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Estudo surpreendente revela que obesidade protege contra demência

Pesquisa foi feita com quase 2 milhões de pessoas; médicos e entidades de Alzheimer pedem cautela na análise dos dados

Por Da Redação
10 abr 2015, 14h10

A obesidade diminui significativamente o risco de demência, revelou a maior pesquisa já feita sobre o tema, na Grã-Bretanha. A conclusão do estudo, publicada no periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology, pegou neurologistas e entidades de Alzheimer de surpresa, pois contradiz a recomendação médica atual.

Cientistas da London School of Hygiene and Tropical Medicine analisaram os dados de quase 2 milhões de adultos acompanhados por duas décadas. O objetivo dos estudiosos era descobrir se a obesidade é um fator de risco para formas de demência, a exemplo do Alzheimer, como demonstraram pesquisas anteriores. Eles descobriram que não. Na verdade, quanto mais gorda a pessoa, mais protegida ela está do declínio mental.

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O estudo revelou que pessoas magras na meia-idade são as que correm mais risco de desenvolver demência. Aquelas com índice de massa corpórea (IMC) menor que 20 (18,5 é considerado abaixo do saudável) têm 34% mais probabilidade de sofrer demência na velhice do que aquelas com IMC de 20 a menos de 25. Na outra ponta, indivíduos com IMC acima de 40 (considerados obesos mórbidos) têm 29% menos risco de desenvolver demência do que os de peso normal.

“Sim, é uma surpresa”, disse o líder da pesquisa, Nawab Qizilbash, à rede britânica BBC. “A conclusão contradiz a maioria ou mesmo todos os estudos que já foram feitos [sobre o tema]. Mas a nossa pesquisa é maior e mais precisa do que todas as anteriores juntas.” Qizilbash não arrisca uma explicação para esse fenômeno e diz que as razões devem ser investigadas por trabalhos futuros.

Repercussão – Entidades médicas ao redor do mundo se manifestaram sobre o estudo. No site da Alzheimer’s Society, Doug Brown, diretor de pesquisa e desenvolvimento, afirma que “enquanto as evidências sobre peso corporal e demências não são claras, sabemos que pessoas podem fazer escolhas no estilo de vida para manter seus cérebros saudáveis, como exercitar-se, não fumar e ter uma alimentação balanceada”.

De acordo com Paulo Bertolucci, chefe do setor de neurologia do comportamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Academia Brasileira de Neurologia, os resultados não fazem sentido. Pesquisas anteriores demonstraram que o sobrepeso leva ao aumento da resistência à insulina, que por sua vez pode causar alterações metabólicas neuronais e depósito de placas de proteína beta-amiloide no cérebro, relacionado ao Alzheimer. “Esse estudo precisa ser replicado antes de concluirmos que a obesidade protege contra a demência”, afirma. “Por enquanto, o sobrepeso ainda será considerado fator de risco para o Alzheimer.”

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Ao jornal The Guardian, Simon Ridley, porta-voz da Alzheimer’s Research UK, também afirmou que vários outros estudos demonstraram associação entre a obesidade e o risco de demência, e que as descobertas revelam a complexidade dos fatores de risco para demência. “É importante notar que o IMC é uma medida bruta, não necessariamente um indicador de saúde. Também não está claro se outros fatores de risco podem ter afetado os resultados.”

Para o próprio líder do estudo, a mensagem não é de que estar acima do peso ideal na meia-idade é bom. “Ainda que [o sobrepeso e a obesidade] tenham um efeito protetor contra a demência, você pode não viver o suficiente para obter esse benefício, porque terá riscos elevados para outras condições”, afirmou Qizilbash ao The Guardian.

(Da redação)

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