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Pesquisa do Incor pode mudar exame para diagnóstico de doença coronariana obstrutiva

Segunda o estudo, coordenado pela universidade americana Johns Hopkins, a tomografia computadorizada é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia

Por Aretha Yarak
29 ago 2012, 17h34

Atualmente, pacientes com dor torácica, mas sem diagnóstico de infarto, precisam fazer dois exames: o cateterismo, que identifica o grau de obstrução das artérias do coração, e a cintilografia com estresse, que avalia como está o fluxo sanguíneo na região obstruída. Por ser um procedimento invasivo, o cateterismo expõe o paciente a um maior risco de complicações, como perfuração de vasos sanguíneos. E a cintilografia representa exposição à radiação. Ambos os exames devem ser substituídos pela tomografia computadorizada de 320 cortes (TC 320), que produz imagens precisas do coração sem necessidade de cateterismo e com menor radiação (quando comparado ao TC 320, a cintilografia representa uma exposição 50% maior à radiação).

A eficácia do exame foi comprovada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor), que participou do estudo internacional CORE320, validando a técnica para o diagnóstico de doença coronária. Segundo a pesquisa, coordenada pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o exame TC 320 é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia. O estudo foi apresentado nesta terça-feira durante o Congresso Europeu de Cardiologia, na Alemanha.

Saiba mais:

ANGIOPLASTIA

Procedimento realizado para desobstruir uma artéria. É colocado um balão de proporções minúsculas na ponta de um catéter. Esse balão é inflado dentro da artéria danificada, permitindo que o sangue volte a fluir. Em alguns casos, é usado ainda um stent para manter a artéria aberta.

TE 320

Detector de tomografia computadorizada de 320 cortes, que emite sinais de Raio-X e tem forma de arco. É ultrarrápido e, portanto, expõe menos o paciente à radiação. Ele ‘fatia’ em imagens um quadro completo do coração em apenas uma volta em torno do corpo.

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“É preciso decidir como o fluxo sanguíneo foi afetado antes de se decidir pelo tratamento”, diz Carlos Rochitte, coordenador da pesquisa no Incor e primeiro autor do estudo. De acordo com o especialista, cerca de 60% das pessoas que passam pelo cateterismo não têm obstrução ou têm o problema em grau mínimo (o equivalente a até 49% do diâmetro do vaso). “Nessa condição, não é necessário um tratamento invasivo com angioplastia ou cirurgia de revascularização”, diz Rochitte.

O TC 320 entraria, então, para substituir ambos os exames. Ele consegue prever com 89% de certeza quais pacientes não têm obstrução importante – e que não precisam ir para a mesa de cirurgia. O índice de acerto sobe para 93% quando o grupo de voluntários selecionados é de apenas pessoas que não têm histórico de doença coronária prévia.

Nos pacientes com obstruções graves, e que necessitem de intervenção cirúrgica, o TC 320 é mais eficiente em apontar a quantidade e os locais aonde estão instalados esses bloqueios nos vasos. Todos os voluntários serão acompanhados por mais cinco anos, para avaliação de possíveis eventos cardíacos como infarto, internações por problemas no coração e eventuais cirurgias cardíacas.

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Especialista responde

Carlos Rochitte

Coordenador da pesquisa no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor) e primeiro autor do estudo multicêntrico CORE320

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Qual a importância do uso do TC 320 no diagnóstico do problema coronário?

Nosso trabalho é a primeira evidência forte de que a técnica pode ajudar no diagnóstico da doença coronária obstrutiva. Nem todas as obstruções são iguais. Mesmo olhando anatomicamente, é muito difícil identificar se essa obstrução causa uma redução no fluxo sanguíneo sem um procedimento invasivo. Com esse exame é possível ter uma precisão alta se há interferência no fluxo, sem que um exame invasivo seja necessário.

O exame irá baratear o diagnóstico da doença coronária?

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Primeiro, nos preocupamos em validar o método, em garantir que ele fosse, de fato, eficiente. Os custos não foram uma preocupação direta. Mas, para se ter uma ideia do benefício financeiro que ele pode trazer, o cateterismo custa, em média, 8.000 reais e a cintilografia, 1.900 reais. O TC 320 custa 3.300 reais.

Quando ele entrará no rol oficial de exames?

Nosso próximo passo é definir exatamente qual o paciente que precisa do exame. Acreditamos que seja aquele de risco intermediário, mas isso precisa ser definido em projetos científicos. Mas acredito que depois da publicação do trabalho, que está em processo de aprovação por um periódico, os grandes hospitais já irão começar a se preparar para oferecer o exame.

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