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Candidatos cariocas apelam no último debate antes do 1º turno

As principais discussões foram travadas por Marcelo Freixo e Pedro Paulo, que pleiteiam a vaga contra Marcelo Crivella no segundo turno

Por Cecília Ritto, Luisa Bustamante e Maria Clara Vieira
30 set 2016, 01h58

O debate na noite desta quinta-feira, transmitido pela TV Globo, foi a última grande aparição entre os candidatos antes do pleito, com potencial de definir a embolada corrida eleitoral carioca. A dois dias da votação, só Marcelo Crivella, do PRB, tem praticamente garantida a passagem ao segundo turno. A outra vaga continua em aberto, com o empate de Marcelo Freixo, do PSOL, e Pedro Paulo, do PMDB, ambos com 10% das intenções de voto no Ibope, à frente numericamente dos outros cinco que também participaram do embate. Depois de três encontros em outras emissoras, com predomínio de brigas e até xingamentos, a estratégia se repetiu e, por vezes, os candidatos foram até mais agressivos.

No primeiro duelo, Jandira Feghali, do PC do B, escolheu Pedro Paulo para debater e, de cara, acusou a Globo de “apoiar o golpe contra a democracia e contra uma mulher eleita”. Acabou criando um mal estar no estúdio e a apresentadora Ana Paula Araújo precisou fazer uma intervenção para defender a emissora. “A Globo não tem obrigação de realizar debates, faz isso por apreço à democracia”, disse.

A comunista também trouxe à tona a acusação de que Pedro Paulo agrediu a ex-mulher, Alexandra Marcondes. O caso foi arquivado depois que a vítima; a única testemunha, a babá da filha, e o perito voltaram atrás em suas versões. “Você tem uma marca que as mulheres não vão perdoar. É um agressor de mulher, e não pode comandar uma cidade de maioria feminina”, disse. O peemedebista se defendeu, dizendo que o caso foi arquivado e partiu para o contra-ataque. “Você terá de comprovar que não recebeu propina, como delatou Sérgio Machado”. A discussão, então, piorou e ambos pediram direito de resposta. “Além de agressão à mulher, você mente”, acusou Jandira. O clima ficou tão ruim que coube a Flávio Bolsonaro, do PSC, arrancar risada da plateia ao chamar Carlos Roberto Osório, do PSDB, para falar de IPTU: “Bora falar de programa de governo, Osório?”.

Crivella aproveitou parte do tempo para justificar sua relação com a igreja Universal. Ele é bispo licenciado e sobrinho de Edir Macedo. “Verdade que fui bispo e tenho orgulho disso. Também fui motorista e senador. Não confundo política com religião. Pedro Paulo repete isso e não sobe um ponto nas pesquisas”, contestou e ainda cantou a música Cartomante, de Ivan Lins, com trocadilhos com os nomes de Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão. Ao ser chamado ao debate pelo peemedebista, Crivella, normalmente com um tom mais sóbrio, engrossou. “Quando foi entregue a casa a uma moradora da cidade, se inventou uma história absurda de canguru perneta. O governo, quando não se dá o respeito, é um câncer”, disse o senador, lembrando o dia em que Paes entregou um apartamento popular e sugeriu que a futura dona “trepasse muito”. Em seguida, Crivella emendou o discurso orientando o opositor a deixar o PMDB. “Pedro Paulo, você tem idade para ser meu filho. Peço a você: mude de partido, mude de rumo, saia desse grupo.’

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No segundo bloco, o peemedebista foi isolado pelos adversários. Como as regras permitiam que um candidato pudesse ser perguntado duas vezes, Pedro Paulo só levantou da cadeira uma vez, e na última chance, quando Freixo o convocou. Falaram sobre saneamento básico, mas foi só no terceiro bloco, quando os dois voltaram a se enfrentar, que o clima esquentou. O socialista perguntou sobre a ciclovia que despencou matando duas pessoas. “Você foi a público e afirmou que a culpa era da onda, desmentido pelo prefeito, que disse que falou bobagem”, contou Freixo. Pedro Paulo fugiu da resposta e chamou o candidato de hipócrita. “Você recebeu dinheiro na campanha de 2012 de uma empreiteira. Hipocrisia e radicalismo não cabem mais. Você apoia black blocs.” O socialista, mais uma vez, mirou no PMDB para atacar o opositor. “Vocês têm uma relação nefasta com algumas empreiteiras. O nome disso é corrupção, que é a cara do PMDB”.

Ao fim do tempo estabelecido, Freixo pediu que Pedro Paulo o escolhesse para continuar a debater. Dito e feito. Enquanto o candidato do PSOL falava, a vice do peemedebista, Cidinha Campos, gritou na plateia, no que Freixo disse: “Cidinha, você não gosta de mim, mas sua neta gosta”, arrancando risadas da audiência. A polarização entre os dois, que ombreiam a segunda colocação, continuou. “Você tem um homem de confiança condenado na lei Maria da Penha”, disse Pedro Paulo, citando o caso revelado nesta quinta pelo site de Veja. “Quando tomei conhecimento da condenação, exonerei. Já Paes pegou alguém que bateu em mulher e agora quer transformar em prefeito”, defendeu-se Freixo.

Apesar das brigas e, por vezes, baixarias, os candidatos conseguiram falar mais de suas propostas do que nos debates anteriores. Em comum, a reclamação das políticas executadas pelo prefeito Eduardo Paes. Foram parar na berlinda a saúde, a educação, a mobilidade e o saneamento básico. A possibilidade de armar a guarda municipal e a regulamentação do Uber também vieram à baila. Indio da Costa, do PSD, um dos que mais atacou os adversários em outras oportunidades, puxou o freio de mão. Alessandro Molon, da Rede, com 1% das intenções de voto, também segurou as críticas. Até Bolsonaro se conteve diante dos embates dos opositores. As polêmicas acabaram concentradas entre os que estão com mais chance de disputar o segundo round eleitoral: Crivella, Freixo e Pedro Paulo. Se tirar por este último debate antes do primeiro pleito, o segundo turno carioca promete surpreender no repertório de acusações entre os candidatos.

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