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Novo medicamento para câncer de próstata aumenta sobrevida de pacientes com a doença em estágio avançado

Testes mostraram que a droga provoca menos efeitos colaterais e estende a expectativa de vida em cinco meses comparada à quimioterapia tradicional

Por Da Redação
17 ago 2012, 20h18

A fase final de testes clínicos feitos com a Enzalutamida, uma nova droga para tratar câncer de próstata, mostrou que o medicamento promove uma maior sobrevida entre pacientes com a doença em estágio avançado em comparação com a quimioterapia tradicional. O tempo médio em que a expectativa de vida desses homens se estendeu foi de cinco meses e a substância surtiu efeitos colaterais ‘muito mais baixos’ do que as já existentes. Os resultados, publicados nesta quinta-feira no periódico The New England Journal of Medicine, se aplicaram a pacientes que já haviam passado tanto pelos tratamentos hormonais (que são usados como primeira opção) quanto pela quimioterapia.

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PSA

PSA é a sigla em inglês para antígeno prostático específico, uma proteína produzida pelas células da próstata e considerada um importante marcador biológico para determinar quais homens precisam de biópsia e quais deles têm menor risco de desenvolver o câncer de próstata. O exame de PSA sozinho, no entanto, não é capaz de fornecer informações suficientes para determinar se o paciente tem ou não a doença.

“Esse é um grande avanço, pois não somente houve aumento da sobrevivência, mas também a qualidade de vida desses pacientes, com menos efeitos colaterais, foi melhorada”, diz Thomas Flaig, diretor do Centro de Investigação Clínica em Câncer da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Flaig foi um dos autores desse estudo, que ficou conhecido pela sigla AFFIRM.

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A terceira fase dos testes clínicos envolveu 1.199 pacientes que haviam sido diagnosticados com câncer de próstata e cuja doença havia progredido mesmo com tratamentos hormonais e quimioterapia. Dois terços desses homens receberam a droga estudada, a Enzalutamida, e o restante, doses de placebo. A expectativa de vida média dos participantes que tomaram o medicamento foi de 18,4 meses, enquanto a do dos pacientes que receberam placebo foi de 13,6 meses. Além disso, os homens que tomaram a droga apresentaram uma melhora em aspectos como retardamento da progressão da doença e melhores resultados nos exames de PSA.

Mecanismo – De acordo com os autores da pesquisa, quando tomada uma vez ao dia, via oral, essa droga bloqueia a capacidade de as células cancerígenas se ligarem aos andrógenos, hormônios como a testosterona, que ajudam no crescimento do câncer de próstata. Isso acontece pois a própria substância se liga aos receptores de andrógenos das células cancerígenas, tornando-se uma ‘concorrente’ dos hormônios na disputa por esses receptores. “Estamos em um período de renascimento no tratamento médico de câncer de próstata. Mesmo nessa fase inicial, a Enzalutamida é um divisor de águas”, diz Flaig.

Cesar Câmara, urologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que, atualmente, o tratamento que tem como alvo a ação dos hormônios busca bloquear a ação da testosterona. Ou seja, é outro tipo de mecanismo. “No entanto, quando os pacientes passam a ser resistentes a essas drogas, eles recebem a quimioterapia”, diz. “Esse medicamento pode, quem sabe, ser uma ferramente aplicada antes da quimioterapia, adiando a adoção desse procedimento que é tão agressivo.” Para Câmara, embora uma expectativa de vida cinco meses maior pareça pouco, representa um grande avanço no tratamento da doença, especialmente pelo fato de promover esse aumento com qualidade de vida aos pacientes.

Opinião do especialista

Wilson Bachega Junior

Cirurgião oncologista do Hospital A. C. Camargo

“Nós já estávamos de olho para sabermos os resultados dos testes finais dessa droga. É um grande avanço, pois agora sabemos o quanto ela prolonga a expectativa de vida desses pacientes, os seus efeitos colaterais e a sua dosagem. Além disso, os testes foram feitos com um número considerável de participantes.

Novos estudos devem mostrar as outras formas pelas quais o medicamento poderá ser aplicado. Ou seja, se ele é eficaz antes da quimioterapia ser feita ou até mesmo se ele pode ser utilizado como primeira opção de tratamento, inclusive em casos de cânceres localizados (que não tiveram metástase).

Isso representaria um grande avanço, já que seria possível tratar um tumor em fase inicial com um comprimido, e não com um procedimento cirúrgico, que é invasivo. E sem efeitos colaterais. O doente nem sentiria fisicamente o tratamento. É o tratamento que os médicos estavam esperando.

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Novas pesquisas também poderiam mostrar se a droga poderia melhorar os efeitos de outros tratamentos, como a própria quimioterapia ou a radioterapia, garantindo uma maior chance de cura entre pacientes.”

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