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Campus Party deixa tecnologia em segundo plano para promover empreendedorismo

Em sua sétima edição, evento de tecnologia reduz conteúdo voltado aos entusiastas de tecnologia e aposta em orientar interessados em criar startups

Por Claudia Tozetto e Renata Honorato
2 fev 2014, 09h19

Quem participou desta edição da Campus Party, evento de tecnologia realizado em São Paulo que termina neste domingo, encontrou bancadas repletas de computadores e enfrentou muito calor para estar no maior grupo de “geeks” por metro quadrado do Brasil. Em 2014, mais de 8.000 pessoas passaram a semana em barracas no Anhembi Parque, 150% a mais que na primeira edição. Embora o formato do evento permaneça igual, a essência da Campus Party passou por grandes mudanças em 2014.

Agora, mais do que reunir várias tribos de nerds para estimular a troca de conhecimento, o objetivo dos organizadores da Campus Party é promover novos negócios. “Como éramos apaixonados pela internet, nossa intenção no início era estar junto com outras pessoas com os mesmos interesses”, diz Paco Ragageles, co-fundador da Campus Party, em entrevista ao site de VEJA. “Mas o mundo mudou e nosso principal objetivo agora é ajudar essa galera empreendedora.”

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O propósito atual, no entanto, rompe com a missão original da Campus Party. O evento foi criado na Espanha e, quando chegou ao Brasil em 2008, costumava estimular os participantes a desenvolver projetos em conjunto com outros campuseiros e se divertir. Focada nos entusiastas de tecnologia, a maior parte da programação do evento era composta por palestras e oficinas práticas com conteúdo aprofundado em áreas como robótica, desenvolvimento de aplicativos, software livre e redes sociais.

Em 2014, porém, o empreendedorismo e as startups dominaram o evento. A Campus Party realizou mais de 40 palestras sobre o tema, o dobro do total da edição no ano passado. Áreas como software livre e desenvolvimento, populares entre os campuseiros, tiveram 33 atividades cada na programação deste ano. Antes, o número era superior: em 2013, a Campus Party teve 35 palestras relacionadas a software livre e 45 atividades que abordaram desenvolvimento de software.

As atrações especiais sempre foram o destaque da Campus Party. Entre os ícones que passaram pelo palco principal estão Tim Berners-Lee, um dos criadores da internet, Steve Wozniak, co-fundador da Apple, e Buzz Aldrin, um dos astronautas americanos a pisar na Lua. Neste ano, Bruce Dickinson, vocalista da banda de rock Iron Maiden, foi a atração principal, apesar de não atuar na área de tecnologia. Ele falou sobre sua experiência à frente de duas empresas do setor de aviação e deu conselhos aos empreendedores.

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Demanda reprimida – De acordo com o co-fundador da Campus Party, a mudança de foco do evento atende a um desejo cada vez maior entre os participantes. “Este ano dedicamos um palco para palestras que ajudem essas pessoas que têm uma ideia e querem transformá-la em uma empresa. Também criamos uma área com 250 startups com maior potencial e convidamos mais de 100 fundos de investimento para participar do evento”, diz Ragageles.

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A Telefônica/Vivo, maior patrocinadora do evento, também acredita que a Campus Party precisa apoiar as startups. Durante o evento, executivos da Wayra, aceleradora de startups da Telefônica, orientaram campuseiros interessados em criar uma empresa. “Criamos um campeonato de planos de negócio, onde eles podem aplicar suas ideias”, diz Carlos Pessoa, diretor da Wayra para o Brasil. O melhor projeto será acompanhado por um mentor ao longo deste ano.

Para o estudante Pedro Azevedo, 23 anos, a mudança de foco da Campus Party reflete o novo perfil dos campuseiros. “Acho que quem está aqui desde a primeira edição está amadurecendo, querendo transformar suas ideias em negócios”, diz Azevedo. Ele participa do evento desde a primeira edição e seu principal interesse é pesquisar novas ideias na área de computação para levar para a universidade.

Outro motivo da ênfase da Campus Party em promover negócios, para o campuseiro Vinícius Sacramento, 26 anos, é aumentar a credibilidade do evento no mercado. “Muita gente acha que todo mundo vem aqui para só para se divertir, que a Campus é uma lan house gigante. Se startups de sucesso saírem daqui, as pessoas vão olhar o evento de uma forma diferente”, diz Sacramento.

Universidade do futuro – Embora a Campus Party ainda tenha que provar que apostar no empreendedorismo não afastará os campuseiros veteranos, o evento oferece um modelo que favorece a inovação. Ao visitar o evento pela segunda vez, Cezar Taurion, evangelista de tecnologia da IBM no Brasil, destacou o fato de os participantes assistirem palestras, ao mesmo tempo em que navegam na internet e se divertem com os amigos.

O ambiente aberto, segundo ele, estimula a troca de ideias. “As universidades não estão preparando os profissionais para a sociedade digital. Ela ainda funciona no modelo com os professores falando e os alunos assistindo”, diz Taurion. “A universidade do futuro está aqui. Cada um aprende no seu ritmo e pode estudar o que acha interessante, tudo isso num ambiente informal.”

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Contudo, Taurion reconhece que a Campus Party, com seus participantes correndo de um lado para o outro em busca de brindes e do carrinho de água para diminuir a sensação de calor, não é o local ideal para fazer negócios. “É um evento para troca de ideias, não imagino que ninguém vá comprar empresas aqui. Não há clima para isso.”

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