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Financiamento coletivo na web agora tenta salvar vidas

Watsi, criação de quatro jovens americanos, põe em contato pessoas que precisam de tratamento médico e financiadores de qualquer parte do globo

Por Rafael Sbarai
8 out 2012, 15h15

O mecanismo de financiamento coletivo (crowdfunding, em inglês) é um daqueles bons frutos que só vicejam graças à internet. Em sua modalidade clássica, indívíduos, grupos e mesmo empresas apresentam um projeto à rede e solicitam seu financiamento por meio de doações. Em geral, eles oferecem algo em troca a quem aderir à ideia: no caso de um músico que procura dinheiro para produzir seu disco, pode ser acesso a um fonograma exclusivo. O crowdfunding se espraia na internet e sua versão mais recente chegou à área de saúde. Quatro jovens americanos – Chase Adam (de 25 anos), Mark Murrin (27), Howard Glenn (27) e Jesse Cooke (30) – juntaram forças e colocaram no ar o Watsi, primeira plataforma dedicada ao financiamento de tratamentos de saúde a pessoas necessitadas.

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Por se dedicar a uma área tão delicada quanto a saúde, o Watsi introduz mudanças no crowdfunding. Não é possível a qualquer interessado em receber financiamento exibir seu “projeto” no site. Para figurar ali, é preciso passar pela triagem de profissionais de saúde parceiros do projeto. Na prática, são instituições formadas por profissionais que prestam assistência médica à população de países pobres – ou paupérrimos.

A inspiração para o serviço surgiu em dezembro de 2010. Chase Adam, cofundador do serviço, trabalhava na Costa Rica como voluntário do Corpo da Paz, agência americana que ajuda países em desenvolvimento. Ao visitar uma pequena aldeia chamada Watsi, notou que uma mulher arrecadava dinheiro em um ônibus para tratar a doença do filho. A história comoveu grande parte dos passageiros do ônibus, que fizeram doações. Adam, então, começou a pensar em um mecanismo que pudesse conectar pessoas distantes para resolver problemas similares.

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Para serem elegíveis ao financiamento coletivo, os pacientes devem atender a uma série de critérios rígidos, como a incapacidade de arcar com os custos do tratamento e sofrer de doenças que afetam seriamente seu padrão de vida. O custo dos procedimentos médicos não pode ultrapassar 3.000 dólares (aproximadamente 6.000 reais). “Nosso objetivo é oferecer financiamentos de baixo custo e de alto impacto”, explica Howard Glenn, cofundador do serviço e estudante de administração de empresas da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

Por ora, o Watsi só mantém parcerias em três países (Guatemala, Etiópia e Nepal). Por isso, só podem pedir financiamentos casos e pacientes que vivem nessas nações. A ampliação a outros locais depende de novas parcerias com profissionais de saúde. Para que voluntários se firmem como parceiros, é necessário que eles atendam a uma série de requisitos, como habilitação para atuar em um país e reputação junto à comunidade local. “A velocidade da expansão do Watsi depende exclusivamente da adesão desses profissionais espalhados pelo mundo”, diz Glenn.

Página principal do Watsi
Página principal do Watsi (VEJA)

Na outra ponta do serviço, estão os potenciais doadores – que podem financiar os tratamentos a partir de qualquer parte do globo. Basta visitar o site, escolher uma história e fazer a doação. Os meios para pagamento são similares aos necessários à uma compra na internet: cartão de crédito ou PayPal, maior plataforma de pagamento on-line do mundo.

Quando o tratamento é totalmente financiado, o serviço transfere as doações aos parceiros, que encaminham os valores para o tratamento. Todos os passos rumo à transação financeira são públicos e expostos no próprio site. Por ora, ao que se sabe, o dinheiro tem chegado a seu destino. “Ainda não temos uma avaliação detalhada do serviço, mas não há razão alguma para desconfiar dele. É um site com aspirações dignas e nobres”, diz Sandra Minuitti, porta-voz do Charity Navigator, instituição com sede nos Estados Unidos que avalia ações de caridade.

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Até o momento, vinte pedidos de ajuda médica já foram publicados no site. Desses, 19 alcançaram rapidamente a meta estipulada. “Estou impressionado com a velocidade”, afirma o médico americano Rick Hodes, que vive e trabalha na Etiópia, onde trata de pacientes com doenças cardíacas e câncer. Hodes está prestes a receber o primeiro financiamento para cuidar de dois jovens etíopes que sofrem de problemas no coração. Mais de cem pessoas colaboraram via Watsi, contribuindo com 3.000 dólares para o tratamento. “Espero que o modelo de financiamento se popularize. É a chance de usuários de internet do mundo todo ajudarem doentes que estão muito longe delas”, diz Hodes.

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