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É possível melhorar o cérebro?

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h39 - Publicado em 25 Maio 2010, 22h30

O inglês Ben Pridmore, vencedor do campeonato mundial de memorização, é capaz de decorar a sequência de um baralho completo em menos de 30 segundos. Algumas pessoas, no entanto, são incapazes de lembrar os números registrados na agenda de telefone, o horário de um compromisso ou as várias senhas cadastradas na conta do banco, cartão de crédito ou e-mail. Ao contrário do que se possa imaginar, a habilidade de Pridmore não o faz um gênio. Assim como as pessoas que esquecem os itens necessários enquanto fazem compras no mercado não estão com problemas graves de memória.

Segundo pesquisas científicas, a memória pode ser treinada. “Exercitar a memória é essencial em um momento que temos uma tecnologia que a substitui. Estudos comprovam que quanto mais você usa sua memória, melhor ela fica – o que é crucial para a saúde mental”, afirma a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, diretora do Laboratório de Neuroanatomia Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora do livro Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor.

Para a neurocientista, exercícios para a memória são capazes de ensinar truques, rotinas e associações que podem ajudar na memorização. “Muitas vezes, uma pessoa acredita que tem problema de memória, mas na verdade é falta de atenção ou algo que é possível treinar. Os jogos são apenas uma motivação para as pessoas se interessarem”, diz a especialista. Suzana é consultora do portal Cérebro Melhor, empresa ligada à rede multinacional Scientific Brain Training (SBT), que visa o treinamento cerebral por meio de exercícios que pretendem aprimorar a memória, atenção, linguagem, raciocínio lógico e visão espacial.

Estratégia – “O programa ajuda as pessoas a descobrir suas reservas cerebrais e aprender a usá-las de forma eficiente. O objetivo é desenvolver o cérebro para as atividades cotidianas, transferindo as estratégias aprendidas através dos jogos para a vida real”, explica Franck Tarpin-Bernard, executivo da SBT e professor de Ciência da Computação do Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Lyon. Disponível também em inglês, francês, alemão e japonês, o site existe há dez anos e recebe 180.000 usuários por ano.

Popular nos Estados Unidos e Europa, a eficácia do “treinamento cerebral” foi questionada recentemente por um estudo publicado na revista científica Nature. Os pesquisadores convidaram mais de 8.600 pessoas, entre 18 e 60 anos, para jogar games desenvolvidos para melhorar a memória, raciocínio e outras habilidades. O tempo destinado ao jogo era de dez minutos por dia, três vezes por semana. Outro grupo de 2.700 pessoas passou o mesmo período navegando na internet e respondendo questões de conhecimentos gerais.

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Segundo as conclusões, não houve uma diferença significativa de melhora no primeiro grupo, em relação ao segundo. “Quanto maior o tempo e a frequência que uma pessoa passa treinando, melhor o resultado. Infelizmente, essa pesquisa passou uma mensagem nociva, já que todo o resto da neurociência mostra conclusões contrárias”, diz Suzana.

Mente ativa – Em geral, o desempenho da memória pode ser afetado por stress, pouco tempo de sono e falta de exercício mental. Além disso, com o envelhecimento, o cérebro inicia um processo de declínio natural das funções cognitivas. “Em pessoas com mais de 50 anos, a perda de memória tem razões variadas: desde efeitos colaterais de medicamentos até o Alzheimer”, explica Ivan Okamoto, neurologista do núcleo de envelhecimento cerebral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Não existe receita mágica ou mecanismo especial para obter a memória perfeita. As recomendações médicas nesse sentido seguem o conselho já conhecido por grande parte dos pacientes: estilo de vida saudável. “Atividade física, alimentação balanceada e rotina livre de stress estão entre as orientações para uma mente sadia”, diz Okamoto. “É preciso esclarecer que o jogo não é responsável por deixar uma pessoa mais inteligente. Mas mal não vai fazer. Em alguns casos, é até possível aprender um método de memorizar nomes que pode ser aplicado no cotidiano, como saber as compras do mercardo, por exemplo”, finaliza Okamoto.

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