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Médico brasileiro mede o cérebro para detectar avanço da esclerose múltipla

Neurologista usa régua do computador para identificar redução milimétrica a partir de imagens de ressonância magnética. Estudo alerta para a evolução da doença mesmo em casos que clinicamente são considerados estabilizados

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h31 - Publicado em 15 jun 2013, 10h16

Ainda incurável e de causas não identificadas, a esclerose múltipla desafia a medicina. A partir de um estudo relativamente simples, um pesquisador do Rio de Janeiro faz um alerta: mesmo os pacientes com a doença estabilizada podem ter atrofia no cérebro. A atrofia pode ter consequências graves e, em casos extremos, levar à impossibilidade de andar ou à demência. O médico Fernando Figueira, chefe do departamento de neurologia do Hospital São Francisco e membro da American Society of Neuroimaging, constatou, através de estudo com um grupo de 191 pacientes, que mesmo em casos em que a doença não traz alterações perceptíveis, podem estar em curso alterações no cérebro – o que representa, por ano, a ausência de alguns milhões de neurônios. Figueira desenvolveu um método relativamente simples para detectar a diminuição no tamanho do cérebro. Agora, sugere que a nova metodologia seja incorporada ao tratamento dos portadores da doença: uma medição simples, com uma régua disponível, por exemplo, no software de edição de textos Word, da variação milimétrica que indica o processo de atrofia do cérebro.

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O trabalho foi apresentado na última quinta-feira no XIV Congresso Brasileiro de Esclerose Múltipla, em Foz do Iguaçu. Em percentual, uma pessoa chega a perder por ano 1,3% do corpo caloso (que, quando danificado, diminui o processamento das informações). Os 191 pacientes estudados foram diagnosticados há 10 anos com esclerose múltipla. Desse total, 89 não apresentaram piora na capacidade de compreensão, não tiveram novas lesões no cérebro nem crises – que ocorrem quando é danificada a mielina, substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico, causando escleroses. E destes 89, 43 pacientes considerados estáveis tiveram redução intensa do cérebro, na comparação com o grupo controle. “Os exames não são eloquentes em relação à atrofia do cérebro”, pondera Figueira, explicando o porquê de se debruçar sobre uma nova forma de fazer a medição.

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A percepção de que a doença se manifestava mesmo em pacientes sem crises, como as que deixam a visão dupla, foi uma observação dos médicos no final dos anos 90. Em 1994, chegaram os remédios para tratar das lesões agudas provocadas pela esclerose múltipla. Com o tempo, os pacientes deixaram de apresentar problemas graves, mas ainda se queixavam de lentidão para entender comandos e de baixo rendimento no trabalho. “Começamos a trabalhar essa doença invisível até então”, explica Figueira.

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“Elaboramos uma metodologia simples para que o neurologista sem acesso a uma tecnologia avançada pudesse fazer uma medida confiável para avaliar a perda celular. E propusemos que a medição fosse feita através da ressonância magnética, que pode ser realizada em qualquer centro de imagem”, diz Figueira.

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A atrofia cerebral dos pacientes é detectável no começo da doença, com dois ou três anos de esclerose múltipla. “O avanço é rápido no início. E, normalmente, aparece em pessoas ainda consideradas jovens e em plena atividade”, explica o neurologista. Com os resultados dos estudos, Fernando afirma: “Temos que mudar a estratégia de olhar para o doente e perceber melhor qual é o paciente que está piorando. É preciso que estes sejam tratados de forma mais agressiva. Temos que desenvolver novos remédios para controlar essa atrofia do cérebro. Estamos tratando de pneumonia com remédio para febre”, compara.

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