Vitor Lourenço é um jovem de sorte: é o único brasileiro a trabalhar no Twitter. Aos 22 anos, ele vive em São Francisco, na Califórnia (EUA), e tem um emprego com que muita gente sonha: não tem horários fixos e, cada quinta-feira, participa de encontros regados a pizza e cerveja com os colegas para compartilhar projetos para a ferramenta. Se o happy hour ocorrer fora da empresa, encontra algumas das melhores cabeças do Vale do Silício (o “melhor lugar do mundo para se trabalhar com internet”, nas palavras dele), profissionais que atuam no Google, Apple, Pixar, Yahoo! e Microsoft, entre outras gigantes de tecnologia e criatividade. Na entrevista a seguir, Lourenço fala sobre sua rotina no Twitter e também sobre o futuro da ferramenta, que, para ele, terá vida longa na web.
O que mudou no seu trabalho desde a última conversa com VEJA.com?
Lançamos diversas funcionalidades e aprimoramentos na interface do Twitter. Entre os principais lançamentos posso citar a nova home, um site 100% novo para dispositivos móveis, novas sugestões de usuários baseadas em categorias, trending topics locais, a funcionalidade de criar e seguir listas, compartilhar tweets com seus seguidores através dos retweets, e mais recentemente a possibilidade de adicionar o posicionamento geográfico nas mensagens.
O futuro do Twitter é a geolocalização?
Não diria que se resume à geolocalização, mas esse é sem dúvida um vetor muito interessante para o consumo de informações relevantes para os usuários.
O Twitter sofre problemas para responder à demanda de dúvidas dos usuários. Por que isso acontece?
Temos melhorado muito neste aspecto. A maior parte das dúvidas recentes tem sido respondida em 48 horas. Outros trabalhos têm sido feitos para diminuir a necessidade de realmente abrir um chamado para solucionar uma dúvida simples. Lançamos uma nova central de ajuda, que vem sendo aprimorada gradativamente.
Na sua opinião, qual o futuro de ferramentas como Foursquare e Gowalla (redes sociais de recomendações entre amigos), que hoje fazem sucesso nos EUA?
Essas ferramentas já possuem integração com o Twitter desde seu lançamento. Acredito que ambas possuem um futuro extraordinário e resolvem problemas interessantes, possibilitando visualizar onde seus amigos estão em um exato momento, além de oferecer dados sobre os locais mais frequentados em uma determinada área.
O português é o terceiro idioma mais popular no Twitter. Quando sairá uma versão da ferramenta na nossa língua?
Não tenho previsão, mas certamente vai acontecer.
Já há mais brasileiros trabalhando na empresa?
Infelizmente, ainda sou o único brasileiro por aqui. Mas estamos sempre contratando pessoas talentosas, de diversos lugares do mundo.
Qual o perfil de quem trabalha no Twitter?
Profissionais talentosos com passagens por empresas como Google, Apple, Pixar, Yahoo! e Microsoft. Em termos de cultura, nacionalidade e idade, não existe um padrão específico, e sim uma grande diversidade.
Você cumpre horário fixo ou a postura da empresa é menos rígida?
Não temos um horário específico. Cada um trabalha da maneira que considerar mais eficiente. Particularmente, prefiro chegar um pouco mais tarde, pois gosto de trabalhar durante a madrugada. Minha rotina se divide entre o design e implementação de novas funcionalidades e melhorias na experiência de uso.
Como é trabalhar em uma região conhecida pela concentração de start-ups, empresas jovens de alta tecnologia? Existe um intercâmbio entre elas?
Tenho contato diário com pessoas que sempre admirei – e que jamais imaginei que conheceria pessoalmente. Não existe lugar melhor no mundo para se trabalhar com internet do que o Vale do Silício – as empresas mais importantes do mundo estão aqui. A cultura de inovação é constante, e as pessoas estão muito mais abertas a novas idéias e possibilidades.
Você costuma encontrar colegas de trabalho fora da empresa? O que costumam fazer e a que lugares vão?
Sim, a maioria da equipe costuma se ver frequentemente fora do ambiente de trabalho. Também existem encontros constantes com profissionais de outras empresas. Entretanto, muita coisa acontece aqui mesmo dentro do escritório. É comum encontrar os engenheiros e designers compartilhando pizzas e cervejas durante a noite de quinta-feira, trabalhando em projetos paralelos chamados “Hackathon” (maratonas noturnas onde o objetivo é construir coisas interessantes para o Twitter). É realmente muito divertido.
O Twitter tem vida longa na web?
Sem dúvida. Mas a web é apenas uma camada. Oferecemos uma API (estrutura de software) aberta, que permite a desenvolvedores integrar o Twitter em qualquer plataforma e dispositivo. Cada vez mais observamos usos criativos e inusitados. Por exemplo, já existem plantas que “twittam” quando precisam de água, e fornos de padaria que avisam seus seguidores quando o pãozinho francês está saindo do forno. Não existem limites criativos para construir algo em cima de nossa plataforma.
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