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Novo aparelho é capaz de prever crises de epilepsia

O dispositivo, implantado no cérebro e no tórax, atua junto a um aparelho que emite sinais luminosos que variam conforme a chance de ocorrer uma crise

Por Da Redação
6 Maio 2013, 14h29

Cientistas desenvolveram um aparelho que, implantado no cérebro, é capaz de prever a ocorrência de crises de epilepsia. O dispositivo atua em conjunto com um implante no tórax, que envia informações a um pequeno aparelho que emite sinais luminosos de cores diferentes para indicar as chances de que uma crise ocorrer nas próximas horas.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Prediction of seizure likelihood with a long-term, implanted seizure advisory system in patients with drug-resistant epilepsy: a first-in-man study

Onde foi divulgada: periódico Lancet Neurology

Quem fez: Mark J Cook, Terence J O’Brien, Samuel F Berkovic, Lucas Litewka, Sean Hosking, Paul Lightfoot, Vanessa Ruedebusch, W Douglas Sheffield, David Snyder, Kent Leyde, David Himes

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Instituição: Universidade de Melbourne, Austrália

Dados de amostragem: 15 pessoas com epilepsia, entre 20 e 62 anos de idade, que tinham entre duas e 12 crises por mês e não haviam conseguido controlar as crises com os tratamentos existentes

Resultado: O aparelho previu corretamente as crises com um alerta de “chances elevadas” em 65% dos casos, e funcionou em mais da metade dos casos em 11 dos 15 participantes.

“Saber quando uma crise vai acontecer pode melhorar drasticamente a qualidade de vida e independência de pessoas com epilepsia”, afirma Mark Cook, principal autor do estudo, publicado no periódico Lancet Neurology.

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O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, em parceria com a empresa americana NeuroVista, que desenvolveu o aparelho de detecção. Implantado entre o crânio e a superfície do cérebro, ele monitora os sinais elétricos do cérebro.

Sinais luminosos – Os pesquisadores também desenvolveram um segundo dispositivo, que é implantado no tórax e transmite os sinais elétricos gravados no cérebro para um pequeno aparelho que emite avisos luminosos de diferentes cores. As cores indicam ao paciente a chance de ele ter uma crise nas próximas horas: para uma chance elevada, as luzes que se acendem são vermelhas. A cor branca indica uma chance moderada e azul representa uma baixa possibilidade.

O estudo teve duração de dois anos e incluiu 15 pessoas com epilepsia, entre 20 e 62 anos de idade, que tinham entre duas e 12 crises por mês e não haviam conseguido controlar as crises com os tratamentos existentes.

Durante o primeiro mês, o dispositivo estava programado apenas para gravar os dados de eletroencefalograma, o que permitiu aos pesquisadores elaborar um algoritmo capaz de prever as crises para cada paciente.

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Acertos – O aparelho previu corretamente as crises com um alerta de “chances elevadas” em 65% dos casos, e funcionou em mais da metade dos casos em 11 dos 15 participantes. Dentre esses 11 voluntários, oito tiveram as crises previstas corretamente entre 56% e 100% do tempo.

A epilepsia afeta, em média, de 1% a 1,5% da população mundial. “As pessoas que têm epilepsia ficam muito bem na maior parte do tempo. Mas suas atividades são limitadas por essa condição, que pode afetar apenas alguns minutos de cada ano de suas vidas, e ainda assim ter consequências catastróficas, como quedas e até afogamentos”, diz Cook.

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De acordo com o pesquisador, o próximo passo da pesquisa será replicar esses resultados e um estudo clínico mais amplo. Para ele, essa estratégia pode levar a uma melhora das estratégias para controle da epilepsia no futuro.

Opinião da especialista

Elza Márcia Yacubian

Neurologista, professora da Unifesp e membro da Academia Brasileira de Neurologia

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“Embora as crises epilépticas possam ocorrer sem aviso algum na maioria dos pacientes, é possível que ocorram mudanças específicas na dinâmica do cérebro antes de uma crise. Assim, por exemplo, algumas mães podem perceber em seus filhos com epilepsia sintomas sutis como alterações comportamentais ou mudanças na expressão facial horas ou dias antes da ocorrência das crises. É possível que esses sintomas se reflitam em alterações elétricas no cérebro, responsáveis pela geração das crises antes do aparecimento das mesmas. Se essas mudanças pudessem ser detectadas de forma segura, ou um estado de maior probabilidade de crises pudesse ser definido, seria possível evitar o tratamento crônico com fármacos antiepilépticos, algumas vezes feito por toda a vida. Assim, o medicamento antiepiléptico poderia ser utilizado apenas quando o risco ou a probabilidade de ter crises fosse iminente.

Até recentemente, todos os estudos sobre a previsão de crises foram baseados em avaliações retrospectivas de registros eletroencefalográficos obtidos com eletrodos implantados diretamente sobre o cérebro. Poucos estudos têm tentado avaliar os chamados ‘algoritmos de previsão’. Neste sentido, os resultados apresentados pelos autores são um marco importante, mostrando pela primeira vez que a previsão das crises é possível.

No entanto, é preciso cautela. Embora os autores tenham demonstrado que o algoritmo de predição funcionou acima do nível do acaso, ainda não esclareceu que se este desempenho também é suficiente para a aplicação clínica. A utilidade deste método obviamente dependerá da forma como diferentes pacientes tolerarão alarmes falsos ou crises perdidas, e sua eficácia deverá ser interpretada de forma individual. Os resultados apresentados sugerem que pelo menos alguns dos pacientes poderiam ser beneficiados pelo sistema de alerta da iminência de crises.”

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