Saliva dos pais é a melhor forma de limpar a chupeta do bebê, diz estudo

Pesquisa sugere que a prática faz com que crianças recebam microrganismos 'do bem' que fortalecem o sistema imunológico e as protegem contra alergias

Por Da Redação
7 Maio 2013, 09h14

Bebê com chupeta (Getty Images/VEJA/VEJA)

Esqueça sabão, álcool ou água da torneira. Pesquisadores suecos sugerem que a melhor maneira de uma mãe limpar as chupetas de seu filho quando elas caírem no chão é higienizá-las com a sua própria saliva. Isso porque a prática, embora pareça anti-higiênica, não só ajuda a proteger os bebês dos micróbios presentes no chão, como também transfere a eles microrganismos “do bem” vindos da saliva materna. Esses microrganismos, por sua vez, fortalecem o sistema imunológico da criança e reduzem o risco de elas terem alergias. Essas conclusões vieram a partir de um estudo feito na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Pacifier Cleaning Practices and Risk of Allergy Development

Onde foi divulgada: periódico Pediatrics

Quem fez: Bill Hesselmara, Fei Sjöbergc, Robert Saalmanb, Nils Åberga, Ingegerd Adlerberthc e Agnes Wold

Instituição: Universidade de Gotemburgo, na Suécia

Dados de amostragem: 184 crianças

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Resultado: Pais que limpam as chupetas de seus filhos com suas próprias salivas transmitem mais microrganismos ‘do bem’ a seus filhos, fotalecendo o sistema imunológico das crianças e diminuindo o risco de elas terem alergia

Participaram da pesquisa 184 bebês. Quando eles tinham quatro meses, um ano e meio e três anos de idade, os cientistas recolheram amostras da saliva dessas crianças para analisar os tipos de bactérias que viviam no organismo de cada uma. Os pais dos participantes relataram de que forma costumavam limpar as chupetas de seus filhos. Ao longo do estudo, os autores também observaram se as crianças apresentaram alguma alergia.

Quando completaram um ano e meio de idade, 25% das crianças do estudo apresentaram eczema (ou dermatite atópica, grupo de condições em que a pele fica irritada ou inflamada), 15% apresentaram algum tipo de alergia alimentar e 5% haviam sido diagnosticadas com asma.

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De acordo com o estudo, porém, as crianças cujas chupetas eram limpas com a saliva de seus pais eram mais propensas a ter uma variação maior de tipos de bactérias benéficas à saúde em seus organismos. Elas apresentaram cerca de 30% menos riscos de ter eczema, que é considerado como o primeiro sinal de alergia em crianças até os 18 meses, em comparação com crianças que tinham suas chupetas higienizadas de outra forma. Esse efeito protetor da saliva dos pais se manteve quando as crianças atingiram os três anos de idade.

Ainda de acordo com a pesquisa, pais que limpam a chupeta de seus bebês não parecem transmitir a eles mais infecções, como gripes e resfriados, por exemplo. Isso porque a média de 1,5 resfriado que as crianças pegaram durante seus primeiros seis meses de vida foi a mesma independentemente da maneira com que seus pais higienizavam as suas chupetas.

Opinião do especialista

Marcio Moreira

infecto-pediatra do Hospital Albert Einstein

“Esse estudo é muito bem feito e interessante. Os resultados da pesquisa foram inesperados, pois nós temos o conceito de que a saliva dos pais para limpar a chupeta dos filhos é algo anti-higiênico, e temos preconceito em relação a isso.

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“Existe um extenso estudo inglês, feito com milhares de crianças durante 20 anos, que formou uma ‘teoria da higiene’. Essa pesquisa mostrou que as crianças de classe sociais mais baixas eram aquelas que mais se expunham à sujeira e as que apresentavam menos asma e dermatite. Essa nova pesquisa reforça essa tese.

“No entanto, isso não quer dizer que agora todos os pais devem limpar a chupeta dos bebês com suas salivas – e nem que os médicos vão passar a recomendar a prática. Para que isso ocorra, mais estudos são necessários para observarmos se o mesmo resultado se repete. Até porque lavar a chupeta com água e sabão continua sendo uma prática saudável.

“Esse estudo é importante para mostrar que os pais não precisam ser tão preconceituosos em relação a seus filhos terem contato com sujeira. Não tem problema deixar as crianças brincar com o cachorro ou que o bebê engatinhe no chão. Não precisamos ser histéricos, é preciso ter bom senso. A pesquisa abre os horizontes e mostra que não precisamos ter esse preconceito todo.”

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