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MP investiga superfaturamento na Santa Casa

Auditoria afirma que dívidas teriam sido maquiadas em R$ 400 milhões

Por Da Redação
11 dez 2014, 09h47

A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo superfaturou contratos, segundo denúncia apresentada nesta quarta-feira ao Ministério Público Estadual (MPE), e “maquiou” sua dívida em R$ 400 milhões, de acordo com auditoria externa encomendada pela Secretaria Estadual da Saúde. O parecer da análise será apresentado nesta quinta-feira à direção da instituição filantrópica.

De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, o valor real do déficit do complexo hospitalar chega a R$ 800 milhões, conforme a investigação dos técnicos da BDO RCS Auditores Independentes. Até agora, a Santa Casa afirmava que o saldo negativo das contas era de R$ 400 milhões. Procurada ontem à noite, a assessoria da Santa Casa informou que a entidade “não foi comunicada nem tem conhecimento” das informações da reportagem e, portanto, não poderia comentar.

Em meio a uma grave crise financeira, a entidade já atrasou o pagamento de salários e benefícios aos empregados nas últimas semanas. A Santa Casa tem 11 mil funcionários entre redes própria e terceirizada. O jornal apurou também que foram detectadas distorções nas contas das unidades públicas administradas pela instituição. Hoje, a entidade administra quatro hospitais próprios e 27 unidades de saúde das prefeituras de São Paulo e Guarulhos.

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Superfaturamento Além de apresentar inconsistências nas contas, a entidade ainda será investigada pelo MPE por comprar medicamentos e realizar obras com sobrepreço. O superfaturamento foi revelado ontem por um ex-funcionário do alto escalão da Santa Casa, em depoimento à Promotoria da Saúde Pública, que abriu inquérito para apurar possíveis falhas na gestão. “A testemunha diz que todos os remédios eram superfaturados, comprados por preços muito superiores aos praticados no mercado. Ela cita o exemplo da dipirona, que, na farmácia, sai por R$ 1,80, mas que chegou a ser comprada por R$ 20 pela Santa Casa”, disse o promotor Arthur Pinto Filho, responsável pelo inquérito civil.

O ex-funcionário contou à promotoria que a direção da Santa Casa não tem controle sobre a compra de materiais, uma vez que todo o setor de almoxarifado foi terceirizado e é controlado pela empresa Logimed, principal fornecedora de insumos. A reportagem não conseguiu contato com representantes da empresa ontem à noite.

“Todo o almoxarifado é formado por funcionários da Logimed. Eles compram o que querem, pelo preço que querem e na qualidade que eles querem. É uma loucura isso”, afirmou o promotor. “Somente um diretor trata diretamente com a empresa. Os demais membros da direção da Santa Casa são proibidos pela Logimed de verificar o que tem dentro do almoxarifado”, disse Pinto Filho.

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No depoimento, a testemunha relatou também que o valor pago à empresa pelos serviços de almoxarifado é muito superior ao que seria gasto pela Santa Casa se ela administrasse de forma direta o departamento. “A Logimed custa por mês para a Santa Casa cerca de R$ 1,4 milhão. O ex-funcionário chegou a fazer um estudo quando trabalhava lá que mostrou que, se o almoxarifado fosse tocado por gente própria da Santa Casa, o custo seria de R$ 400 mil”.

Obras O ex-funcionário apontou irregularidades nos contratos firmados pelo setor de obras. “Certa vez, foi feita uma obra para trocar o forro de determinada ala da Santa Casa e a empresa cobrou R$ 20 por metro quadrado. A testemunha ficou tão indignada que foi até lojas da região do Brás e viu que o mesmo serviço era oferecido por R$ 7”, disse o promotor.

O funcionário relatou que alertou diversos diretores sobre as irregularidades, mas que nenhuma providência foi tomada. “Ele diz que sempre levava isso aos responsáveis, mas que ninguém se interessou muito em apurar.” Pinto Filho espera os resultados da auditoria independente e de outra do Ministério da Saúde para entrar com uma ação civil pública.

(Com Estadão Conteúdo)

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