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Ao dar posse a Lula, Dilma ataca Moro – e também as ruas

Presidente saudou o 'grande aliado' e afirmou: “A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo'

Por Laryssa Borges, Felipe Frazão e Marcela Mattos, de Brasília
17 mar 2016, 12h06

Às 10h38 da manhã desta quinta-feira, com ares de comício, a blindagem contra o maior expoente dos quadros petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi consolidada. Uma desgastada presidente da República, praticamente escanteada à condição de emérita, sacramentou o habeas corpus presidencial – ainda que temporário – do antecessor e padrinho político, dando a Luiz Inácio Lula da Silva o terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto. Uma liminar condedida pela Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu a posse minutos após a cerimônia.

Blindado às pressas pelo governo depois da certeza de que a força-tarefa que combate o petrolão poderia pedir ao juiz Sergio Moro sua prisão temporária a qualquer momento, Lula foi empossado como ministro da Casa Civil um dia depois de grampos telefônicos feitos com autorização judicial terem revelado o desprezo da dupla Dilma-Lula às instituições e escancarado que a nomeação não passou de uma estratégia de fuga dos rigores da lei.

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Ignorando o fato de que o grampo não deixa dúvidas sobre quem está efetivamente atentando contra os princípios democráticos, Dilma Rousseff tirou da manga mais uma desculpa para tentar explicar por que teria mandado o termo de posse de Lula para que ele assinasse “em caso de necessidade”. Depois da esdrúxula versão de que Dilma encaminhou o documento porque Lula poderia faltar à própria posse, a presidente petista disse que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, também alvo de investigações do Ministério Público “não estaria bem”, o que justificaria a ausência do empossado. “Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos, de práticas criticáveis viola princípios e garantias constitucionais, viola os direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos. Os golpes começam assim”, tergiversou a presidente. “A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo e não vai colocar nosso povo de joelhos”.

E mais: alegou que a posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil, mesmo diante das evidências claras de menosprezo às instituições e à justiça, seria uma “grande oportunidade”. “Todo mundo sabe que as dificuldades muitas vezes costumam criar grandes oportunidades. As circunstâncias atuais me dão a magnífica chance de trazer para o governo o maior líder politico desse país”.

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Com gritos contra veículos de comunicação e escorada em uma claque de aliados, movimentos estudantis e sindicalistas, Dilma Rousseff atacou o juiz federal Sergio Moro e ousou exigir o silêncio dos recentes movimentos de rua, que ocuparam as principais cidades do país no último domingo com pedidos de impeachment. “Para o bem do Brasil, todo esse barulho, que não é a voz rouca das ruas, mas algaravia advinda da excitação de pré-julgamentos, deve acabar”, disse. “Devemos combater esse ambiente que eletriza artificialmente o país e deixa a população em estado de permanente sobressalto”, completou.

Sobre os sobressaltos sucessivos provocados pelo escândalo de corrupção na Petrobras, nenhuma palavra. Diante de um Lula em silêncio, os ataques a Sergio Moro seguiram sem trégua: “O Brasil não pode se tornar submisso a uma conjuração que invade as prerrogativas constitucionais da Presidência da República. Não porque a presidenta seja diferente dos outros cidadãos e cidadãs, mas porque se se fere a prerrogativa da presidenta, o que farão com as prerrogativas dos cidadãos?”, questionou. “Interpretação desvirtuada, processos equívocos, investigações baseadas em grampos ilegais não favorecem a democracia neste país. Quando isso acontece, fica nítida a tentativa de ultrapassar o limite do Estado democrático de Direito, de cruzar a fronteira que é tão cara para nós que a construímos, que lutamos por ela e que resistimos, a fronteira para o estado de exceção”, completou.

A ascensão de Lula ao cargo para fugir do juiz Sergio Moro ocorre exatos dois anos depois do histórico dia 17 de março de 2014, data em que a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da Operação Lava Jato, a maior e mais eficiente investigação contra esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público de toda a história. O ex-presidente petista é a figura mais notória entre os investigados do petrolão. É suspeito de ter recebido favores travestidos de reformas em um sítio em Atibaia (SP), no notório tríplex no Guarujá (SP) e em um sem-número de palestras e doações nebulosas das principais empreiteiras do país, todas investigadas por fraudarem contratos públicos e desviarem dinheiro para pagar propina a políticos e funcionários da Petrobras.

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