Quantidade e qualidade dos espermatozoides estão diminuindo entre os espanhóis
Estudou mostrou que, na última década, a concentração de espermatozoides no sêmen desses homens caiu. No entanto, isso não quer dizer que o número de indivíduos inférteis necessariamente tenha aumentado no país
Um estudo publicado na edição deste mês do periódico Andrology concluiu que a fertilidade dos homens espanhóis está piorando ao longo dos anos. Isso porque, segundo a pesquisa, a qualidade e a concentração de espermatozoide no sêmen desses indivíduos diminuíram na última década. Em 2001, a média da contagem de esperma de homens que habitam a região sudeste do país era de 72 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen. Em 2011, esse número passou a ser de 52 milhões.
Conheça a pesquisa
TÍTULO ORIGINAL: Sperm counts may have declined in young university students in Southern Spain
ONDE FOI DIVULGADA: Periódico Andrology
QUEM FEZ: Jaime Mendiola, Niels Jørgensen, Lidia Mínguez-Alarcón, Laura Sarabia-Cos, José López-Espín, Guillermo Vivero-Salmerón e Alberto Torres-Cantero
INSTITUIÇÃO: Universidade de Murcia, Espanha
DADOS DE AMOSTRAGEM: 488 homens de 18 a 23 anos de idade
RESULTADO: A concentração de espermatozoides no sêmen de homens espanhóis vem diminuindo na última década, assim como a qualidade dos espermatozoides, como por exemplo a mobilidade.
A contagem de esperma de um homem é uma medida que calcula a quantidade de espermatozoide por mililitro de sêmen. Quando esse número é superior a 39 milhões, considera-se que o indivíduo é saudável; abaixo dos 20 milhões, que ele tem baixa contagem (oligospermia); e, menos do que 10 milhões, que é infértil. Pesquisas feitas com homens de outros países já vêm mostrando que essa contagem está em queda nos últimos anos – entre os franceses, por exemplo, a concentração de espermatozoides por mililitro de sêmen passou de 74 milhões para 50 milhões entre 1989 e 2005.
A nova pesquisa, desenvolvida na feita na Universidade de Murcia, na Espanha, foi feita com base nos dados de 488 homens de 18 a 23 anos que moravam em Almeria ou em Murcia, dois municípios localizados no sudeste do país. Os autores do estudo coletaram amostras do sêmen desses participantes duas vezes: uma em 2001 e outra dez anos depois, em 2011. Além de observarem que a contagem do esperma desses indivíduos diminuiu, os pesquisadores também descobriram que 40% deles apresentaram alterações em ao menos uma característica que indica a qualidade do espermatozoide, como a mobilidade, por exemplo.
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No entanto, como explicam os autores do estudo, o fato de a qualidade e a concentração dos espermatozoides dos espanhóis terem diminuído não significa que aumentou o número de homens inférteis no país – esse dado não foi abordado pela pesquisa, segundo Alberto Torres Cantero, coordenador do trabalho. Mesmo assim, Cantero considera que os resultados são preocupantes, já que, caso a taxa de queda da concentração dos espermatozoides continue a mesma, os homens poderão alcançar uma média perigosa, que pode levá-los à infertilidade.
Por esse motivo, a equipe considera que mais pesquisas sobre o assunto são necessárias para esclarecer as causas que estão desencadeando essa redução e as formas de prevenir o problema. “Acreditamos que adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma boa alimentação, por exemplo, seja uma forma de prevenção. Mas ainda não temos bases científicas para propor medidas na prática clínica”, diz Cantero.