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No Brasil, refeição saudável está virando coisa do passado

Estudo do IBGE mostra que o consumo de arroz e feijão diminui, enquanto a compra de produtos industrializados cresce. A dieta ficou menos balanceada

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h37 - Publicado em 16 dez 2010, 09h45

Segundo os dados do IBGE, foi possível identificar “características negativas dos padrões de consumo alimentar em todo o país e em todas as classes de renda” pesquisadas

O cardápio do brasileiro está mudando – e para pior. A quantidade média de arroz e feijão comprada pelas famílias diminuiu, enquanto a aquisição de comida industrializada e refrigerantes para consumo em casa cresceu. Além disso, as famílias estão consumindo menos frutas e hortaliças do que é recomendado para uma dieta saudável. É o que revelam os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

De acordo com os dados, entre 2002-2003 e 2008-2009, a aquisição per capita do arroz caiu 40,5%; a do feijão, 26,4%; e a do açúcar refinado, 48,3%. No mesmo período considerado pelo estudo, houve um aumento de 39,3% na aquisição de refrigerante sabor cola. O levantamento também indicou que o brasileiro está comendo mais comida pronta. Segundo os dados, houve um crescimento na proporção da participação de comidas industrializadas na dieta, passando de 5,7% para 6,4% no caso dos pães e de 3,3% para 4,6% no consumo de refeições prontas.

A pesquisa mostrou ainda que, em seis anos, a disponibilidade alimentar diária caiu de 1.791 kcal para 1.611 kcal – o que, segundo o instituto, reflete o aumento do consumo de comida fora de casa. No período de 2002-2003, o montante total destinado para a alimentação fora de casa no orçamento das pessoas era de 24,1%. Em 2008-2009, os gastos com consumo alimentar fora do domicílio saltou para 31,1%. Segundo o IBGE, foi possível identificar “características negativas dos padrões de consumo alimentar em todo o país e em todas as classes de renda”.

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A dieta brasileira não está totalmente balanceada para atingir parâmetros saudáveis. Para uma alimentação ideal, recomenda-se a disponibilidade de entre 55% e 75% para carboidratos, de 10% a 15% para as proteínas e entre 15% e 30% para calorias lipídicas (de gorduras). Entre 2008-2009, a quantidade de carboidratos na dieta representava 59% das calorias, 12% eram proteínas e 29%, lipídios. Há um excesso, porém, no consumo de açúcar, que representa 16,4% das calorias totais, quando o indicado é 10%. Além disso, frutas, verduras e legumes correspondiam a 2,8% das calorias no período analisado. Recomenda-se que esses tipos de alimentos tenham de 9% a 12% de participação de uma dieta de 2.000 kcal. O consumo de gorduras, especialmente as saturadas, é elevado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Consequências – Os produtos que são escolhidos para compor o carrinho de compras afetam diretamente a saúde da população. “Está havendo uma mudança nutricional no padrão alimentar do brasileiro e sabemos que o impacto disso é o aumento de sobrepeso e de obesidade. Isso pode causar diabetes, problemas cardiovasculares e até ao câncer”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern.

Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, acredita que a falta de tempo e o ritmo acelerado das grandes cidades influenciam o consumo de alimentos industrializados. “As pessoas têm menos tempo para cozinhar, então elas compram alimentos prontos”, afirma. “O problema é que elas não sabem interpretar o que está no rótulo e fazem opções menos saudáveis”.

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Segundo levantamento do IBGE, as pessoas compram menos açúcar no mercado. Ao mesmo tempo, a participação do açúcar na alimentação diária está acima do recomendado. “É como um bolo de chocolate. Se a pessoa prepara em casa, ela tem como dosar a quantidade ideal de açúcar. Como não há tempo, ela compra o bolo pronto e consome o que já estava na receita”, diz. “Como o açúcar é um alimento altamente palatável, há um consumo excessivo. As pessoas ingerem uma quantidade exagerada de calorias e engordam”.

Luciana Martins

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