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Cubanos defendem envio de parte do salário a Raúl Castro

Eles receberão entre 2.500 reais a 4.000 reais mensais. A diferença entre o salário e o teto de 10 000 reais será enviada pelo Brasil ao governo cubano

Por Da Redação 24 ago 2013, 22h06

Explorados pelo regime de Raúl Castro, 206 médicos cubanos desembarcaram neste sábado em Brasília e no Recife para atuar no Programa Mais Médicos, do governo federal. Com forte discurso ideológico, os profissionais defenderam as assimetrias da parceria entre Brasil e Cuba – até 75% dos salários pagos a eles podem ser remetidos diretamente à ilha dos Castro – e afirmaram que, apesar das críticas, esperam poder ajudar municípios mais carentes e sem qualquer assistência básica. Alguns médicos desembarcaram chorando e foram amparados por autoridades locais.

De acordo com o secretário-adjunto da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Fernando Menezes, os salários dos cubanos não serão de 10 000 reais, como os dos demais médicos que se inscreveram no programa do governo, e vão variar entre 2.500 reais a 4.000 reais mensais, conforme as condições dos municípios onde os profissionais serão alocados. A diferença entre o salário e o teto de 10 000 reais será enviada pelo Brasil ao governo cubano.

Em Brasília, uma aeronave da Companhia Cubana de Aviación aterrissou às 18h41 na capital com 176 profissionais a bordo. Neste domingo, outros 50 médicos chegarão a Salvador, 78 em Fortaleza e 66 no Recife.

Leia: Ministro da Saúde enfrenta os conselhos de medicina

Com pouca fluência em português, os médicos desembarcaram de jalecos e com bandeiras de papel do Brasil e Cuba nas mãos. “Amor e solidariedade não têm preço. Não viemos para competir, viemos para trabalhar juntos. Esperamos apoio de todo o povo”, disse o médico Alexander del Toro. Médicos com mais de 20 anos de profissão empunharam discurso político em favor do golpe comandado por Fidel Castro.

“Cuba é um país pobre, não tem muitos recursos humanos, mas tem muita formação do ponto de vista humano. O dinheiro para nós fica em segundo lugar. Vamos ter o suficiente para ficar no Brasil. O resto vai para Cuba, para hospitais, para as pessoas que estão precisando”, afirmou Rodolfo García, formado há 26 anos.

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“Vivemos com o coração muito grande para oferecer ao povo brasileiro. Não importa dinheiro ou outra coisa. Todos nós temos salário garantido em nossa pátria”, completou Ángel Lemes Dominguez. Morador de Villa Clara, onde estão os restos mortais daquele que ele classificou como “comandante Guevara”, o médico endossou o discurso político dos demais profissionais e afirmou que o confisco de parte de seu salário total pelo governo cubano “não é uma questão de preocupação”. “Tem colegas nossos em Cuba trabalhando o dobro para que a gente possa colaborar com outros povos. Concordo plenamente com qualquer coisa que possa aportar saúde”, disse.

“Cuba deu os cursos para vir para cá, nos selecionou e viemos para dar saúde e solidariedade para todos os brasileiros e ajudar a elevar a qualidade de saúde”, resumiu Crenia Rodríguez Gamoneda, de 32 anos. Formada há 10 anos, já trabalhou como médica também para o governo de Hugo Chávez, na Venezuela. Ex-médica na Bolívia, Yaiceo Perea, com especialização em Medicina Geral e Integral, disse que, mesmo com dificuldades no atendimento médico aos bolivianos, cumpre suas atividades como uma espécie de “missão de governo”. “Esperamos que o povo brasileiro nos respeite”, declarou, emocionada.

No aeroporto Juscelino Kubitscheck, em Brasília, um pequeno grupo de 25 pessoas, favorável à importação de médicos da ilha, reforçou o caráter político do programa do governo Dilma Rousseff, gritando palavras de ordem contra os Estados Unidos. Cartazes de boas vindas, com a estampa da estrela do PT, deram o tom da manifestação. Médicos brasileiros formados em território cubano, cujos diplomas ainda estão pendentes de validação, aproveitaram para tentar angariar apoio à parceria entre Brasil e Cuba. Estampas de Che Guevara, bandeiras petistas, da Venezuela e de Cuba e faixas com referências à União Nacional dos Estudantes (UNE), à União da Juventude Socialista (UJS) e à Central de Movimentos Populares foram colocadas diante do desembarque internacional do aeroporto.

Com uma braçadeira com a bandeira da Venezuela e um broche com símbolos cubanos, o médico brasileiro Wesley Caçador Soares, de 29 anos, defendeu a capacidade técnica dos profissionais importados da ilha socialista e disse que as críticas em relação à importação dos cubanos é resultado de um debate “dogmático” e “ideológico”. Formado em Cuba e com um tênis da Nike, coube a Soares o papel principal na organização de gritos de guerra contra os Estados Unidos e o Conselho Federal de Medicina: “Cuba, sim, yankees não. Viva (sic) Fidel e a revolução. Brasil, Cuba, América Central, a luta socialista é internacional”, dizia o grupo de estudantes e médicos que recepcionou os cubanos em Brasília.

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