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Quase metade dos médicos do país não tem especialização

Para CFM, esse número é preocupante e mostra que população está exposta a atendimento pouco qualificado e a profissionais menos experientes

Por Vivian Carrer Elias
25 fev 2013, 19h07

Quase metade dos médicos em atividade no Brasil não possui um título de especialista, que é emitido por sociedade de especialidade ou obtido com a conclusão de residência médica. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), as regiões do país que concentram o menor número de profissionais, como a Norte e a Nordeste, são as mesmas que possuem menos médicos especializados. O CFM considera esse dado “preocupante”, já que, mesmo sem nenhuma especialização, os médicos podem exercer qualquer ramo da medicina, o que acaba expondo a população a um atendimento menos qualificado.

Esses números fazem parte do estudo Pesquisa Demografia Médica no Brasil 2: Cenários e Indicadores de Distribuição, desenvolvido pelo CFM em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). De acordo com o levantamento, dos 388.015 médicos do país, 180.136 deles, ou 46%, não têm especialidade. Se excluídos os profissionais mais jovens, que ainda não ingressaram ou não concluíram o curso de especialização, e os mais velhos, que desistiram de tentar uma vaga em residência médica, restam ainda 88.000 médicos sem especialização – 22% do total de profissionais no país.

Segundo Desiré Callegari, conselheiro federal e diretor de comunicação do CFM, a legislação do Brasil permite que qualquer médico graduado, mesmo sem ter feito residência médica, exerça qualquer especialidade médica. “Esses médicos que, por algum motivo, não obtêm especialização costumam ir para áreas da medicina que necessitam de mais profissionais, como na atenção primária de saúde ou nos atendimentos de urgência ou emergência”, disse Callegari ao site de VEJA. “A população acaba sendo exposta a profissionais menos experientes e qualificados nesses atendimentos. O médico exerce a sua profissão com pouca experiência em relação a diagnósticos e orientações de tratamentos, por exemplo.”

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Falta de vagas – Desiré Callegari considera que esse dado é um reflexo do aumento do número de vagas em faculdades de medicina, da má qualidade do ensino médico e do problema de falta de vagas em residências médicas para todos os estudantes da área. “Essa abertura indiscriminada de cursos de medicina está nos colocando em um caminho errado”, diz.

Para Roberto Luiz d’Avila, presidente do CFM, cabe ao governo “proporcionar um sistema formador em condições de atender essa demanda reprimida e os futuros egressos das escolas. Todos devem ter a possibilidade de aperfeiçoar sua formação, o que resultará em benefícios diretos para o paciente e a sociedade”, diz. Ele acredita que a solução não está em criar ainda mais vagas em cursos de medicina, mas sim garantir uma estrutura adequada de pós-graduação, como número de vagas suficientes e de boa qualidade.

Regiões – Outros dados desse mesmo estudo do CFM divulgados na última semana já haviam revelado que, embora o número e a proporção de médicos por habitantes no Brasil aumentem a cada ano, a distribuição dos profissionais ao redor do país continua sendo um problema. Enquanto no Sudeste são 2,67 profissionais disponíveis para cada 1.000 pessoas, na região Norte há um médico para o mesmo número de habitantes.

Os números da pesquisa divulgados nesta segunda-feira mostram que a maior concentração de médicos em determinadas regiões também vem acompanhada por um maior número de profissionais que têm um ou mais títulos de especialização e vice-versa. Ou seja, no Sudeste estão 56% de todos os médicos em atividade do país e 54,5% de todos os profissionais brasileiros que possuem especialização. Por outro lado, o Norte concentra 4,26% de todos os médicos do Brasil e apenas 3,5% dos especializados do país.

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Especialidades concorridas – Ainda de acordo com dados do estudo do CFM divulgados nesta segunda-feira, apenas sete das 53 áreas médicas reconhecidas no Brasil concentram 53% dos profissionais no país. A pediatria é a especialidade mais procurada pelos médicos brasileiros, concentrando 11,2% de todos os profissionais do país. Em seguida, estão ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral, clínica médica, anestesiologia, medicina do trabalho e cardiologia.

Por outro lado, as dez especialidades menos procuradas concentram apenas 2,2% de todos os médicos do país. Entre as três menos procuradas estão a radioterapia (0,19%), a cirurgia de mão (0,15%) e a genética médica (0,07%). “O governo deveria, além de criar mais vagas de residência médica, olhar para as especialidades as quais o Brasil mais carece, e suprir essa necessidade”, diz Callegari.

Tabela CFM
Tabela CFM (VEJA)
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