Erundina aceita a vice de Haddad, mas torce o nariz para Maluf
Adversária histórica do ex-prefeito do PP, a deputada foi anunciada num evento emotivo que teve até choro do candidato do PT
O PT e o PSB anunciaram nesta sexta, em evento num hotel na zona Sul de São Paulo, a indicação da deputada federal Luiza Erundina para compor a chapa do petista Fernando Haddad como candidata a vice-prefeita. Quase quinze anos depois de ter sido praticamente obrigada a deixar o partido que havia ajudado a fundar, Erundina voltará a subir num palanque do PT. “Confesso que não foi uma decisão fácil, relutei muito em aceitá-la”, afirmou no discurso, confessando que assumiu a tarefa para atender a uma decisão partidária. O candidato Fernando Haddad não economizou no elogio: “Não tenho a menor dificuldade de admitir, Luiza, que sim, eu tenho muito a aprender com você.”
Os petistas compareceram em peso. Deputados estaduais e federais, senadores, vereadores, prefeitos e ex-ministros. Menos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a senadora Marta Suplicy. E os que estavam lá, puderam perceber que a primeira saia-justa surgirá logo na primeira semana: Erundina e Maluf, que acena com seu 1min35s de tempo na TV à chapa petista, são inimigos históricos. “Queremos aliados, apoios, queremos a presença de outras forças políticas desde que conheçam os nossos compromissos, as bases de nossos projetos e se comprometam com eles”, afirmou. “A ética e a transparência serão um pressuposto e uma exigência.”
Depois do ato, em entrevista coletiva, Erundina disse que a entrada do PP na chapa do PT não passa por sua decisão pessoal. “Os dirigentes partidários são os responsáveis por avaliar, eu sou apenas candidata a vice”, afirmou. “Mas sinalizei na minha fala que a gente quer pessoas que declarem e afirmem na prática o seu compromisso com o nosso projeto político.” Subiria no mesmo palanque de Maluf? “Vou fazer campanha junto ao povo”, desconversou.
Se não pretende se aproximar de Maluf, Erundina pelo menos adotou um discurso conciliador em relação a outra grande aresta da campanha de Haddad: a ausência da senadora Marta Suplicy, que não esconde a mágoa de ter sido pressionada por Lula a deixar a disputa pela chapa petista, em novembro de 2011, em prol de Fernando Haddad. “Se o partido e o candidato me permitirem, vou procurá-la pessoalmente”, afirmou. “Precisamos estar juntas nessa tarefa histórica que nos une, eu conheço a Marta e sei o quanto ela é capaz. Nós somos amigas, e vamos unir nossas forças.”
A jovem Luiza – Preocupado em tirar de cena a idade de Luiza Erundina, que na avaliação dos adversários prejudica a estratégia do PT de apresentar Haddad como o novo na eleição paulistana, o ex-ministro se referiu a companheira de chapa como a “jovem Luiza”. Erundina, de 77 anos, é sete anos mais velha do que o candidato do PSDB, José Serra.
“Luiza nunca parou de se renovar. Ela portanto, é a jovem Luiza. A jovem Luiza que está continuamente perseguindo a justiça social, a transformação para melhor. Você não parou no tempo”, disse Haddad, que chegou a chorar durante o discurso da sua vice.