAL (PMDB)

Sérgio Cabral (PMDB), quando governava o Rio; hoje, está preso e condenado a 59 anos de prisão (Wilson Dias/Agência Br e Vagner Rosário/Folhapress)

2013

Era o governador do Rio de Janeiro – havia sido reeleito com 66% dos votos, recorde da história do estado –, surfava na onda da escolha da cidade do Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, mas já via a sua popularidade cair no embalo dos protestos de junho de 2013, do qual foi um dos principais alvos. Renunciou em abril do ano seguinte, supostamente para disputar algum cargo na eleição, mas acabou desistindo e não se candidatou a nada.

2017

Está preso desde novembro de 2016 em razão de várias acusações de corrupção levantadas pela Operação Lava Jato. Já foi condenado em dois processos a 59 anos de prisão, mas ainda é réu em outras 12 ações. É o campeão de processos da operação em todo o país, e a perspectiva de deixar a cadeia é cada vez menor. De quebra, vê o estado do Rio desmoronando sob as asas do PMDB – agora com seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB) –, nos aspectos político, econômico e social.


EDUARDO CUNHA (PMDB)

Eduardo Cunha (PMDB), antes de ser algoz de Dilma, e hoje, preso e condenado pela Operação Lava Jato (Roberto Stuckert Filho/PR e Guilherme Artigas/Fotoarena/Agência O Globo)

2013

Deputado que até pouco tempo transitava apenas no baixo clero, começava a galgar postos em 2013. Tinha acabado de ser eleito líder do PMDB na Câmara, mas estava longe do poder que conseguiria ao chegar à Presidência da Casa, apenas em fevereiro de 2015. Naquele ano, abriria e conduziria, com um inegável sentimento de vingança, o processo que levaria ao impeachment de Dilma Rousseff (PT).

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2017

Alcançado pela Operação Lava Jato, foi obrigado a renunciar ao cargo de presidente da Câmara e acabou sendo abandonado pelos seus pares e cassado em 2016. Foi preso em setembro daquele ano – segue na cadeia, em Curitiba, até hoje – e condenado em uma ação a 15 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Chegou a acenar com uma delação que poderia abalar a República – inclusive o ex-aliado Michel Temer -, mas nem isso tem mais no horizonte.


JAIR BOLSONARO (PSC-RJ)

Antes e depois: Bolsonaro
Jair Bolsonaro, defendendo a ditadura e a tortura na Câmara; hoje, é o vice-líder na corrida presidencial (Antonio Augusto/Câmara dos Deputados e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

2013

Era só um deputado folclórico, tratado mais como piada do que como um interlocutor relevante na política, mas que ganhava algum espaço na mídia aqui e ali ao defender abertamente temas polêmicos como a tortura, a ditadura militar e a castração química de estupradores, além de criticar fortemente os gays. Em 2014, já era o deputado federal mais votado do Rio.

2017

Continua politicamente incorreto até a medula – foi condenado nesta semana, por exemplo, por ofender quilombolas -, mas a piada perdeu a graça: segundo o último Datafolha, é o vice-líder em todos os cenários para a eleição presidencial de 2018, atrás apenas de Lula, com percentuais que vão de 15% a 19%, em torno do dobro dos candidatos do PSDB, por exemplo.


JOÃO DORIA (PSDB)

Doria, antes e depois
(Divulgação/Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)

2013

Tinha sido apresentador do reality show O Aprendiz, da TV Record, que ancorou entre 2010 e 2011, e apresentava em 2013 o programa Show Business, talk show que perambulou por emissoras como Manchete, TV Ômega e Rede TV! até chegar à TV Bandeirantes, onde não conseguia audiência muito acima do traço. Era mais visto em colunas sociais, ao lado de celebridades, do que nas páginas de TV – e nunca, nunca, aparecia no noticiário político.

2017

É o prefeito de São Paulo, a maior cidade do país, eleito de forma surpreendente no primeiro turno, em 2016, com mais de 3 milhões de votos, batendo medalhões como Fernando Haddad (PT), Luiza Erundina (PSOL) e Marta Suplicy (PMDB). Ganhou projeção nacional e já é abertamente pré-candidato a presidente da República, mesmo estando há apenas nove meses no cargo e tendo de enfrentar seu padrinho político, Geraldo Alckmin (PSDB). No Datafolha, tem entre 7% e 10% das intenções de voto.

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CARTOLAS

Seleção comemora título da Copa das Confederações no Maracanã reformado para Copa e Olimpíada; Nuzman é preso no Rio por corrupção (Ivan Pacheco/VEJA.com e Mauro Pimentel/AFP)

2013

O Brasil vivia a expectativa de sediar os dois mais importantes eventos esportivos mundiais: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Antes, em julho, havia sediado a Copa das Confederações com êxito fora e dentro do campo – na final, a seleção bateu com brilho a campeã mundial Espanha em um Maracanã remodelado e lotado.

2017

Há investigações sobre corrupção nas obras de estádios – uma delas levou à prisão até o ex-presidente da Câmara Henrique Alves (PMDB) -, o parque olímpico está abandonado, o presidente do comitê da Copa, José Maria Marin, está preso em Nova York e o organizador dos Jogos do Rio, Carlos Arthur Nuzman, está preso no Rio, ambos por corrupção.

 

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