Evolução social desencadeou protestos, diz Lula
Em entrevista ao jornal 'Valor Econômico', ex-presidente tenta capitalizar com a onda de manifestações pelo Brasil e desconversa sobre o plebiscito
“Começaram a brigar para não perder o bife!”, diz Lula , ao comparar protestos com greves do final dos anos 70
Após semanas de silêncio enquanto milhares de pessoas tomaram as ruas em protesto, o ex-presidente Lula finalmente resolveu falar. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o petista tentou capitalizar, atribuindo a onda de manifestações à “evolução social” da nova classe média em dez anos de sua gestão, que aumentaram, segundo ele, o número de alunos em universidades.
“É assim. Quando aconteceu a greve de metalúrgicos em 1978 as pessoas se perguntavam por que os trabalhadores fizeram greve. Eu dizia: porque eles tinham aprendido a comer bife e estavam tirando o bife deles! Começaram a brigar para não perder o bife! À medida em que as pessoas tiveram uma evolução social, é normal que elas queiram mais coisa”, disse o ex-presidente. A entrevista foi concedida em Adis Adeba, na Etiópia, uma das etapas de mais uma viagem internacional de Lula.
O ex-presidente também disse que considera os protestos “importantes” e que não está preocupado com a queda de popularidade de Dilma Rousseff, cuja avaliação positiva caiu 27 pontos percentuais, segundo pesquisa Datafolha divulgada no sábado.
Lula ainda defendeu sua criatura, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que sofreu desgaste político durante a onda de manifestações. “A coisa que o Haddad mais ouviu foi as ruas. Ele tinha acabado de sair de uma eleição.”
Hábito – Já sobre o plebiscito proposto por Dilma para promover uma reforma política no Brasil – tema que seu governo não foi capaz de avançar em oito anos no poder -, o ex-presidente, como de costume, desconversou. “Eu não posso fazer julgamento de acordo feito dentre partidos políticos. Cada partido esteve representado com seu presidente e eles decidiram fazer o que tinham que fazer e vão colocar em prática. Não sei como é que vão colocar em prática, mas vão colocar”, disse.
Lula também se esquivou sobre eventuais planos de se lançar candidato à Presidência em 2014. “Ela [Dilma] é minha candidata”, afirmou.