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Dilma: ‘Reforma agrária não é só distribuir terra’

Presidente empossou nesta quarta-feira novo ministro do Desenvolvimento Agrário. Antecessor saiu em meio a críticas por baixo número de assentamentos

Por Luciana Marques
14 mar 2012, 13h48

A presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta-feira o novo ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. O antecessor, Afonso Florence, deixou o cargo em meio a críticas de movimentos de campesinos por ter assentado o número mais baixo de famílias dos últimos dezesseis anos: 22.000, no ano passado. Florence voltará agora a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Ele e Vargas integram a mesma corrente do PT, a Democracia Socialista (DS) – uma das mais radicais do partido. Dilma e o novo ministro aproveitaram a oportunidade para renovar as promessas de reforma agrária, mas também para fazer um esclarecimento. “Reforma agrária não é só distribuição de terra, mas garantia das condições de desenvolvimento para as populações que acessem essas terras”, disse a presidente. “De nada adianta distribuição de terra com permanência das populações rurais na extrema pobreza.” A presidente agradeceu e elogiou o trabalho de Florence, que, na fala dela, contribuiu para a continuidade da paz no campo. O novo ministro prometeu ampliar políticas para a agricultura familiar, para contribuir com o crescimento da economia. “O Ministério do Desenvolvimento Agrário é o ministério do desenvolvimento econômico”, disse. “Queremos impulsionar ganhos de produtividade, de forma a reduzir preços dos alimentos, contribuindo para queda da inflação.” Vargas também defendeu o diálogo com movimentos dos trabalhadores rurais: “Vou fortalecer a agricultura familiar, ampliando e aprofundando o diálogo com movimentos sociais do campo.” Desempenho – Apesar do baixo número de assentamentos em sua gestão, Florence disse que todas as metas da pasta foram atingidas. E só citou dados positivos em seu discurso de despedida: “Executamos aproximadamente 773 milhões de reais buscando avançar com a política de reforma agrária”, disse. “Retomamos crédito, assistência técnica, constituímos política pública para agricultura familiar.” O assentamento de apenas 22.000 famílias no ano passado pelo programa de reforma agrária fez com que o governo da presidente Dilma Rousseff batesse um recorde negativo – o que colaborou para a queda de Florence. Nos últimos dezesseis anos, foi o menor número de famílias beneficiadas. Os novos líderes do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também compareceram à cerimônia. Assim como o novo ministro, receberam cumprimentos de alguns convidados por suas nomeações. Biografia – Pepe Vargas estava no segundo mandato como deputado federal pelo Rio Grande do Sul quando foi chamado para assumir o Desenvolvimento Agrário. Ele se elegeu prefeito de Caxias do Sul (RS) por duas vezes, em 1996 e 2000. Vargas iniciou a carreira política em movimentos estudantis e atuou em sindicatos das áreas de metalurgia, têxtil e petroquímica. Ele é filiado ao PT desde 1981. Leia no Acervo Digital: A reforma agrária perdeu o encanto, por Mailson da Nóbrega

A urbanização e a globalização da produção contribuíram para a obsolescência do processo de redistribuição de terras, que se tornou irrelevante para a geração de renda e riqueza

O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) está em claro declínio. O último “abril vermelho” evidenciou seu esvaziamento. As setenta invasões do mês foram comemoradas, mas elas haviam sido 496 em 2004. Os acampamentos reuniam 400 000 pessoas em 2003, mas agora têm apenas 100 000. Seu estandarte, a reforma agrária, esmaeceu. Leia o texto completo aqui.

Verba, jabá e água fresca

O MST e outros grupos que dizem lutar pela reforma agrária perderam seguidores e tornaram-se nanicos. Mas seus líderes nunca receberam tanto dinheiro do governo

O MST encolheu, mas seu apetite por verbas públicas só fez crescer. Segundo relatório divulgado na semana passada pela insuspeita Comissão Pastoral da Terra, o Movimento dos Trabalhadores sem Terra representa hoje apenas 14.509 famílias. É menos da metade da torcida do time de futebol da Portuguesa. O que mais contribuiu para a crescente irrelevância do grupo liderado por João Pedro Stedile foi o naufrágio do modelo de reforma agrária do país. A ideia de oferecer “um pedaço de terra” e um par de enxadas para os assentados tocarem sua própria produção não resultou em mais do que um punhado de mexericas mirradas que ninguém quer comprar. Leia o texto completo aqui.

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