Médica de Curitiba é investigada por homicídio qualificado
Virginia Soares de Souza, chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, teve prisão temporária decretada por suspeita de participar da morte de pacientes
A chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Virginia Soares de Souza, está sendo investigada por homicídio qualificado, afirmou nesta quarta-feira Marcus Vinicius da Costa Michelotto, delegado-geral da Polícia Civil do Paraná. Virgínia foi presa nesta terça-feira por suspeita de participar da morte de pacientes internados na UTI.
As investigações correm sob sigilo, e a polícia não revelou nem o número de mortes, nem sua motivação. A primeira suspeita, conforme fonte ligada à polícia ouvida pelo jornal O Estado de S.Paulo, é de eutanásia – indução da morte de pacientes terminais, com seu consentimento, procedimento proibido no Brasil. Michelotto, que concedeu uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, não confirmou a hipótese, mas também não a afastou.
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HOMICÍDIO QUALIFICADO
Segundo o Código Penal Brasileiro, homicídio qualificado é cometido “mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe; por motivo fútil; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime”.
“A eutanásia é um termo clínico, não é um crime descrito no Código Penal. É preciso averiguar todas as causas que levaram os pacientes na UTI do hospital à morte. Há indícios de que nem todos esses pacientes estavam em estado terminal”, disse Michelotto em entrevista ao site de VEJA.
Segundo Michelotto, a investigação, por ora, não se resume especificamente à prática de eutanásia. Caso a prática seja constatada durante as investigações, a polícia poderá dar início a novos procedimentos, conforme a delegada-titular do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola, que também participou da coletiva.
Elias Mattar Assad, advogado de defesa da médica, afirmou que Virginia é contra a eutanásia e o aborto. “Ela nunca fez nada ilegal, é uma pessoa completamente conservadora, não alguém de cabeça emancipada”, disse em entrevista ao site de VEJA.
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Investigações – De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, a investigação sobre o caso começou há aproximadamente um ano, quando o atual secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, era Corregedor e Ouvidor Geral do estado.
Hospital – Em nota divulgada nesta quarta-feira, o Hospital Universitário Evangélico de Curitiba informou que a unidade continua com o seu atendimento normal e que mantém todas as suas quatro UTIs, que totalizam 50 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), em funcionamento. “O problema levantado é pontual em uma das UTIs, onde a direção já atuou no sentido de promover mudanças na equipe de profissionais, visando facilitar as investigações e atender solicitação da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba”, informou o hospital.