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Dilma participou da indicação de Nestor Cerveró para BR Distribuidora, afirma Delcídio

Conforme a versão apresentada pelo ex-líder do governo no Senado, Nestor Cerveró foi alocado na BR como um “prêmio de consolação”

Por Da Redação 15 mar 2016, 15h26

Depois da desastrada compra da refinaria de Pasadena, no Texas, empreendimento que resultou em prejuízo de quase 800 milhões de dólares à Petrobras, a hoje presidente e então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff participou das conversas para alocar o ex-diretor da área internacional da petroleira, Nestor Cerveró, na BR Distribuidora. As revelações constam de acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral e desmentem as afirmações da petista de que Cerveró não foi indicação sua e nem seria uma pessoa de sua relação.

Dilma já havia atribuído a Cerveró a autoria de um “parecer falho” que teria induzido o Conselho de Administração da Petrobras a aprovar a aquisição da unidade de refino no Texas. A petista sempre tentou se descolar do ex-dirigente, apontado pelo Ministério Público como um dos responsáveis pelo esquema de pagamento de propina a políticos do PMDB.

Segundo relato de Delcídio, ele recebeu um telefonema da então ministra Dilma Rousseff afirmando que Cerveró seria indicado para a Diretoria-financeira da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Na avaliação do parlamentar, isso demonstra que “Dilma Rousseff teve conhecimento e participação na nomeação de Nestor Cerveró para a BR Distribuidora”.

“Diferentemente do que afirmou Dilma Rousseff em outras oportunidades, a indicação de Nestor Cerveró para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora contou efetivamente com a sua participação. Delcídio do Amaral tem conhecimento desta ingerência, tendo em vista que, no dia da aprovação [do nome de Cerveró] pelo Conselho, estava na Bahia e recebeu Iigações de Dilma”, diz trecho da delação premiada.

Conforme a versão apresentada pelo ex-líder do governo no Senado, Nestor Cerveró foi alocado na BR como um “prêmio de consolação” depois de ter atuado na transação de afretamento do navio-sonda Vitoria 10000. A operação foi permeada por repasses de propina e pela simulação de um empréstimo para camuflar o envio de dinheiro sujo para o Partido dos Trabalhadores. Segundo os investigadores da Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10000.

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Às autoridades, Delcídio disse que a indicação de Cerveró para a BR Distribuidora pode ter sido também um “cala boca” para o ex-dirigente não revelar detalhes do esquema criminoso que envolveu o afretamento do navio-sonda. O silêncio de Nestor Cerveró era crucial porque, segundo o delator, “a operação da sonda Vitoria 10000 foi feita com a finalidade de arrecadar fundos e valores para pagamento de dívida de campanha do PT, do caso de Santo André (Prefeito Celso Daniel) e a campanha eleitoral de Prefeito de Campinas, do Dr. Hélio”.

Delator da Operação Lava Jato, o ex-diretor Nestor Cerveró já havia afirmado aos investigadores que, anos depois, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) disse a ele por volta de setembro de 2013 que a presidente Dilma Rousseff lhe garantiu que a presidência e as diretorias da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, estavam “à disposição” do parlamentar. Aliado do desgastado governo petista, Collor já foi denunciado na Operação Lava Jato e é suspeito de ter embolsado milhões de reais em propina no esquema do petrolão.

Segundo a delação de Nestor Cerveró, o ex-ministro do governo Collor e operador financeiro do senador, Pedro Paulo Leoni Ramos, chamou o próprio ex-diretor da Petrobras a Brasília para uma reunião na notória Casa da Dinda e no encontro relatou a suposta garantia dada pela presidente Dilma.

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