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Estudo sobre insulina pode levar ao fim das injeções

Cientistas conseguiram desvendar a maneira como a molécula de insulina se liga ao receptor celular. Descoberta pode levar ao fim dos tratamentos diários

Por Da Redação
10 jan 2013, 16h59

Depois de décadas de especulações, uma equipe de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, conseguiu desvendar como a insulina interage com as células do corpo. A descoberta pode melhorar drasticamente a qualidade de vida de pacientes com diabetes – ao acabar com a necessidade de injeções diárias. Segundo o estudo, publicado nesta quinta-feira no periódico Nature, o mecanismo de interação da insulina com seu receptor celular funciona como uma espécie de “aperto de mãos molecular”.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: How insulin engages its primary binding site on the insulin receptor

Onde foi divulgada: revista Nature

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Quem fez: John G. Menting, Michael A. Weiss, Michael C. Lawrence e equipe

Instituição: Universidade Case Western Reserve, Universidade de Chicago, Universidade de York e Instituto de Química Orgânica e Bioquímica de Praga.

Resultado: Os pesquisadores descobriram que ao interagir com o receptor celular, a molécula de insulina e o próprio receptor sofrem alterações estruturais. Na interação, uma parte da molécula de insulina se dobra para fora, e peças importantes do receptor se movem para envolver o hormônio – agindo como um “aperto de mãos molecular”.

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A descoberta foi feita por uma associação entre a Case Western Reserve, em Cleveland, nos Estados Unidos, a Universidade de Chicago, a Universidade de York (Grã-Bretanha) e o Instituto de Química Orgânica e Bioquímica de Praga. “Agora, podemos utilizar esses conhecimentos para elaborar tratamentos mais eficazes com insulina”, diz Mike Lawrence, pesquisador do Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall, na Austrália. Essa melhoria poderia representar, dizem os pesquisadores, o fim das injeções diárias de insulina. Espera-se ainda que em países emergentes se comece a produzir uma insulina mais estável, que resista a temperaturas elevadas sem refrigeração.

Pesquisa – Para conseguir energia, as células do corpo absorvem o açúcar proveniente dos alimentos. A glicose, no entanto, não consegue penetrar na membrana celular sem a ajuda da insulina, um hormônio secretado pelo pâncreas. Para absorver o açúcar, a maioria das células tem receptores de insulina, que se ligam ao hormônio, captando-o da corrente sanguínea.

No estudo, os pesquisadores reproduziram a interação entre insulina e receptores testando modelos estruturais com uso de metódos genético-moleculares. Com o procedimento, foi possível visualizar imagens altamente detalhadas e tridimensionais da interação. “Tanto a insulina quanto o seu receptor passam por um rearranjo quando interagem”, diz Lawrence. Segundo o pesquisador, após ocorrer essa interação, uma parte da molécula de insulina se dobra para fora, e partes do receptor se movem na direção do hormônio, envolvendo-o. “Você poderia chamar isso de um ‘aperto de mão molecular'”, diz.

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Compreender os mecanismos de interação oferecem possibilidades para melhorar os tratamentos do diabetes – hoje feitos diariamente, com múltiplas injeções de insulina. A descoberta, de acordo com Weiss, pode oferecer alternativas às injeções, assim como reduzir o número de doses por dia.

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Diabetes – A destruição de células produtoras de insulina leva ao diabetes de tipo 1, enquanto problemas em seu funcionamento provocam a forma mais corrente da doença, o diabetes de tipo 2 (DT2). O diabetes DT2 afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Número que poderá ser duplicado nos próximos anos, devido à epidemia de obesidade e à vida sedentária acompanhada de alimentação rica em gordura e açúcar.

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Alguns fatores genéticos também favorecem o aparecimento da doença. “Nós ainda não temos um tratamento para o diabetes, mas descobertas como a da fixação da insulina nos dão esperança de estarmos mais próximos”, diz Nicola Stokes, do Conselho Australiano de Diabetes. A doença é silenciosa: quando aparecem os sinais (sede, necessidade frequente de urinar, taxa de açúcar no sangue muito elevada), a doença já evolui há muitos anos. Durante esse período, a deterioração dos órgãos já começou.

O diabetes, muitas vezes associado à hipertensão e a taxas de colesterol altas, expõe a um risco maior de infarto cardíaco e de acidentes vasculares encefálicos. A doença pode também obrigar o paciente a fazer hemodiálise, e levar a amputações e à cegueira.

(Com agência France-Presse)

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