Obama se reúne com Google, Apple e AT&T para falar sobre espionagem
Encontro também teve a participação de defensores do respeito à privacidade
O presidente americano Barack Obama se reuniu nesta quinta-feira com executivos de grandes companhias de tecnologia, como Apple, Google e AT&T, para falar sobre os programas de vigilância de seu governo. Segundo o jornal digital Politico, participaram do encontro o CEO da Apple, Tim Cook, o CEO da AT&T, Randall Stephenson, e o engenheiro Vinton Cerf, considerado um dos pais da internet e atualmente funcionário do Google. Grupos de defesa do direito à privacidade também foram representados.
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Detalhes sobre os programas secretos de vigilância da administração democrata foram revelados pelo técnico de informática Edward Snowden, ex-funcionário da CIA e da empresa Booz Allen Hamilton, que presta serviços para a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). As informações que o americano repassou à imprensa expuseram as longas garras da espionagem do governo Barack Obama e deixaram os defensores das liberdades civis estarrecidos. Principalmente, porque, ainda candidato, Obama criticou os programas de vigilância de seu antecessor, o republicano George W. Bush, e prometeu fazer um “governo da transparência”. No poder, não só manteve as operações como as ampliou.
A Casa Branca não confirmou imediatamente a realização da reunião, que também não foi mencionada na agenda pública do presidente. Além disso, as empresas não anunciaram suas impressões sobre o encontro. Ainda no início de julho, os jornais The Guardian e Washington Post divulgaram que a inteligência americana pode consultar áudios, vídeos, fotografias, conteúdos de e-mails, arquivos transferidos e conexões dos usuários de nove gigantes da internet, incluindo Google e Apple. As duas empresas negaram liberar acesso direto aos seus servidores, como indicado pelas reportagens. Acrescentaram que só forneciam informações sobre usuários mediante pedido judicial.
Após as revelações, o presidente americano defendeu os programas de vigilância dizendo que eram operados sob uma base legal, com supervisão do Congresso. E que eram ferramentas importantes no combate ao terrorismo. Falou ainda sobre a necessidade de se buscar um equilíbrio entre o monitoramento e a proteção à privacidade.
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Snowden, por sua vez, fugiu dos Estados Unidos antes mesmo de admitir ser o delator. Foi primeiro para Hong Kong e depois, para a Rússia, ficando mais de um mês na zona de trânsito do aeroporto de Moscou, impedido de sair por ter tido seu passaporte cancelado. Autoridades americanas o acusam de espionagem e o governo quer que ele seja julgado nos EUA. O técnico de informática solicitou asilo a mais de vinte países, incluindo o Brasil, recebeu ofertas de Venezuela, Nicarágua e Bolívia e acabou conseguindo asilo temporário na Rússia, onde seu advogado afirmou que ele pretende construir “uma nova vida”.
(Com agência France-Presse)