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Quando a cafeína pode matar

Nos Estados Unidos, dois jovens já morreram após consumir cafeína pura em pó. Segundo a FDA, uma colher de chá da substância equivale a 28 xícaras de café

Por Giulia Vidale
5 Maio 2016, 16h39

A cafeína é uma substância estimulante presente em diversos produtos, como café, chá, refrigerantes, bebidas energéticas, suplementos e até mesmo medicamentos. Utilizada sobretudo por jovens ou por pessoas que precisam ficar acordadas por muitas horas, uma nova forma de consumo da cafeína tem chamado a atenção de autoridades nos Estados Unidos. De acordo com o Mic, site americano de notícias, dois jovens faleceram após consumir cafeína pura em pó e, agora, senadores pedem que o órgão regulatório americano Food and Drug Administration (FDA) proíba sua comercialização.

A cafeína em pó é, em geral, utilizada pela indústria como matéria-prima para produtos que contém o produto. A Coca-Cola, por exemplo, utiliza 34 mg de cafeína pura (cerca de 1/64 de uma colher de chá) para produzir uma lata de 350 ml da bebida, de acordo com o jornal americano The New York Times. O problema é que a substância é vendida pela internet para pessoas físicas, em sacos com diversas opções de quantidade e apenas uma colher de chá da substância (aproximadamente 10 g) corresponde a cerca de 28 xícaras de café – uma dose de cafeína potencialmente letal. O grande problema, segundo o órgão, é que é quase impossível medir de forma precisa a quantidade “segura” da substância usando apenas utensílios habituais de cozinha. “Medidas de volume, como colheres de chá, não são precisas o suficiente para calcular quantos miligramas de cafeína tem na dose”, alerta a FDA.

No Brasil, consegue-se comprar o produto pela internet, em sites estrangeiros.

Segundo Daniel Magnoni, nutrólogo do Hospital do Coração, em São Paulo, estudos mostram que, em qualquer organismo, a ingestão de mais de 20 xícaras de café por dia pode causar alterações digestivas e cardíacas. Entretanto, a dose tóxica de cafeína irá variar de acordo com a idade, peso e até mesmo alimentação de cada um. “No caso da cafeína em pó, por exemplo, se a pessoa estiver em jejum antes de ingeri-la, a absorção do composto será muito mais rápida, o que pode aumentar o risco de overdose. De qualquer forma, independente destes fatores, não é recomendada a ingestão de mais de cinco xícaras diárias de café ou o equivalente em outras bebidas cafeinadas.”, explica.

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De acordo com a FDA, os sintomas de overdose de cafeína podem incluir batimentos cardíacos rápidos ou perigosamente erráticos, convulsões e morte. Vômito, diarreia, letargia e desorientação também são sintomas relacionados à toxicidade da cafeína e eles tendem a ser mais graves do que quando relacionados ao excesso de café, chá ou bebidas cafeinadas.

“A cafeína é uma xantina que age no sistema nervoso central ao melhorar a resposta dos neurotransmissores, causando insônia e agitação psicomotora. No entanto, ela também afeta o sistema cardíaco e respiratório e, em altas doses, estimula a produção de secreções do trato gastrointestinal, como o ácido clorídrico. Assim, o excesso de cafeína aumenta a frequência respiratória e cardíaca, podendo propiciar arritmia cardíaca, além de aumentar o risco de gastrite e outros problemas gastrintestinais”, explica Magnoni.

Diante disso, nesta semana, senadores democratas enviaram uma carta ao órgão americano pedindo a proibição da venda de cafeína pura e alegando que, até agora, as ações do FDA em relação a um produto tão perigoso têm sido um desapontamento. Em 2014, após a morte dos dois jovens, o FDA recomendou que as pessoas evitem o consumo de cafeína pura e, em 2015, enviou “cartas de aviso” a cinco distribuidores da substância devido ao alto risco relacionado ao consumo do produto.

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