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Nobel de Medicina foi beneficiado pela própria descoberta

Vítima de câncer, Ralph M. Steinman morreu na sexta-feira, mas sobreviveu mais tempo do que o esperado graças ao tratamento que ajudou a desenvolver

Por Da Redação
3 out 2011, 13h33

Morto na última sexta-feira, o cientista canadense Ralph M. Steinman, laureado nesta segunda-feira com o prêmio Nobel de Medicina, foi um dos beneficiados pela descoberta que lhe rendeu a homenagem. O pesquisador foi premiado junto a Bruce A. Beutler e Jules A. Hoffmann por suas contribuições ao estudo do sistema imunológico humano. Os trabalhos dele e dos outros dois cientistas foram cruciais no desenvolvimento de novas vacinas contra doenças infecciosas, e de novas abordagens na luta contra o câncer – o que inclui as chamadas “vacinas terapêuticas”, que estimulam o sistema imunológico a destruir tumores. Vítima de câncer no pâncreas, Steinman sobreviveu mais tempo do que o esperado pelos médicos justamente por causa de sua descoberta.

Em 1973, Steinman descobriu um novo tipo de células, as dendríticas, e começou a investigar seu papel no sistema imunológico. O cientista canadense demonstrou que estas células possuíam uma capacidade única para ativar os linfócitos T, fundamentais na imunidade adaptativa e no desenvolvimento de uma memória imunológica contra diferentes substâncias

As pesquisas de Steinman apontaram para a importância das células dendríticas como um acessório único e importante no gatilho de várias respostas imunológicas, incluindo situações clínicas como rejeições de enxerto, resistência a tumores, doenças autoimunes, infecções e aids. Deste modo, Steinman conseguiu revelar como o sistema imunológico adaptativo é ativado e como se relaciona com a imunidade congênita.

A notícia da morte do cientista pegou de surpresa os responsáveis pela premiação. Segundo nota da Universidade de Rockefeller, divulgada pouco após o anúncio do prêmio, ele morreu no último dia 30, aos 68 anos. “Ele foi diagnosticado com câncer de pâncreas há quatro anos, e a vida dele se prolongou graças à aplicação de uma imunoterapia à base de células dendríticas que ele mesmo criou”, disse o comunicado. Em nota, a filha de Steinman, Alexis, disse que seu pai ficaria honrado com o prêmio. “Estamos sensibilizados de saber que os anos de trabalho duro do nosso pai foram reconhecidos com o Prêmio Nobel”, disse Alexis. “Ele dedicou sua vida ao seu trabalho e a sua família e estaria verdadeiramente honrado”.

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Desde 1974, porém, as regras da premiação impedem a concessão do título póstumo – a não ser que o agraciado morra no período transcorrido entre a concessão e a entrega do mesmo. O Comitê Nobel para Medicina terá de decidir a maneira que o prêmio será entregue. “Acabamos de receber a informação. O que podemos fazer agora é apenas lamentar que ele não possa experimentar a alegria de vencer o prêmio”, disse Göran Hansso, secretário do Comitê,n à agência de notícias sueca TT. “Não nomearemos novos vencedores, esta é a nossa decisão. Como faremos na prática para entregar o prêmio é algo que teremos de investigar. Estamos examinando as regras.”

O cientista dividiria o prêmio de 1,5 milhão de dólares (cerca de 2,8 milhões de reais) com Beutler e Hoffman. “Estudaremos as consequências práticas que isto terá durante os próximos dias junto com a Fundação Nobel”, afirmou Hansson. O secretário admitiu que “em princípio” não é possível premiar quem já morreu. Ele indicou, contudo, que se trata de uma “situação única”, já que Steinman perdeu a vida “horas antes de a decisão ser tomada”.

(Com agências EFE e France-Presse)

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