Cientistas britânicos afirmam que o transplante de útero em humanos deverá se tornar realidade dentro de dois anos. O anúncio, feito durante uma conferência sobre fertilidade nos Estados Unidos, oferece uma alternativa a mulheres que desejam engravidar, mas que nasceram sem útero ou tiveram que retirá-lo devido a doenças como câncer.
A esperança surgiu após um estudo de uma equipe de pesquisadores de Londres, Nova York e Budapeste, que conseguiram solucionar um problema crucial nesse tipo de procedimento: como manter a irrigação do órgão transplantado. Mas o experimento, liderado por Richard Smith, do hospital Hammersmith, foi feito apenas em coelhos.
A pesquisa envolveu cinco coelhos doadores e cinco receptores, operados no Royal Veterinary College, em Londres, através de uma técnica que conecta os principais vasos sanguíneos, inclusive a aorta. Dos animais que receberam o órgão, dois sobreviveram por mais dez anos após o transplante – e morreram por causas não ligadas à operação.
Caso testes em animais maiores também apresentem bons resultados, mulheres impossibilitadas de engravidar por ausência de útero ganharão uma alternativa à barriga de aluguel ou à adoção. De acordo com os pesquisadores, elas terão que se submeter à fertilização in vitro e só poderão dar à luz por meio de cesariana. Além disso, mesmo que bem sucedido, o transplante será temporário, para evitar rejeição do organismo. O tempo, contudo, será suficiente para suportar uma gestação.
Em 2000, uma saudita de 26 anos foi a primeira mulher a receber um transplante de útero, mas um dos vasos que irrigava o órgão desenvolveu um cóagulo e ele teve que ser removido três meses depois.