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Em primeiro debate, Haddad é chamado de ‘porta-voz da tragédia’

Candidato do PT foi alvo de adversários na sua primeira participação em encontro com presidenciáveis, na noite desta quinta-feira (20)

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 21 set 2018, 15h59 - Publicado em 21 set 2018, 01h48

O candidato Fernando Haddad e seu partido, o PT, foram os alvos especialmente castigados pelos outros seis candidatos presentes no debate da noite desta quinta-feira 20, transmitido pela TV Aparecida e suas associadas. Foi o primeiro evento desse tipo de que o petista participou como candidato à Presidência. Mesmo quando tentou atacar um rival, saiu-se chamuscado com os comentários sobre os anos de governo de seu partido.

O candidato do PT foi chamado de “porta-voz da tragédia”, “desvirtuador de palavras” e de “candidato lançado em porta de penitenciária”, além de “mentiroso”, durante os confrontos com seus adversários. As regras do debate previram dois blocos com perguntas entre os presidenciáveis — ambos sorteados pela moderadora, a jornalista Joyce Ribeiro.

Os governos petistas, por sua vez, foram alvos de críticas pelos escândalos de corrupção e pelas políticas econômicas adotadas na gestão de Dilma Rousseff. A maior agressividade dos candidatos que competem com Haddad por uma vaga no segundo turno era esperada neste momento em que o petista escalou nas pesquisas mais recentes de opinião. O Datafolha, divulgado na quarta-feira (19), o apontou com 16% das intenções de voto.

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Haddad nem sempre se manteve nas cordas. Foi para o ataque contra Henrique Meirelles — que acusou Dilma de ter gerado a atual crise econômica e lançado ao desemprego 14 milhões de brasileiros — dizendo que o candidato do MDB havia “recuperado a confiança dos banqueiros da Faria Lima, mas não do povo”.

“Ingratidão é um dos maiores pecados”, afirmou Haddad a Meirelles, ao mencionar que o emedebista foi presidente do Banco Central por oito anos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O petista procurou problemas ao perguntar a Alvaro Dias (Podemos) sobre sua proposta para o “fortalecimento da família”. “Você vem para essa campanha como o porta-voz da tragédia”, respondeu o ex-governador do Paraná.

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Dias culpou os governos do PT pelo aumento das desigualdades sociais e por ter lançado 62 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza, depois de ter retirado vários milhões dessa condição. “Vocês são especializados em distribuir a pobreza para todos”, afirmou o candidato do Podemos. “O PT é a crença na ignorância. A realidade mostra que criou um sistema corrupto e incompetente. Esse é o legado do PT. Seu discurso é o da ficção e da mentira”, completou.

Haddad rebateu citando os programas sociais criados pelos governos petistas e alegando ter cada um deles fortalecido a família. “Você fica no Senado, em seu gabinete, e não vê”, rebateu.

Em sua crítica à reforma trabalhista e à lei do teto de gastos públicos, Haddad tentou responsabilizar o PSDB e atrelar o partido ao governo de Michel Temer. A discussão acabou em um bate-boca moderado, com acusações de lado a lado. Haddad valeu-se novamente do recente mea-culpa feito pelo senador tucano Tasso Jereissati (PE), que afirmou ter sido um grande erro de sua sigla aliar-se ao governo de Temer.

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“Temer era vice da Dilma, mas quem o colocou lá foi o PSDB. Você devia ler a entrevista do Tasso”, atacou Haddad. “Haddad desvirtua as palavras do Tasso Jereissati. Em vez de fazer autocrítica, o PT lança candidato em porta de penitenciária”, revidou o tucano Geraldo Alckmin. “Quem escolheu o Temer foi o PT. Aliás, reincidente. Duas vezes”, insistiu o ex-governador de São Paulo.

O debate foi marcado pelo tempo de perguntas e de respostas estritamente cumprido pela moderadora. O microfone foi cortado inúmeras vezes, deixando candidatos ainda no ensaio de suas declarações. Ninguém ousou rebater as regras.

Aborto e patentes

O único candidato abordado sobre a questão da legalização do aborto foi Henrique Meirelles, questionado pelo bispo de Osasco (SP), dom João Bosco Barbosa. O candidato do MDB indicou não haver necessidade de mudança na atual legislação. Ciente de estar no principal santuário católico do Brasil — os estúdios da TV Aparecida, que transmitiu o debate, ficam na cidade homônima, no Vale do Paraíba, em São Paulo —, o emedebista afirmou ser “favorável à vida” mas também “a favor dos direitos da mulher, em situação que se justifique que elas tomem essa decisão difícil e dramática”.

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Meirelles sublinhou que essa tem de ser uma decisão da sociedade e que, ao debatê-la, não se deve radicalizar. Defendeu ainda a proposta de que a Igreja Católica mantenha aulas de religião em suas escolas, “dentro dos princípios de liberdade de opinião”.

Marina Silva (Rede) aproveitou uma pergunta sobre a ausência de remédios caros à disposição dos pacientes do SUS, dirigida a Ciro Gomes (PDT), para levantar uma bandeira em favor da quebra de patentes de medicamentos contra a hepatite C e de outros produtos da indústria farmacêutica. “Neste momento, três pessoas vão morrer de hepatite C. Há 12.000 pessoas necessitando desse medicamento e 700.000 afetados pela doença”, justificou. O pedetista não rivalizou com a ex-senadora. “Estamos absolutamente afinados”, respondeu.

Amenidade efêmera

A única menção amena a Fernando Haddad veio de Ciro, que o chamou de “caro amigo”, para em seguida “dar uma pinicadinha” no petista. Mas a amenidade durou poucos segundos. Depois de ouvir a proposta de Haddad de criar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e de tributar dividendos e grandes heranças, o ex-governador do Ceará voltou para o ataque.

“Por que nosso povo deve acreditar nessa proposta se o seu partido esteve no poder por catorze anos e não a realizou?”, disparou o pedetista.

Nesse embate, Haddad defendeu-se dizendo que Luiz Inácio Lula da Silva fez, como presidente, uma “reforma tributária às avessas”. Em vez de mexer na tributação, argumentou, atuou pelo lado da despesa, implantando programas sociais. Ciro Gomes não teve direito a tréplica.

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