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Para CEO da Deezer, comprar MP3 é hábito em extinção

"No futuro, gerenciar esses arquivos entre diferentes dispositivos não vai fazer sentido", diz o CEO da empresa francesa de streaming de música, Axel Dauchez. "O conceito de propriedade vai mudar"

Por Renata Honorato
28 abr 2013, 11h45

Comprar MP3 é um hábito em extinção. É o que diz Axel Dauchez, CEO da Deezer, plataforma francesa de streaming de música, em entrevista ao site de VEJA. Dauchez, claro, é o principal interessado em tornar sua previsão uma realidade. Mas os números estão do seu lado: os serviços de streaming já dominam 86% do faturamento do mercado da música digital no Brasil. Para ele, o sucesso do modelo “Netflix da música” não se deve só ao preço da mensalidade (menor que a de um único disco vendido avulso) ou ao tamanho do catálogo (milhões de músicas). “As pessoas não assinam um serviço de streaming só porque ele é mais barato, mas para escutar música a partir de qualquer gadget. A localização física da música não significará nada no futuro. O conceito de propriedade vai mudar.” O executivo veio ao Brasil pela primeira vez para anunciar o lançamento global de um novo recurso, o smart caching. Trata-se de um aplicativo que identifica e memoriza as faixas mais tocadas, oferecendo acesso instantâneo a elas. Além de economizar dados do plano 3G, o novo recurso faz com que os smartphones consumam menos bateria. É com este tipo de munição que a Deezer se prepara para competir com o Spotify, maior serviço de streaming do mundo, que desembarca no Brasil ainda este ano. Dauchez garante que a chegada do rival não assuta. Ao contrário: “Quanto mais as pessoas estiverem catequizadas para utilizar um determinado serviço, mais o mercado cresce. Por isso eu digo: ‘Welcome to Brazil, Spotify'”.

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Como o senhor avalia a versão local da Deezer após três meses de operação no Brasil? O Brasil é um país muito ligado à música e há algo especial por aqui. Já pensávamos em vir ao país há três anos, porque acreditamos no potencial da região. Em janeiro de 2013, quando finalmente abrimos nossa operação no Brasil, o país se tornou o nosso segundo maior mercado atrás da França em apenas um dia. Nosso palpite é que os brasileiros gostam de testar coisas novas.

O Brasil continua em segundo lugar no ranking da Deezer? Sim, atrás somente da França, cuja base segue em expansão.

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Qual a estratégia da Deezer para aumentar o uso de seu aplicativo nas plataformas móveis? Nosso objetivo é melhorar cada vez mais a experiência do usuário e por isso temos uma equipe de inovação muito atenta às novidades. Nossa missão é melhorar o engajamento das pessoas com a música e por isso a Deezer investe muito em recomendações editoriais, feitas por pessoas, e não somente em recomendações através de algoritmos.

Qual a importância da recomendação editorial? Esse tipo de recomendação é eficaz, especialmente no caso de novas bandas ou músicas. Queremos fazer com que a Deezer motive os usuários a testarem novas coisas. Essa é a nossa ambição.

O senhor disse ao jornal britânico The Guardian que a compra de MP3 está fadada à morte. Por que o senhor acredita nisso? Na verdade, o que quis dizer é que conceitualmente a compra de MP3 deixará de ser um hábito. Eu acho que os usuários assinarão serviços de streaming em vez de adquirir um ou mais arquivos MP3. Não acho que as pessoas deixarão de baixar músicas, mas acredito que elas tenderão a abrir mão da propriedade de uma faixa ou de um álbum. No futuro, ter que gerenciar esses arquivos entre diferentes dispositivos já não vai fazer sentido. A localização física da música já não significará nada. As pessoas não assinam um serviço de streaming só porque ele é mais barato, mas para escutar música a partir de qualquer gadget. O conceito de propriedade vai mudar.

O Spotify, que é o maior serviço do setor, está vindo para o Brasil. Como a Deezer encara a chegada de um concorrente deste porte? Nós precisamos da boa concorrência. Claro que sempre tentaremos oferecer um serviço melhor, mas precisamos deles. Um serviço se torna autoexplicativo à medida que ele é usado. Quanto mais pessoas estiverem catequizadas para utilizar um determinado serviço, mais o mercado cresce. Por isso eu digo: “Welcome to Brazil, Spotify”

Como a grande adesão dos brasileiros às redes sociais, como o Facebook, pode ajudar no crescimento da Deezer? A Deezer está integrada às redes, e é importante aumentar sua penetração, mas essa não é a nossa única preocupação. Por ora, criar uma comunidade para a Deezer tem um peso maior. O nosso objetivo é oferecer uma experiência social baseada na música. E isso é diferente do que o Facebook oferece agora.

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Qual a importância das plataformas móveis para o negócio da Deezer? Não acreditamos que a experiência “mobile” seja individual. Por isso estamos investindo em ferramentas de comunidades, que permitem aos usuários acessar as músicas dos amigos. Isso não funciona muito bem nos computadores, mas é muito utilizado nos smartphones. Em vários momentos é mais interessante checar o que seus amigos estão escutando do que o que estão fazendo no Facebook.

Como tem sido a relação da Deezer com as gravadoras? As gravadoras estão contentes e acreditam nesse modelo – tanto as pequenas, quando as majors. Elas têm nos ajudado a popularizar os serviços de streaming de música.

Como o Netflix ajudou o setor de streaming de música? A Deezer costuma usar o Netflix para explicar o que é o serviço. Algo como “o Netflix de música”. Mas as duas propostas são bem diferentes. As pessoas escutam mais música do que assistem a filmes. A experiência é diferente. O Airbnb também foi importante para o mercado porque ele oferece uma experiência e não a venda de um produto físico. É uma mudança no conceito de propriedade.

Qual será o próximo passo da Deezer? Globalmente teremos muitas melhorias. Acreditamos que a grande revolução virá do engajamento das pessoas com a música. Em curto prazo, vamos melhorar a conectividade. A qualidade das redes 3G e 4G não é satisfatória em muitos locais. Em países como o Brasil, cuja extensão geográfica é gigantesca, esse problema é ainda mais latente.

A Deezer tem planos de lançar o serviço também nos Estados Unidos? Há alguns anos, não tínhamos planos de lançar o serviço nos Estados Unidos, porque o mercado é complexo e há muitos concorrentes. Hoje, no entanto, temos uma posição diferente. Não temos nada fechado, mas não descartamos essa possibilidade.

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