Chave da longevidade está nos genes – não no estilo de vida
Os centenários costumam fumar, beber e engordar como o resto da população
O segredo da longevidade não está em levar uma vida regrada, longe de vícios, com dieta saudável e prática regular de exercícios. Pelo menos é o que indica um estudo americano publicado no periódico especializado Journal of the American Geriatrics Society. De acordo com a pesquisa, realizada pela Escola de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, nos Estados Unidos, os genes são um fator mais importante para a longevidade do que o estilo de vida.
Os pesquisadores analisaram 477 judeus asquenazitas que viviam de maneira independente e tinham 95 anos ou mais – dos quais, 75% eram mulheres. Os asquenazitas são descendentes dos judeus da Europa Oriental e, por virem de um pequeno grupo fundador, são geneticamente mais uniformes do que as demais populações. Assim, a detecção das diferenças nos genes entre eles é mais fácil.
Pesquisa – No questionário preparado pelos cientistas havia perguntas sobre o estilo de vida aos 70 anos, peso e altura (para cálculo de índice de massa corporal), consumo alcoólico, tabagismo, prática de atividades físicas e se a dieta ingerida era de baixo índice calórico, com pouca gordura e pouco sal. Para comparar esses indivíduos centenários com a população em geral, os pesquisadores usaram dados de 3.164 pessoas nascidas mais ou menos no mesmo período. Todas haviam sido examinadas entre 1971 e 1975, enquanto participavam de uma pesquisa de saúde nacional.
No geral, as pessoas com longevidade excepcional não tinham hábitos mais saudáveis do que o grupo de comparação em termos de IMC, tabagismo, atividades físicas ou dieta. Por exemplo, 27% das mulheres mais velhas e uma porcentagem igual das mulheres da população em geral tentaram optar por uma dieta com baixa ingestão calórica. Entre os homens com vida longa, 24% consumiam álcool todos os dias, frente a 22% da população em geral. E apenas 43% dos homens centenários relataram fazer exercícios físicos de intensidade moderada regularmente, comparados a 57% dos homens no grupo de comparação.
A pesquisadescobriu, ainda, que os centenários acima do peso tendem a ter índices mais baixos de obesidade do que o grupo controle. Isso significa que apesar do grupo ter praticamente a mesma probabilidade de estar acima do peso que a população em geral, eles são significativamente menos propensos a se tornarem obesos. Apenas 4,5% dos homens centenários eram obesos, frente a 12,1% do controle; entre as mulheres, 9,6% das centenárias e 16,2% das mulheres do grupo de controle eram obesas.
“Esse estudo sugere que centenários podem possuir genes da longevidade adicionais que ajudam a evitar os efeitos nocivos de um estilo de vida nada saudável”, diz Nir Barzilai, coautor do estudo. Mas, apesar desses genes da longevidade protegerem os centenários, escolhas de estilo de vida ruins permanecem críticas para a grande maioria da população. O censo americano, por exemplo, estima que cerca de 425.000 pessoas estavam com 95 anos ou mais em 2010 – uma fração de apenas 0,01% dos 40 milhões de americanos com 65 anos ou mais.
“Embora esse estudo demonstre que os centenários podem ser obesos, fumar e evitar exercícios, esses hábitos de vida não são boas escolhas para a maioria das pessoas que não têm um histórico familiar de longevidade”, diz Barzilai.
Autoavaliação – Durante o estudo, os voluntários tiveram de responder perguntas sobre quais eram os motivos que eles acreditavam ajudar a prolongar suas vidas. A maioria não atribuiu a idade avançada aos fatores de estilo de vida. Um terço mencionou o histórico familiar de longevidade, enquanto 20% acreditavam que a atividade física teve um papel importante. Outro fatores incluíam atitudes positivas (19%), uma vida ativa (12%), baixo consumo de álcool e cigarros (15%), sorte (8%) e religião ou espiritualidade (6%).