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Ginecologistas o obstetras suspendem atendimento a convênios. A moda pode pegar

Válida apenas nesta terça-feira, paralisação cobra reajuste do valor pago por consulta. Outras especialidades prometem seguir a tática

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h37 - Publicado em 30 nov 2010, 16h12

Cerca de 10.000 ginecologistas e obstetras podem ter interrompido o atendimento eletivo aos planos de saúde no estado de São Paulo, nesta terça-feira, segundo estimativas da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp) – os dados finais serão anunciados mais tarde. O objetivo dos médicos é forçar as operadoras a aumentar o valor pago pelas consultas de 25 para 100 reais. De acordo com a Sogesp, as mulheres em situação de urgência e emergência não seriam afetadas.

A paralisação e a reivindicação não são exclusivas da especialidade. “Outras vivem a mesma dificuldade”, diz Cesar Fernandes, presidente da Sogesp. Os médicos argumentam que, enquanto planos de saúde reajustaram suas tabelas em mais de 136% nos últimos onze anos, os especialistas receberam apenas 60% de repasse, sendo que a inflação acumulada foi de 105%. Dados da Associação Médica Brasileira, do Conselho Federal de Medicina e da Federação dos Médicos (Fenam) sustentam que, em 2009, os médicos recebiam em média 38,93 reais por consulta – menos do que os 40,39 pagos em 2008.

De acordo com José Cechin, diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as empresas, a discussão sobre a remuneração dos médicos está em andamento, conduzida pela a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “O fato é que o sistema de remuneração como um todo não é adequado”, diz Cechin.

Ele acrescenta que mexer no atual esquema de remuneração é uma tarefa complicada. “Há clientes, médicos, hospitais e operadoras envolvidos. Todos imaginam que sairão ganhando com a eventual mudança. Mas, para que alguém ganhe, o consumidor terá que pagar a conta”, diz. Atualmente, 26,3% da população brasileira destina parte de sua renda para os planos de saúde.

Mais paralisações – No fim de outubro, 70% dos anestesistas do estado suspenderam o atendimento por 24 horas “para mostrar aos gestores dos planos de saúde e do sistema público a insatisfação com os baixos salários”, disse nota da Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Pelo convênio, o anestesista recebe cerca de 100 reais por um parto – em um procedimento particular, o valor chega a 1.500 reais.

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Outro movimento está em curso. A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) inicia nesta quarta-feira uma rodada de 60 dias de negociações com as instituições de saúde suplementar. Segundo a entidade, os honorários médicos estão defasados em 156%. De acordo com Guilherme Pitta, presidente da SBACV, em média, angiologistas e cirurgiões vasculares recebem menos de 40 reais por consulta. “Serão dois meses de negociações. Em 10 de fevereiro, faremos uma reunião para avaliar os resultados. Se não atingirmos nossos objetivos, é possível que iniciemos uma paralisação”, afirma.

Entre ortopedistas e traumatologistas, a situação é similar. O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), Claudio Santili, afirma que as consultas para a especialidade giram entre 15 e 35 reais. Os médicos pleiteiam no mínimo 80 reais. “Daqui até o fim de janeiro, vamos tomar uma atitude em relação a isso”, diz Santili. Outra paralisação à vista.

A insatisfação também afeta os urologistas. “Vamos iniciar uma campanha nacional mostrando que, enquanto se paga 25 reais ao médico por uma cirurgia de fimose, o encanador ganha 70 reais”, diz Modesto Jacobino, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “Se as negociações com os planos de saúde não avançarem, deixaremos de atender a alguns convênios.” Dados encomendados pela SBU à Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram perdas de até 70% nos valores pagos por cirurgias da área, em comparação com as cifras de 1990.

A ameaça de descredenciamento dos urologistas foi posta em prática por pediatras de Brasília, em 2009. “Os dados mostram que os pediatras estão convencidos que o descredenciamento é o caminho. E temos recebido uma boa receptividade do usuário”, diz Milton Macedo, diretor de defesa profissional da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). No caso de descredenciamento, os médicos deixam de ser conveniados e atendem somente a consultas particulares. O paciente, por sua vez, tem de pagar a consulta integral e apresentar um recibo ao convênio, para ser parcialmente reembolsado.

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