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‘Eu compro música na internet’

Crescimento da venda de música digital no país prova que a ideia de que brasileiros só baixam música ilegalmente está ficando velha

Por Por James Della Valle
4 fev 2012, 16h26

“Gasto em torno de duzentos reais por mês, em média, e é importante saber que os artistas serão remunerados no final das contas. “ – Ronaldo Bastos, empresário

O mercado brasileiro de música digital pode não ser dos mais proeminentes do planeta, principalmente se comparado aos 4,6 bilhões de dólares arrecadados ao redor do mundo em 2010. Contudo, números provam que a ideia de que todos baixam música ilegalmente no país está ficando velha. Em 2006, segundo dados oficiais da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), o faturamento com a venda de fonogramas digitais era de apenas 8,5 milhões de reais, número que saltou para 54 milhões em 2010 – um avanço de 535%. A servir esse público que voltou (ou começou) a pagar por música estão lojas virtuais como a Terra Sonora e a UOL Megastore, além de operadoras de telefonia e serviços de streaming.

Apesar da boa perspectiva, é importante lembrar que, desde sua chegada ao país, esse mercado passou por um caminho tortuoso, permeado por problemas como pirataria ou mesmo a falta de confiança do consumidor em relação à compra on-line. “O modelo de venda de música por download chegou ao Brasil na década passada e encontrou um mercado ainda pouco maduro, muito prejudicado pela pirataria”, aponta Rodrigo Flores, diretor de conteúdo da UOL Megastore. “Felizmente, a situação atual é outra. O cliente já aceita pagar por músicas e vídeos sob demanda”, diz o executivo sinalizando que o setor, apesar de novo, está em franca expansão.

Música Digital
Música Digital (VEJA)

Hoje, a indústria da música digital está dividida em dois modelos distintos: download e streaming. O primeiro é baseado na veda direta de arquivos MP3, que são baixados e armazenados em dispositivos eletrônicos do usuário, como PCs, celulares, tablets ou dispositivos dedicados à reprodução dos fonogramas. A segunda opção é encarada por muitos como o futuro do mercado. Baseado em assinaturas mensais, o serviço de streaming permite que as pessoas escutem suas músicas em trânsito e a qualquer momento – desde que tenham acesso à internet.

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O modelo tem muito mais força em aparelhos como computadores e smartphones, que geralmente estão conectados à internet. “Acredito na capacidade. Ele virou uma tendência que pode ajudar as companhias a cultivarem o hábito de pagar por música na internet, algo que não faz parte da cultura dos brasileiros”, afirma Paulo Lima, diretor comercial da empresa iMusica, especializada em distribuição e gerenciamento de conteúdo digital – que, aliás, fornece músicas de grupos nacionais independentes para gigantes como a Apple e Amazon.

O que dizem os consumidores de música digital na internet

Mariá Portugal
Mariá Portugal (VEJA)

“Nunca comprei MP3. Prefiro os serviços de streaming que oferecem a possibilidade de montar rádios inteligentes. Você paga uma mensalidade e escuta músicas sem limites ou restrições.” (foto: Daniel Lopes Rodrigues)

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Mariá Noronha Portugal, 27 anos musicista

Gustavo Giglio
Gustavo Giglio (VEJA)

“Compro música digital pela facilidade de adquiri-la em quantidade e com qualidade. Acredito que essa barreira da compra seja cultural – mesmo simples, o processo precisa ser aprimorado, divulgado e incentivado.”

Gustavo Giglio, 30 anos, publicitário

Ronaldo Bastos
Ronaldo Bastos (VEJA)

“Além de não apoiar a pirataria, os serviços oficiais são ótimos para conhecer artistas que combinam com meu gosto. Gasto em torno de duzentos reais por mês, e é importante saber que os artistas são remunerados no final .”

Ronaldo Bastos, 36 anos, sócio do site Click Jogos

Gustavo Ziller
Gustavo Ziller (VEJA)
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“Por 14 reais por mês, tenho todas as músicas que gosto em um só lugar. Como tudo fica hospedado na nuvem – e acessível em smartphes, tablets e PCs – parei de comprar CDs e agora me dedico ao vinil, como colecionador.”

Gustavo Ziller, 37, empresário

De acordo com Lima, o setor que aproveita melhor essas duas opções é o de telefonia celular, que tem um público acostumado com o pagamento por pequenos itens virtuais, como jogos, e serviços. “Os usuários de telefones móveis sempre pagaram por conteúdo. Começou com ringtones, que eram caros, e agora os serviços de música”, aponta. “É interessante notar que boa parte das classes C, D e E, que geralmente não tem acesso à banda larga, compra muita música para ouvir em seus aparelhos”, diz. Toda essa facilidade vem de um detalhe descoberto há tempos pelas operadoras: a possibilidade de fazer as cobranças pelos serviços junto com as contas enviadas aos consumidores, o que facilita a transação. “É possível incluir o valor dos gastos em uma fatura, sem a necessidade de pagar com um cartão de crédito ou boleto separado”, diz o executivo.

A operadora TIM, por exemplo, criou a Tim Music Store – lançada em 2007 – para entrar no mercado de músicas digitais. Para garantir sua clientela, a companhia desvinculou os downloads de seus arquivos do sistema de tráfego de dados, garantindo o pagamento apenas pelo conteúdo baixado. Tudo entregue em uma mesma conta. “A operadora está muito atenta a todo esse movimento de mercado e acredita que ainda há muito mais espaço para crescimento do que se imagina, principalmente, no mundo dos dispositivos móveis. Afinal, queremos quer incentivar ainda mais a compra de música digital e a navegação”, informou a empresa via e-mail.

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Mesmo com tantas formas de “evangelizar” o consumidor, a pirataria ainda é uma constante para a indústria fonográfica. De acordo com a Associação Antipirataria de Cinema e Música, a indústria fonográfica perde cerca de 500 milhões de reais por ano com a venda conteúdo nos formatos físico e digital. O valor é alto, mas, estável – diferentemente da compra legal de conteúdo, que, como visto, continua em alta. Com a chegada do iTunes e o aumento da popularidade do streaming, essa a situação pode ficar ainda melhor. “A pirataria é uma barreira inquestionável para a consolidação de um modelo que trabalhe exclusivamente com download de música”, diz Rodrigo Flores. “Por isso o mercado parece caminhar para o streaming simples, onde você paga para ter acesso irrestrito a uma grande base musical, e o streaming com a possibilidade de download de faixas, para quem gosta de ouvir músicas off-line”, explica o executivou ao demonstrar que os novos modelos de negócios já nascem com a capacidade de diminuir a troca ilegal de arquivos.

iTunes: ameaça ou salvação para o mercado nacional?

Após 8 anos, no dia 13 de dezembro de 2011, a Apple finalmente liberou no Brasil o acesso à porção da loja virtual iTunes dedicada à venda de músicas digitais. Com seus 20 milhões de fonogramas, o serviço oferece, por enquanto, apenas a opção de download de conteúdo, mas, a companhia baseada em Cupertino, nos Estados Unidos, já estuda alterações em seus planos de negócios, com um sistema de distribuição em nuvem, utilizando o iCloud.

Com a chegada da loja que revolucionou a música digital no mundo, nada mais normal do que temer pelas iniciativas já presentes no país, certo? Talvez não, pelo menos de acordo com representantes locais. Para Tiago Ramazzini, diretor do site Terra Sonora, o mercado vê esse novo empreendimento com bons olhos. “É certo que acrescenta ao que temos hoje no país. No entanto, não o vemos como um competidor direto, já que, por enquanto, ele trabalha apenas com a venda de arquivos, enquanto nós oferecemos opções de streaming também”, afirma o executivo ao lembra que o sentimento é compartilhado pelos concorrentes.

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A operação começou no Brasil com grandes nomes da música, como Roberto Carlos, Ivete Sangalo e Marisa Monte. Contudo, hoje, o único artista nacional que permanece no top 10 da loja é o cantor sertanejo Michel Teló, com o hit Ai se Eu te Pego. Veja abaixo quem concorre com a loja da Apple por aqui. Clique no nome do serviço para obter mais informações.

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