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“Fiz algo que era exclusivo de quem estava no Vale do Silício”

O argentino que criou o Perguntados, único game latino a entrar para o Apple Watch, conta como transformou o jogo em sucesso mundial

Por Marina Morelli
7 Maio 2015, 16h48

O argentino Maximo Cavazzani é o nome por trás do Perguntados (Trivia Crack, em inglês), único game latino a entrar para o Apple Watch e o jogo mais baixado em todo mundo em 2014. O engenheiro de software de 29 anos conseguiu reunir mais de 150 milhões de downloads e mais de 22 bilhões de jogadores dedicados. De acordo com ele, o segredo para isso é simples: “bastou criar um jogo em diversas línguas, com perguntas específicas para cada região e grande interação dos usuários”.

Cavazzani começou querendo desenvolver aplicativos que julgava “sérios”, como um sistema para ajudar em aplicações financeiras, mas logo percebeu que o mundo dos games era mais rentável. De acordo com o site Think Gaming, só pelo iPhone seu aplicativo tem um lucro de mais de 27 739 dólares por dia. É quase 1 milhão de dólares mensais. Hoje, sua empresa tem seis jogos disponíveis para download, entre eles o sucesso que ganhou o prêmio de “Best App” no Kid’s Choice Awards Latin America 2014, prêmio realizado pelo canal infantil americano Nickelodeon.

No game, o jogador gira uma roleta virtual e deve responder a uma questão em 30 segundos. São seis categorias (artes, ciência, entretenimento, esportes, geografia e história) e ganha quem tiver maior número de acertos. Cavazzani veio a São Paulo como palestrante do Tela Viva Móvel, evento anual que reúne empreendedores de tecnologia. Na entrevista a seguir, explica como chegou ao sucesso e defende que latino-americanos têm tudo para entrar no universo da tecnologia – e vencer.

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Qual fórmula usou para transformar seu aplicativo em um dos mais baixados do mundo? Comecei esse caminho, de criar apps, em 2007, quando ainda estava na faculdade. Resolvi fazer o primeiro aplicativo de finanças para o iPhone, que tinha acabado de ser lançado. Em um ano, ele teve meio milhão de usuários. Depois disso, decidi que queria crescer no ramo e fundei a Etermax, uma empresa de softwares voltados para finanças. Anos depois, percebi que queria sair dessa e partir para novidades, e resolvi começar com um game. Em 2012, lançamos o Apalabrados (um palavras-cruzadas digital), que se tornou o app mais baixado do ano na Espanha. Com essa experiência, percebemos que havia uma grande demanda de jogos em línguas diferentes do inglês. Assim, em outubro de 2013 criamos o Perguntados. Hoje, ele tem 22 milhões de usuários diários. Fiz algo que antes era exclusivo de quem estava no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Chegar ao topo das paradas na disputada indústria de apps.

Mas há uma razão por trás do sucesso? A novidade foi a criação de um game que, além de estar disponível em doze línguas, pode ser moldado pelos jogadores. As perguntas que estão no sistema vêm dos próprios usuários. Recebemos mais de 1 milhão de sugestões por dia. Analisamos se é relevante e se colocamos ou não no jogo. Isso garante um estoque sempre atualizado e permite que os usuários recebam questões próprias de sua região. Ou seja, as que aparecem para alguém na Argentina são diferentes das do Brasil. Assim o app se tornou personalizado para cada cultura.

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Como recebeu a notícia de que o game seria o único de desenvolvedores da América Latina no lançamento do Apple Watch? A Apple me ligou antes do lançamento dizendo ‘precisamos desse jogo no relógio’. O impacto não é tão grande em termos de lucro. Mas a Apple é um símbolo, certo? Então, a sensação de realização foi incrível. Não pude receber o Watch antes, mas agora já o tenho e gosto do produto. A Apple observa cada detalhe de seus lançamentos e essa é a mesma filosofia que adoto. Foco nas minuciosidades.

É diferente desenvolver apps para telas distintas, como smartphones e relógios? Sim. Há maneiras de desenhar um único código e colocá-lo em diversas plataformas, mas isso resultaria em 90% de perfeição. Para ser bem feito mesmo, é preciso criar cada um separadamente. Pensamos no design antes e isso torna mais fácil com que o código fonte se adapte a telas diferentes.

O que falta para as empresas da América Latina concorrerem de igual para igual com outros hubs de tecnologia? Afinal, o senhor ainda é a exceção por aqui. Anos atrás eu diria que precisávamos de mais financiamento. Conseguir algum dinheiro, ao menos na Argentina, era muito difícil. Além disso, ninguém acreditava que uma empresa de games conseguiria ser construída em meu país. Mas hoje acho que o que falta são os bons exemplos que motivam os empreendedores novatos. Lá no Vale do Silício há centenas de pessoas tentando desenvolver um projeto e apenas uma ou duas conseguem ser bem-sucedidas. Isso faz com que todos queiram ser o próximo sucesso. Quando não há exemplos por perto, existe o medo de arriscar. Temos muitos engenheiros latinos qualificados que só precisam de alguém que fale ‘vá lá, você consegue!’.

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