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Japoneses criam fígado para transplante a partir de células-tronco

Usando células humanas reprogramadas, pesquisadores conseguiram criar um órgão em estágio inicial de desenvolvimento que, ao ser transplantado em camundongo, passou a ser funcional

Por Da Redação
4 jul 2013, 10h18

Cientistas japoneses conseguiram desenvolver um fígado humano em fase precoce de desenvolvimento que, ao ser transplantado para um camundongo, transformou-se em órgão funcional. O grupo chegou a esse resultado usando células humanas reprogramadas para funcionarem como células-tronco – ou seja, capazes de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo e de darem origem a outros tecidos. Com o feito, a antiga promessa das pesquisas com células-tronco de criar novos órgãos para substituir aqueles que venham a falhar pode estar mais perto.

No estudo, os especialistas trabalharam com as chamadas células-tronco de pluripotência induzida (iPS). Criadas a partir de reprogramação de células adultas, são tão versáteis quanto células-tronco embrionárias, com a vantagem de não precisar destruir um embrião.

Diversos trabalhos já mostraram com sucesso a diferenciação das iPSs e de outras células-tronco em uma série células específicas do corpo, mas nenhum deles havia sido bem-sucedido em criar um órgão tridimensional e vascularizado. Foi exatamente isso o que conseguiu o novo trabalho, desenvolvido na Universidade da Cidade de Yokohama, Japão, e cujos resultados foram publicados nesta quinta-feira na revista Nature.

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Desenvolvimento da técnica – Na nova pesquisa, a equipe, em vez de tentar criar um fígado, buscou reproduzir o processo natural de organogênese, ou seja, do desenvolvimento do embrião. A partir de células iPS humanas, os pesquisadores, primeiramente, obtiveram células do fígado que, ao serem misturadas a células embrionárias de vasos sanguíneos, transformaram-se em um ‘broto hepático’. Em seres humanos, essa estrutura é formada logo no início da gestação, por volta da quinta ou sexta semana, e é ela que dá origem ao fígado. “Basicamente, nós mimetizamos esse estágio bem inicial de formação”, diz Takanori Takebe, coordenador do estudo.

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Esse broto foi então transplantado em camundongos. A vascularização deu certo e a estrutura amadureceu, transformando-se em tecido hepático com vasos sanguíneo capaz de exercer funções de um fígado humano, como a produção de proteína, o sistema biliar e o metabolismo de drogas. Os autores também observaram nos animais transplantados a presença de substâncias químicas que são metabolizadas pelo fígado humano, mas não por um camundongo.

Para o biólogo brasileiro Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e um dos poucos pesquisadores brasileiros que trabalham com iPS, o maior avanço da pesquisa foi ter conseguido provar que é possível criar órgãos funcionais – uma esperança para as filas de pacientes críticos que precisam de transplante. “A sacada deles foi se valer do que a natureza ensinou para mimetizar a organogênese. E a ideia de transplantar um broto, e não o órgão já pronto, também foi muito boa, porque favorece que a construção do fígado já seja mais adaptada ao organismo”, diz o pesquisador.

Em entrevista coletiva à imprensa, os pesquisadores disseram que já estão tentando aplicar essa técnica para a formação de pâncreas, e que ela poderia ser usada também com rim e pulmão. Eles estimam que pode ser possível iniciar testes clínicos em humanos em dez anos.

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(Com Estadão Conteúdo)

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