Primeira vacina contra malária tem resultados positivos
Se aprovada pelas agências reguladoras internacionais, a vacina poderá estar disponível em outubro. A imunização é a grande esperança no combate à doença, principalmente na África
A primeira vacina contra a malária chegou à fase final de testes e apresentou proteção parcial de até quatro anos em um terço das crianças imunizadas. Apesar da eficácia limitada, os resultados foram vistos com entusiasmo pelos pesquisadores, já que foi a única imunização até agora a ter sucesso em estudos clínicos avançados. Os dados finais foram publicados nesta sexta-feira na revista científica The Lancet.
Se aprovada pelas agências reguladoras internacionais, a vacina poderá estar disponível em outubro. Atualmente, a malária mata 660 000 pessoas todo ano. Na África Subsaariana, região mais afetada pela doença, 1 300 crianças morrem diariamente — o equivalente a uma por minuto. No Brasil, o número de casos de malária tem diminuído, com 178 000 doentes e 41 mortes no ano passado.
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De acordo com o estudo, no primeiro ano após a vacinação, os casos foram reduzidos em 50% naqueles que receberam as doses entre 5 e 17 meses de idade. Após 4 anos, contudo, a eficácia caiu para 36%, em comparação com as crianças que não foram imunizadas.
A pesquisa mostrou ainda que as doses sozinhas não apresentaram proteção significativa contra casos severos da doença. No entanto, quando complementadas com o reforço, houve uma redução de 32% nos episódios graves. Os bebês imunizados com menos de cinco meses de idade tiveram apenas 26% de proteção contra malária ao longo de três anos.
“Apesar da queda da eficácia ao longo do tempo, ainda há um claro beneficio da vacina” afirmou Brian Greenwood, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que participou do estudo.
Durante duas décadas, a vacina RTS,S/AS01 foi desenvolvida em parceria pelo laboratório GlaxoSmithKline e pela Fundação Bill & Melinda Gates. Para os especialistas, a imunização será uma das muitas armas contra a malária, assim como uso de mosquiteiros tratados com inseticida, testes rápidos de diagnóstico e medicamentos.
(Da redação)