Microsoft planeja sucessão de Steve Ballmer
Em entrevista, Bill Gates disse esperar trabalhar um tempo considerável com o novo presidente da empresa que fundou
Os cofundadores da Microsoft começam a planejar a sucessão do presidente Steve Ballmer, que já anunciou sua saída nos próximos meses, segundo o jornal The Wall Street Journal. Em entrevista ao jornal Financial Times, Bill Gates comentou a troca de comando de sua empresa, entre outros assuntos, como suas reflexões sobre a influência da tecnologia na construção de um mundo melhor. “Apesar de a tecnologia ser o máximo, não há uma previsão otimista de quando ela passará a suprir os mais desfavorecidos em suas necessidades mais básicas”, disse Gates.
Esse argumento, lembrou Gates, foi dito por ele ao colunista do jornal The New York Times Thomas Friedman, em 2005, antes de ele finalizar o livro The World Is Flat, em que o jornalista atribui à internet a entrada de países como Índia e China no mercado de trabalho global. “Vá até esses centros de tecnologia em Bangalore e dê apenas uma espiada em seu entorno, irá ver pessoas vivendo em casas sem banheiro nem água encanada. O mundo não é plano e certamente PCs não são uma prioridade na hierarquia das principais necessidades humanas.”
Gates se esquiva de assuntos relacionados ao futuro da Microsoft na entrevista, mas afirmou que não pretende voltar à direção da empresa nem neste momento de transição, mas revelou que a companhia atualmente tem tomado mais seu tempo do que ele havia previsto. Gates espera gastar um tempo considerável trabalhando com o próximo presidente. Não ficou claro, contudo, na entrevista, se o conselho da Microsoft pediu ajuda a Gates.
O fundador da Microsoft prefere falar sobre os projetos da Fundação Bill & Melinda Gates, fundado por ele e sua mulher em 1997, e para qual tem se dedicado nos últimos cinco anos. A fundação consome 4 bilhões de dólares por ano de sua fortuna para combater a pobreza em países em desenvolvimento. O projeto mais recente, disse Gates, estabelece parceria com a Coca-Cola para usar o mecanismo de distribuição global da multinacional para garantir o resfriamento das vacinas a ser distribuídas em povoados de difícil acesso em Gana, na África.
Também ao Financial Times, o chefe da empresa de investimentos Paul Allen, Paul Ghaffari, disse que o próximo presidente da Microsoft terá que considerar uma divisão na empresa, principalmente no que se refere ao Bing e a unidade de videogames Xbox.
Muitos investidores têm essa visão, mas a Microsoft disse que os negócios funcionam melhor juntos do que separados.
(Com Estadão Conteúdo)