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Dilma fala no Senado por 14h – e não altera cenário de derrota

Presidente afastada fez discurso político e abusou do "dilmês" nas respostas a senadores. Nada que preocupe o Planalto

Por Da redação
Atualizado em 30 ago 2016, 00h07 - Publicado em 29 ago 2016, 23h49

Às 23h48 desta segunda-feira o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, encerrou a sessão em que a presidente afastada Dilma Rousseff apresentou sua defesa no processo de impeachment a que responde por crime de responsabilidade. Foram longas 14 horas de oitiva, em que a petista respondeu a perguntas de senadores e também da defesa e da acusação. Antes do interrogatório, Dilma discursou por 45 minutos – e reprisou a cantinela petista de ‘golpe’. Sob o olhar de Lula, Dilma também atacou a gestão Temer e retomou o discurso do medo com que se elegeu em 2014.

Embora tenha discursado com rara firmeza, Dilma foi Dilma em estado bruto na sequência: enrolou-se na retórica e se perdeu no próprio raciocínio por diversas vezes. Chegou a se referir ao presidente americano Barack Obama como “senador” e ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como presidente da Câmara dos Vereadores. Mal disfarçava a cara de tédio ao ser questionada pelos parlamentares. Também culpou o cenário internacional pela grave crise econômica em que sua desastrada gestão submergiu o país e atacou o que chamou de “uso ideológico” da delação premiada.

Ao longo das horas em que falou, Dilma foi dura com o Congresso e chegou até mesmo a responsabilizar os parlamentares por ter inviabilizado seu governo, com a colocação de pautas-bomba em votação. Como de praxe, nenhum mea-culpa de fato – nem para tentar sensibilizar os senadores. Em alguns dos momentos mais tensos da sessão, Dilma esteve frente a frente com os tucanos Aécio Neves (MG), derrotado por ela nas eleições de 2014, e José Aníbal (SP), seu companheiro de luta armada e a quem conhece há 50 anos. Se com Aécio trocou alfinetadas sobre o pleito, a Aníbal a petista disse estar “estarrecida” com o fato de ele ter antecipado que votará pelo impeachment.

A tropa de choque de Dilma também não perdeu a oportunidade de subir à tribuna. Em um dos mais inflamados discursos, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a política não veste saias. “Ela ainda é um ambiente misógino”. E prosseguiu: “O que nos dá o direito de julgá-la, de apontá-la os dedos, se a crise econômica que assola esse país teve muito desse Congresso?”. Já Lindbergh Farias (PT-RJ) culpou Temer e Cunha pelo processo – e se referiu à sessão da Câmara que aceitou a denúncia como “assembleia de bandidos”.

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O presidente em exercício Michel Temer acompanhou o discurso da petista no Palácio do Jaburu, acompanhado do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. Interlocutores de Temer classificaram a fala de Dilma como “fraca politicamente” e avaliam que o discurso não tem o poder de mudar votos. Ainda cedo, chegaram à residência oficial de Temer os ministros da Secretaria Geral, Geddel Vieira Lima, o interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz. Assessores palacianos avaliam que Dilma mostrou nas respostas aos congressistas a sua “crônica incapacidade de verbalizar e construir suas ideias”. Todos se dizem convencidos de que os votos computados anteriormente estão “totalmente preservados”.

Como informa a coluna Radar, o discurso de Dilma deixou claro que ela “jogou a toalha”, na opinião de senadores. Aliados do presidente interino passaram a dizer nos corredores do Senado que pouco importa o placar final do impeachment. Em comparação com a Olimpíada, diziam que, diferentemente dos Jogos, no Senado não se premia com medalha de prata, nem bronze. Temer pode vencer pelo mínimo de votos necessário que leva o ouro. Também nos bastidores senadores petistas afirmam que a participação de Dilma foi importante para o registro histórico, mas dificilmente mudará o placar da votação final. Dilma precisa de 28 votos para barrar o impeachment. Na votação que a tornou ré, obteve apenas 21. Aliados do presidente em exercício calculam que cerca de 60 dos 81 senadores vão votar pelo afastamento definitivo da petista.

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