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Terapia antirretroviral não elimina vírus HIV do sêmen

Pesquisa americana aponta que, em um grupo de 83 pacientes soropositivos que não tinham o vírus detectável no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen

Por Da Redação
28 mar 2012, 08h37

O uso diário de drogas antirretrovirais no tratamento do HIV já se mostrou eficaz em evitar a transmissão do vírus entre casais heterossexuais. Mas, de acordo com um estudo recente publicado no periódico Aids, a terapia não consegue suprimir completamente o vírus do sêmen de homens HIV positivos. A pesquisa, realizada com 101 homens já diagnosticados com HIV que fazem sexo com homens, apontou que, dos 83 que não tiveram o vírus detectado no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen.

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ANTIRRETROVIRAIS

Esse grupo de medicamentos surgiu na década de 1980 e atua no organismo impedindo a multiplicação do vírus. Eles não matam o HIV, mas ajudam a evitar que ele se reproduza e enfraqueça o sistema imunológico da pessoa infectada. Por isso, seu uso é fundamental para prolongar o tempo e a qualidade de vida do portador de Aids. Desde 1996 o Brasil distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 19 medicamentos, divididos em cinco classes diferentes. Para combater o HIV é necessário utilizar pelo menos três antirretrovirais combinados, sendo dois medicamentos de classes diferentes.

A descoberta, alertam os pesquisadores da Universidade de Boston, pode indicar um potencial risco de transmissão entre esse grupo de homens, que são altamente suscetíveis à infecção pelo HIV. Aproximadamente 33,3 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV/Aids, sendo que 2,6 milhões de novas infecções acontecem todos os anos. O sexo feito sem proteção (sem o uso de camisinha) é a causa mais comum de transmissão, e o sêmen de homens infectados é uma importante fonte do vírus.

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Apesar da epidemia de HIV/Aids ser distribuída em porcentagens iguais entre homens e mulheres na África Subsaariana (principal foco da doença), no resto do mundo a divisão não é igualitária. Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, por exemplo, a maioria dos casos está concentrada entre o grupo de homens que fazem sexo com homens (o termo homossexual não se aplica a esse grupo de homens, uma vez que ele engloba demais orientações sexuais, como a bissexualidade).

A terapia com o coquetel de antirretrovirais, considerado o tratamento primário para o HIV/Aids, consiste numa combinação de drogas potentes. Geralmente, esses medicamentos conseguem suprimir os níveis de HIV tanto no sangue como no sêmen, evitando a transmissão do vírus entre parceiros sexuais. Entretanto, o grupo de homens estudado tem uma alta prevalência de doenças sexualmente transmissíveis (DST), que são um conhecido fator de risco para a transmissão do HIV.

Pesquisa – Para o levantamento, foram recrutados 101 homens. Todos tiveram medidos os níveis de HIV no sangue e no sêmen. Os níveis do vírus no sêmen foram ainda correlacionados com outras possíveis variáveis clínicas, comportamentais e biológicas. Descobriu-se, então, que 18% dos homens tinham o HIV no sangue, apesar de estarem em tratamento com antirretrovirais. Desses, metade tinha o vírus também no sêmen.

No entanto, dos 83 homens que não tiveram o HIV detectado no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen. A detecção do HIV no sêmen foi altamente associada ao comportamento sexual de alto risco (desprotegido), a infecções transmissíveis sexualmente e inflamações genitais. “Nossos estudos fornecem evidências de que infecções e inflamações genitais são comuns em homens que fazem sexo desprotegido com homens. Esses fatores podem facilitar a infecção pelo vírus no trato genital, mesmo quando a terapia com antirretrovirais está sendo feita e não há detecção do HIV no sangue”, diz Joseph Politch, coordenador do estudo.

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Como esse grupo de homens é mais vulnerável à infecção pelo HIV do que os heterossexuais, a descoberta tem um importante significa clínico. “Esses homens podem acabar acreditando que têm risco baixo, por conta dos medicamentos. Mas, até que informações mais precisas estejam disponíveis, é prudente o uso de camisinhas”, diz Politch.

Os pesquisadores esperam agora estender a pesquisa para estudar os efeitos das novas linhas de drogas antirretrovirais. Isso porque esses novos medicamentos podem ter efeitos diferentes na supressão do vírus em diferentes partes do corpo. “Isso pode ter uma implicação importante na prevenção do HIV”, diz Kenneth Mayer, coautor do estudo.

Clique nas perguntas abaixo para saber mais sobre o HIV/Aids:

*O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.

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