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‘Cozinheiro’ Silvio Pereira diz que recebeu recursos de empreiteiras por cestas de Natal

Ex-secretário-geral do PT afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que não sabe de chantagem ao ex-presidente Lula após o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em 2002

Por Da Redação 4 abr 2016, 23h24

O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, preso na 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira passada, prestou depoimento hoje em Curitiba e, assim como o empresário Ronan Maria Pinto, negou ter conhecimento de chantagem sofrida pelo ex-presidente Lula e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho depois do assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em janeiro de 2002. Pereira se autodenominou aos investigadores como “cozinheiro”, definiu seu local de trabalho como o restaurante Tia Lela e atribuiu alguns dos valores recebidos de empreiteiras investigadas no petrolão como oriundos de vendas de cestas de Natal.

Silvio Pereira admitiu conhecer Maria Pinto, mas ressalta que nunca teve “contato mais próximo com ele”. O petista diz desconhecer o empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin, do qual 6 milhões de reais foram destinados ao empresário paulista, e “não sabe de algo que envolva Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho na morte de Celso Daniel”.

Fazendo jus ao apelido de “Silvinho Land Rover”, obtido depois de ganhar de presente um jipe da marca britânica, Pereira admitiu aos investigadores da Lava Jato que recebeu o carro de luxo da construtora baiana GDK, em 2004. “Estava com Cesar, presidente da GDK, e disse que o poder era efêmero e que o importante era realizar os sonhos”, disse, antes de revelar que “era um sonho ter um jipe de guerra” e justificar o presente afirmando que deu um outro carro, bem mais modesto, em troca.

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Empreiteiras e cestas de Natal – Responsável direto pelo loteamento de 32.000 cargos comissionados no início do governo Lula, Pereira recebeu pelo menos 508.000 reais da UTC e da OAS por meio da empresa DNP Eventos Ltda, que segundo ele funciona nos fundos do restaurante Tia Lela. De acordo com os investigadores, “é provável que tais pagamentos se refiram à ‘mesada’ que o PT destinou a Silvio Pereira por intermédio de desvios em contratos que a UTC e a OAS mantinham com a Petrobras”.

Silvio Pereira admitiu que mantinha o “cadastro de indicações para o governo, mas não fazia indicações, quem escolhia e nomeava era a Casa Civil e os ministérios”. O ex-secretário-geral contradisse Dirceu, que atribuiu a Pereira a indicação de Renato Duque à Diretoria de Serviços da Petrobras, e relatou que empresários, a exemplo de Leo Pinheiro, dono da OAS, o procuravam imaginando que ele tivesse influência direta sobre a distribuição de cargos e “era poderoso dentro do partido”.

Pereira disse ignorar os motivos de parte dos repasses de empreiteiras, mas ressaltou que embolsou cerca de 80.000 reais de OAS e UTC por pacotes de cestas de natal. Ele afirma que “não sabe dos serviços para a Construtora OAS nos anos de 2009 a 2011, os quais atingiram o montante de 486.160 reais”. Os contatos diretos com os empreiteiros Ricardo Pessoa, dono da UTC, e Pinheiro foram explicados pelo “cozinheiro” como devidos a tratar “provavelmente de serviços de cestas de Natal” e não “como uma forma de ‘cala boca’ pelo caso mensalão”. Sobre o e-mail de Leo Pinheiro destinado a Pereira, cujo conteúdo dizia “caro Silvinho, vc viu a proposta. O que Achou? Leo Pinheiro”, por exemplo, o petista justifica dizer respeito a uma sugestão do empreiteiro a Pereira para a criação de uma revista de culinária.

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Outros empresários envolvidos no petrolão, como os delatores Julio Camargo e Augusto Ribeiro Mendonça, também são conhecidos de Silvio Pereira. O ex-dirigente petista relatou ter feito um trabalho de “monitoramento eleitoral” a uma empresa de Mendonça, a Projetec Projetos e Tecnologias, pelo qual recebeu 154.000 reais em 2010.

Sobre os 50.000 reais recebidos da empresa SP Terraplenagem, do lobista Adir Assad, Silvinho negou saber o motivo do pagamento.

Campanhas petistas – Além de construtoras e outras empresas investigadas pela Operação Lava Jato, Pereira encontrou em candidatos petistas clientes generosos para seus serviços de publicidade e eventos. Dilma Rousseff foi um deles. A campanha que levou Dilma ao Palácio do Planalto pela primeira vez, em 2010, desembolsou 222.000 reais à Central de Eventos e Produções Ltda, de Pereira, a título de “publicidade por carros de som”. No mesmo ano, a empresa embolsou, pelo mesmo tipo de serviço, 450.000 reais da campanha fracassada do ministro Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.

Em 2012, a campanha de Fernando Haddad à prefeitura da capital paulista pagou 250.831 reais à DNP Eventos por publicidade em carro de som e material impresso. A (ex) petista mais generosa com o ex-secretário-geral do PT, no entanto, foi Marta Suplicy. A campanha da hoje peemedebista à prefeitura paulistana em 2008 despejou nada menos que 918.734 reais na Central de Eventos e Produções. “Ao que tudo indica”, diz o Ministério Público, Pereira embolsou os valores “sem nenhuma prestação de serviços que justificasse os repasses”.

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Ele pontuou, no entanto, que “os principais serviços prestados pela Central de Eventos foram a campanha de Lula em 2006”.

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