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A Moro, Cunha nega propina em campo de petróleo na África

Ex-presidente da Câmara diz que não vê corrupção em transação da Petrobras na África, que classifica como 'ato de burrice'

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2017, 22h59 - Publicado em 7 fev 2017, 22h57

Em seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro nesta terça-feira, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou ter recebido propina de um contrato de compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo no Benin, na África. Preso desde outubro de 2016 em Curitiba, Cunha é réu na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por supostamente ter sido beneficiário de 1,5 milhão de dólares em contas na Suíça.

Segundo o Ministério Público Federal, a Petrobras pagou 34,5 milhões de dólares por 50% do bloco de exploração à Compagnie Béninoise des Hydrocarbures (CBH), que repassou 10 milhões de dólares a empresas do lobista João Augusto Henriques. Apontado como operador do PMDB na Petrobras, também preso e réu na Lava Jato, Henriques teria sido o responsável por encaminhar a propina milionária a Cunha no exterior.

O ex-deputado questiona os valores envolvidos nas transações entre Petrobras, CBH e a Shell, que comprou parte do campo de Benin da estatal. “Essa história do campo de Benin me causa muita estranheza porque, em primeiro lugar, não tenho a convicção de que se tem ali um ato de corrupção, o que se tem ali é um ato de burrice”, disse Cunha a Moro.

A procuradoria da Lava Jato ainda o interpelou sobre se tinha conhecimento de tratativas de propina envolvendo políticos e agentes públicos. Na resposta, Eduardo Cunha garantiu que “nunca” participou ou presenciou qualquer um desses acertos.

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“O que você procura fazer é que os parlamentares busquem o partido para auxílio na campanha eleitoral. Essa é a forma que a gente sempre assistiu. Essa [maneira] de receber participações ou qualquer tipo de negócio, eu nunca vi”, respondeu o peemedebista.

Gastos de luxo autorizados

Eduardo Cunha assumiu a responsabilidade pelos gastos de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, em artigos e viagens de luxo. Cláudia também é ré na Lava Jato, acusada dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os investigadores apontam que parte da propina retirada da compra do campo de Benin acabou remetida a contas no exterior registradas em nome de offshores ou trusts, que alimentavam o cartão de crédito utilizado por ela.

“As utilizações que ela [Cláudia] fez no cartão de crédito foram todas com minha autorização. Nos montantes do cartão, o menor foi o dela, o meu valor foi superior. Muitas coisas ela utilizava porque eu mandava, eram coisas que eu tinha interesse para mim ou para meus filhos”, disse Cunha.

Segundo as investigações da Lava Jato, os recursos que aportaram na conta de Cláudia Cruz foram utilizados para a compra de bolsas, sapatos e roupas femininas de grife e para o pagamento de cursos dos filhos de Cunha em instituições como a Malvern College (Inglaterra) e a academia de tênis IMG Academies LLP (Estados Unidos), do renomado treinador Nick Bollettieri.

“Não era academia de tênis. Era a escola em que meu filho fez o primeiro ano do segundo grau nos Estados Unidos. A escola e a hospedagem ficavam dentro da IMG Academies, então o pagamento foi feito à IMG Academies, mas não era aula de tênis de Nick não sei o que, era simplesmente a escola do primeiro ano do segundo grau do meu filho”, explicou Eduardo Cunha.

Trusts e ‘comércio exterior’

Diante do juiz federal, Cunha manteve a versão que defendeu durante seu processo de cassação na Câmara acerca dos trusts que mantinha no exterior: “o patrimônio não me pertencia mais a partir do momento da contratação [do trust]”.

Indagado sobre por que não gastou o dinheiro dos trusts no Brasil, Cunha explicou que as contas no exterior funcionavam mais como uma “caderneta de poupanças” e que só as usou para fazer compras em viagens no exterior.

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O ex-deputado explicou a Moro que o patrimônio que mantinha fora do país começou a ser construído no final dos anos 1980, quando, segundo o peemedebista, atuava no comércio internacional. “Os saldos foram crescendo à medida que eu fui tendo resultados no comércio exterior, eu fazia muita venda de produtos”, afirmou o ex-deputado.

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