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‘Mark Zuckerberg é o novo Bill Gates’

Em entrevista ao site de VEJA, o jornalista David Kirkpatrick explica como o mais jovem bilionário do mundo se aproxima do fundador da Microsoft

Por Rafael Sbarai
17 set 2010, 19h01

Aos 57 anos, o jornalista David Kirkpatrick tem assistido às rápidas transformações ocorridas no mundo da internet a partir de um ponto de vista privilegiado. Ex-colunista de tecnologia da revista Fortune, ele é dos poucos profissionais da área que conquistou a confiança de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, cuja aversão à imprensa e a entrevistas é notória. Durante 18 meses, Kirkpatrick manteve seis encontros com Zuckerberg, que ajudaram o jornalista a compor o livro The Facebook Effect – The Inside Story of the Company That’s Connecting the World (O efeito Facebook – A história da companhia que está conectando o mundo vista de dentro), que chegou às livrarias americanas em junho e permanece inédito no Brasil. Da investigação, Kirkpatrick tirou a seguinte conclusão acerca da mente por trás da maior rede social do planeta: “Mark Zuckerberg é o novo Bill Gates”, diz o jornalista, comparando a revolução que o jovem empreendedor, de apenas 26 anos, tenta conduzir hoje com a que Bill Gates empreendeu na década de 1980 com o computador pessoal. Na entrevista a seguir, Kirkpatrick fala sobre importância do Facebook no mundo atual e também sobre o filme A Rede Social, a ser lançado no mês que vem nos Estados Unidos, que pretende mostrar os bastidores da epopeia de criação do site. Segundo o jornalista, o filme coloca mais sexo na vida do “tímido” Zuckerberg do que o devido.

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Afinal, Mark Zuckerberg pode ser considerado o novo Bill Gates?

Se existe uma pessoa que se parece com Bill Gates é Mark Zuckeberg. Ele tem a mesma visão e desejo de mudar o mundo, como Gates sempre quis. Assim como o fundador da Microsoft queria colocar um computador em cada residência, Zuckerberg quer ajudar o mundo a se tornar mais aberto e conectado. Outro ponto em comum é o fato de nenhum deles ser obcecado por dinheiro, nenhum deles produziu serviços à sociedade com o objetivo de ficar rico. No entanto, há diferenças. Gates é uma pessoa competitiva que queria vencer a qualquer preço. Zuckerberg está mais orientado a ajudar a vida das pessoas: ele quer que o Facebook seja um produto útil à população conectada.

Qual é a sua relação com ele?

Sempre tive uma boa relação com Zuckerberg. Ele me considera um jornalista responsável, tanto que sempre esteve disposto a conversar comigo. Parece-me um jovem tímido que não gosta de conversar com os jornalistas. E acredito que seja um dos empresários de maior relevância das últimas décadas.

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Por que o Facebook obteve mais sucesso do que qualquer outra rede social?

Zuckerberg não construiu um site apenas para promover interação entre usuários. Ele não foi projetado para que as pessoas façam novos contatos, mas para que reafirmem laços com conhecidos. Logo, a rede pretende fazer com que o usuário se comunique de forma mais efetiva e eficiente. O papel de Zuckerberg hoje é apenas manter a plataforma atualizada. Por isso, ele quer quer desenvolvedores externos criem aplicações para o Facebook, para mantê-lo vivo. Na visão dele, caso a rede não evolua continuamente, será ultrapassada por outro serviço.

Por que não é popular no Brasil?

Ele vem crescendo nos últimos meses. Mas é interessante notar que o país é uma exceção em relação ao resto do mundo. Aos poucos, a rede terá uma oportunidade de se tornar popular. Mas, no Brasil, as atenções ainda estão voltadas para o Orkut.

O Google é realmente o maior rival do Facebook?

O Facebook é empresa mais temida pelo Google. Mas a grande briga entre esses dois gigantes acontecerá nos próximos meses e envolverá o campo da publicidade. Enquanto o Google se baseia em códigos – entenda-se algoritmos – para tentar descobrir o que as pessoas querem, o Facebook usa recomendações de amigos para determinar o que é popular. Mas não acredito que o Google consiga operar uma grande rede social global que atraia milhões de usuários para fora do Facebook.

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O brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, é citado em seu livro?

Enquanto fazia pesquisas para o livro, tentei entrar em contato com Saverin. No entanto, ele se recusou a conversar, pois reivindicava na Justiça uma participação na rede social, já que foi responsável pelos investimentos iniciais. Só que ele nunca acreditou plenamente no Facebook e acabou deixando a empresa, em 2004. Virou personagem de outro livro, The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal (Bilionários por acaso: a criação do Facebook, uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição), obra de Ben Mezrich que serviu de base para o roteiro do filme The Social Network.

Qual sua expectativa em relação ao filme A Rede Social?

Será, com certeza, uma grande peça de entretenimento. No entanto, ressalto: não se trata de um relato preciso dos dias inicias do Facebook. É muita ficção. Eu mesmo estou ansioso para vê-lo, mas acredito que não dirá algo importante sobre Mark Zuckerberg. Será mais um espetáculo de Hollywood do que uma obra verdadeira. As várias cenas de sexo que constam do livro e do filme não são baseadas em relatos verídicos.

Afinal, o que Zuckerberg pensa sobre privacidade, um dos calcanhares de Aquiles do Facebook?

Eu dedico um capítulo do meu livro à polêmica envolvendo privacidade. Sou da opinião de que a responsabilidade de disponibilizar informações na rede é do usuário. No Facebook, há o controle de informações, mas há quem acredite que as redes sociais permitem um mundo mais transparente.

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Com o Facebook, vivemos em um mundo de menos privacidade?

Sim. Neste ano, o Facebook divulgou sua nova plataforma, a Open Graph, que pretende colocar a rede social como um objeto onipresente em nossas vidas: acessaremos muitos sites e compartilharemos conteúdos de qualquer página da web por meio do Facebook. O site virou nossa identidade digital.

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