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Estudo australiano revela proteína que inibe vírus da aids

Terapia evita que o vírus HIV se reproduza, mas não o mata. Caso a pesquisa tenha êxito, pacientes ainda terão o vírus, mas ele não desencadeará a doença

Por Da Redação
16 jan 2013, 23h26

“Se este estudo se mantiver firme em seu caminho, tendo em mente de que há muitos obstáculos a superar, estamos olhando para a cura da Aids” – David Harrich, do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, Austrália

Todas as pesquisas atuais que buscam a cura da aids tentam eliminar totalmente o vírus do organismo das pessoas infectadas. Nesta quarta-feira, o cientista australiano David Harrich, do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, na Austrália, anunciou um potencial medicamento que vai na contramão desses estudos: ele mantém o vírus latente, mas sem capacidade de se reproduzir.

Harrich conseguiu modificar uma proteína que o vírus HIV usa para se replicar para que ela produza justamente o efeito contrário, inibindo o crescimento do vírus. A proteína modificada, que ele batizou de Nullbasic, demonstrou ter uma habilidade “notável” para conter o crescimento do HIV em laboratório e pode ter implicações animadoras tanto em conter a aids quanto em tratar os infectados com HIV.

“Eu nunca vi nada igual. A proteína modificada funciona sempre”, comemorou. “Se este estudo se mantiver firme em seu caminho, tendo em mente de que há muitos obstáculos a superar, estamos olhando para a cura da Aids”, afirmou. O estudo foi publicado na última edição do periódico Human Gene Therapy.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A mutant Tat protein provides strong protection from HIV-1 infection in human CD4+ T cells

Onde foi divulgada: revista Human Gene Therapy

Quem fez: Apolloni A, Sivakumaran H, Lin MH, Li D, Kershaw MH, Harrich D.

Instituição: Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, Austrália

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Resultado: A pesquisa conseguiu modificar uma proteína que o vírus HIV usa para se replicar para que ela produza justamente o efeito contrário, inibindo o crescimento do vírus.

Mas quando se fala de uma potencial cura, é preciso deixar claro que não se trata da cura esterilizante, que significa a eliminação total do vírus do organismo.

“O vírus poderia infectar uma célula, mas não se disseminaria”, disse Harrich. “O indivíduo ainda estaria infectado com HIV – não se trata de uma cura para o vírus -, mas o vírus permaneceria latente, não despertaria, portanto o paciente não desenvolveria a aids”, acrescentou. “Com um tratamento como este, seria possível manter saudável o sistema imunológico”, emendou.

Uma pessoa com HIV desenvolve a aids quando sua contagem de células de defesa CD4 cai abaixo de 200 por microlitro de sangue ou desenvolve algumas das chamadas doenças definidoras da aids, quaisquer uma das 22 infecções oportunistas ou cânceres vinculados ao HIV.

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Sem tratamento, a maioria das pessoas infectadas pode não desenvolver a aids por 10 a 15 anos ou até mais, segundo a ONU. Mas o uso de medicamentos antirretrovirais pode prolongar sua vida ainda mais.

Se for comprovada, a terapia genética Nullbasic pode causar uma interrupção indefinida da escalada do HIV para Aids, pondo um fim à letalidade da doença.

Além disso, segundo Harrich, o potencial de uma única proteína ser tão eficaz para combater a doença representaria o fim de onerosas terapias com múltiplos medicamentos, o que significaria uma qualidade de vida melhor e custos menores para as pessoas e os governos.

Testes da proteína em animais estão previstos para começar este ano, mas ainda deve levar alguns anos para que se desenvolva um tratamento a partir dela.

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Segundo os números mais recentes das Nações Unidas, o número de pessoas infectadas com HIV em todo o mundo subiu de 33,5 milhões em 2010 para 34 milhões em 2011.

A grande maioria dos infectados, 23,5 milhões de pessoas, vive na África subsaariana e outros 4,2 milhões no Sul e Sudeste asiáticos.

Opinião do especialista

Ricardo Shobbie DiazInfectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

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“A pesquisa modificou uma proteína do próprio HIV – a proteína Tat – que é importante para o ciclo de replicação do vírus. Com isso, ele inibiu três etapas do ciclo de replicação, sendo que os antirretrovirais agem apenas em uma etapa. É como se ele tivesse criado um remédio três em um.

Ele soa como muito promissor justamente por atuar em mais de uma etapa do ciclo de replicação do vírus, o que tornaria bem mais difícil para o vírus criar resistência a ele. Mas resistência sempre vai existir. Não seria surpresa se o vírus começasse a produzir uma proteína Tat mais eficiente que a modificada geneticamente.”

(Com Agência France Presse)

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