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Na Tailândia, Tiago virou Ariadna

Transexuais brasileiros vão ao país asiático mudar de sexo

Por Da Redação
17 jan 2011, 12h46

Olhos distraídos que veem Ariadna no Big Brother Brasil 11 não imaginam que um dia ela já foi Tiago. As formas femininas da cabeleireira carioca de 26 anos foram adquiridas na Tailândia, um dos principais destinos quando se fala em transgenitalização, a cirurgia que transforma homens em mulheres, Tiagos em Ariadnas.

No país asiático, conhecido pelas praias de águas transparentes, há várias clínicas especializadas no procedimento – e de pouco rigor. Enquanto no Brasil o tempo mínimo entre o pedido e a operação para se transformar em um transexual é de dois anos, muitas vezes chegando a quatro, a Tailândia pede pouco a seus pacientes. Para estrangeiros, é necessário ser maior de idade, estar bem de saúde, tomar hormônios femininos há um ano e ter um laudo médico autorizando a operação.

Uma das clínicas mais conhecidas, a MtF (sigla em inglês para Male to Female), do médico Kamol Pansritum, promete às clientes a possibilidade de usar bíquini fio-dental sem que ninguém desconfie de seus cromossomos XY. Pansritum é conhecido pelos médicos brasileiros, que o reputam como sério e hábil, apesar de não seguir os rigorosos protocolos definidos pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil em 1997.

Na MtF, por 20.000 dólares, é possível não só conquistar a anatomia necessária ao uso do fio-dental como ainda eliminar o pomo de adão (só resta uma pequena cicatriz acima da traqueia), afinar o rosto e aumentar as mamas. Hoje, chega-se ao requinte de fazer cirurgia nas cordas vocais para perder o vozeirão. “São mulheres mesmo, ninguém diz que nasceram com um pênis”, afirma Alexandre Saadeh, psiquiatra do Núcleo de Medicina Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, o Pro-Sex. O que explica a confusão entre os participantes do Big Brother.

Grife – Operações realizadas separadamente completam a transformação: rinoplastia, correção das orelhas e implante de cabelo. “Quem vai para a Tailândia busca um bom resultado e menos burocracia”, diz Saadeh. “Kamol é muito bom. Ganhou destaque junto com outros cirurgiões tailandeses na década de 90. A cirurgia na Tailândia se tornou algo como uma grife entre os transexuais”, explica.

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Até a ascensão da Tailândia nesse cenário, os destinos mais comuns eram Equador, Marrocos e Inglaterra. “Era uma coisa meio açougue”, afirma Saadeh. “Conheci pessoas que chegaram muito mal, sangrando durante o voo de volta para o Brasil.”

A clientela brasileira fez com que o site da clínica instituísse uma versão em português, na qual todos os procedimentos são explicados.

Demanda – Até 1997 as cirurgias de mudança de sexo não eram regulamentadas no Brasil. Carlos Cury, professor de urologia da Faculdade Médica de São José do Rio Preto, fez a primeira cirurgia seguindo as normas do Conselho Federal de Medicina. Desde então, já participou de 96 operações. “No começo havia um preconceito muito grande. Hoje, muitas vezes, a família inteira vem acompanhar o transexual”, afirma.

Em 2008 caiu outra barreira que dificultava o acesso dos brasileiros à cirurgia. Desde então, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer a cirurgia de mudança de sexo gratuitamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre. O número de cirurgias disparou. O Hospital de Clínicas de São Paulo passou de duas cirurgias por ano para duas por mês. Em São José do Rio Preto, a clínica de Cury, particular (cobra 10.000 dólares pela transgenitalização), já atende uma paciente por mês. “Havia e ainda há uma demanda muito grande”, diz Carmita Abdo, coordenadora do Pro-Sex.

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