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Fotografia analógica sobrevive com novas câmeras retrôs

Resultados imprevisíveis atraem profissionais e entusiastas da fotografia

Por Da Redação
2 set 2012, 08h23

Em 2009, a chamada fotografia tradicional, baseada no uso de filmes sensíveis à luz, foi ferida aparentemente de morte. A gigante Kodak anunciou o encerramento da fabricação do filme Kodachrome, que fora sinônimo de fotografia nas décadas antereriores, usado por nove em cada dez máquinas. Dois anos antes, a Polaroid havia desistido de produzir filmes e máquina de revelação instantâna (a decisão seria revertida mais tarde). A razão do ocaso do modelo era clara: a ascensão irresistível da fotografia digital, que aposenta o filme e armazena imagens em milhões de bits. A fotografia analógica, contudo, não morreu. E como tudo que é muito velho parece novo, ela ressurge, em pequena escala, é verdade, embalada por modelos de máquinas retrôs e pelos cliques de gente velha e gente nova.

A razão do ressurgimento da máquina que usa filme e exige revelação pode ser esclarecida pelas palavras de André Takeda, de 38 anos, diretor de criação e primeiro embaixador da Lomographic Society no Brasil, grupo que reúne amantes das fotografias feitas com as câmeras da marca russa Lomo PLC, criada em 1914. “O retorno da fotografia analógica pode ser comparado ao retorno do disco de vinil. Ambos são palpáveis: eu vejo o rolo fotográfico, posso tocar o negativo, assim como o LP. Com os arquivos digitais, isso é impossível.” Com os vinis, ouvem-se os ruídos. Com a fotografia digital recuperam-se as imperfeições. Essa é outra razão a animar os amantes das câmeras retrôs, que, ao contrário de suas descententes digitais, não permitem prever o resultado dos cliques. “Curiosamente, as pessoas buscam no passado uma nova forma de capturar e expor a imagens que veem.”

As novas máquinas homenageiam os antigos modelos. E para arrebatar a atenção dos interessados introduziram alguns recursos especiais, como filtros e lentes especiais. Alguns modelos introduzem efeitos (ou defeitos) na captação de imagem, uma espécie de emulação de um recurso próprio dos tempos digitais, o aplicativo Instagram. Entre as preferidas dos aficionados, está a Lomo LC-A, considerada como uma máquina bem imprevisível. Ou seja: a revelação volta a ser uma completa surpresa.

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O modelo chegou oficialmente ao Brasil em 2011, pelas mãos da rede Lomography, criada em 1992 pelos estudantes austríacos Matthias Fiegl and Wolfgang Stranzinger. Eles decidiram dar nova vida à marca Lomo PL após experimentarem as antigas câmeras durante uma viagem pela Europa. De acordo com Gabriel Fruchi Delfim, gerente da franquia em São Paulo, a empresa expandiu sua linha para 22 câmeras, divididas em diversas subcategorias por cores e funcionalidades. Os modelos mais populares são a Diana, compatível com diversos acessórios, a Fish Eye, com seu efeito olho de peixe, e a própria LC-A. O público é heterogêneo e, segundo Delfim, muita gente adquire os modelos para “se manter na moda”. “Os mais jovens seguem a tendência das câmeras analógicas por ser algo divertido e diferente. Mas nós temos alguns clientes mais dedicados que produzem resultados surpreendentes”, diz.

No primeiro semestre deste ano, a Fujifilm, antiga rival da Kodak, anunciou uma mudança em seu plano de negócios. A companhia japonesa, que já reduziu muito sua linha de produtos devido à ascensão digital, vai aumentar o preço cobrado por seus filmes “substancialmente”. A empresa vê aí uma oportunidade de lucro entre os usuários de câmeras analógicas. “Com filme, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Isso explica a paixão pela velha fotografia analógica”, diz Takeda.

Opinião de quem usa

“Acho que uma fotografia analógica pode ser comparada a um vinil. Principalmente porque são coisas visíveis e palpáveis. Eu vejo o rolo, eu posso tocar o negativo.”

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André Takeda, 38 anos

Paula lomo
Paula lomo (VEJA)

“Fiquei empolgada e acabei comprando duas câmeras. No primeiro ano, tirei muitas fotos, mas com o tempo comecei a achar que não valia a pena gastar tanto tempo e dinheiro. Acho que as analógicas já não cabem no estilo de vida digital que temos hoje.”

Paula Artioli, de 28 anos

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