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Remédio para doença renal pode bloquear o desenvolvimento da aids

Em estudo com macacos, medicamento impediu trânsito de bactérias intestinais para o resto do corpo e reduziu complicações à saúde causadas pelo vírus HIV

Por Da Redação
17 Maio 2014, 14h05

Um estudo com macacos revelou que os problemas de saúde ocasionados pelo vírus HIV podem ser amenizados com o uso de uma droga utilizada para o tratamento de diálise renal. A comprovação foi feita por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e publicada nesta sexta-feira no periódico Journal of Clinical Investigation.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Unraveling the relationship between microbial translocation and systemic immune activation in HIV infection​

Onde foi divulgada: periódico Journal of Clinical Investigation.

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Quem fez: Liang Shan e Robert F. Siliciano.

Instituição: Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Resultado: Macacos com SIV, forma primitiva de HIV, foram medicados com Sevelamer. O tratamento impediu que as bactérias do intestino invadissem o sangue e levassem à progressão da infecção do HIV para a aids.

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A pesquisa, assim, sustenta a teoria de que terapias complementares às drogas antirretrovirais podem diminuir a progressão do HIV no organismo. O medicamento utilizado para a pesquisa foi o Sevelamer, que se mostrou eficaz no bloqueio da proliferação de bactérias provenientes do intestino e acabou por reduzir complicações de saúde.

Deficiência do sistema imunológico e inflamações são os principais determinantes da progressão da infecção do HIV para a aids. O que se acreditava, e que foi comprovado, é que uma das causas dessa progressão seria o trânsito de bactérias do intestino para o resto do corpo – facilitado pela mucosa intestinal danificada pelo HIV.

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Os pesquisadores utilizaram para o estudo macacos previamente infectados com SIV, a forma primata do HIV. Parte dos animais foi medicada com Sevelamer via oral, indicado para tratar níveis elevados de fosfato no sangue de pacientes com doença renal crônica. A outra parte não utilizou a medicação. Nos macacos tratados com o remédio, o nível de uma proteína que indica translocação microbiana se manteve baixo. Já naqueles do grupo de controle, esses níveis aumentavam quase quatro vezes por semana após a infecção por SIV.

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Segundo os pesquisadores, as bactérias se ligam ao Sevelamer, o que dificulta sua fuga para o resto do corpo e previne problemas mais sérios, como doenças cardiovasculares, enfraquecimento ainda maior do sistema imunológico e o desenvolvimento da aids.

Ivona Pandrea, coautora do estudo, ressalta que esse tratamento pode não surtir efeito depois que a infecção atinge maiores proporções, quando o intestino está demasiadamente danificado. “Nosso estudo aponta para a importância do rápido tratamento em pessoas infectadas com o vírus”, diz.

Opinião do especialista

Dr. Esper Kallás

Infectologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, professor associado da disciplina de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“A pesquisa é promissora, principalmente porque o papel das bactérias do intestino no desenvolvimento da aids tem sido muito discutido no meio científico. O vírus HIV ataca as células de defesa do intestino, responsáveis pela resposta imunológica. Quando essas células morrem, as bactérias presentes no órgão passam com facilidade para o sangue, o que lentamente causa um processo inflamatório no organismo e causa a aids e outras complicações.

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As bactérias do intestino são ricas em fosfato, e o medicamento utilizado se liga a essa substância, de modo que ela não passa para o sangue. Esse mecanismo, porém, só funciona na fase aguda – em média uma semana depois da contaminação pelo vírus, quando o intestino ainda está saudável – ou um pouco antes da contaminação.

Nesse momento, seria um passo muito grande considerar esse tratamento como certeiro. São necessárias outras pesquisas para comprovar sua eficiência.”

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